O que há dentro do dragão

Capítulo 67 - Meu cruzeiro do sul

Não consegui pregar o olho, mesmo depois de fazer amor até o dia amanhecer, ainda assim, não conseguia dormir. Tinha medo de acordar e descobrir que tudo não passou de um sonho. Além disso, uma coisa me preocupava: Julia. Camila ne deu a madrugada mais perfeita, tinha medo de acordar daquele sonho, tinha medo de dormir a acordar sem o seu cheiro nos meus lençóis, no corpo, sem o seu toque, sem aquele sorriso lindo, ou aqueles olhos.

E se tudo fosse verdade? Minha irmã sendo vítima das armações de Fernanda!

Eu me sentia culpada, pois havia colocado minha irmã em uma situação delicada, parte de mim rezava para tudo ser montagem.

Olhar a Camila dormindo era meu calmante, conseguia reviver cada momento daquela noite, bastava fechar os olhos e tudo vinha com força. A imagem dela fazendo amor comigo, suas voz falando tudo que eu queria ouvir. No meu corpo estavam as marcas da noite de amor. Sentia uma felicidade plena, como há muito tempo não sentia, não tinha como negar que pertencia a ela, de corpo, alma e coração. Pertencia não por imposição ou capricho, pertencia plenamente e divinamente, como uma conexão tão forte que nem mesmo a morde pode separar, um encontro de almas, de desejos, de sentimentos, um sentido para mim, um norte, meu cruzeiro do sul, apontando onde fica a minha casa.

A cada 5 minutos, olhava minha mão para confirmar se não era sonho; estava mesmo noiva e a aliança comprovava isso.

Relutava em tomar banho, pois o cheiro dela estava em mim, meu corpo pedia descanso, mas minha cabeça relutava em dormir.

Já lhe aconteceu algo tão bom que você teve medo de ser apenas um sonho?

Era exatamente assim que me sentia. Quando enfim decidi me levantar, ela sentiu minha falta na cama e resmungou:

--Juliane, volte já pra esta cama.

--Já vou amor. -Respondi tal qual alguém que é pego em flagrante.

Deitei ao seu lado novamente, e ela agarrou meu corpo, me cobrindo, fazendo uma conchinha. Ela ainda acariciou minha barriga, me arrepiando inteira. Parecia até que ela sentia que não havia dormido nada. Continuou as carícias até que dormi como uma criança depois de dar trabalho. Embalada pelo toque da mulher que eu amava, vítima do mais sublimes dos sentimentos, o amor, escrava do coração, presa por um querer que me acompanhava ano após ano, mudando constantemente minhas definições de amor.

Não sei por quanto tempo dormi, mas ao acordar senti aquela sensação de que alguém me olhava. Olhei para cadeira e lá estava ela sentada, me encarando com aqueles olhos de fogo. Sorri, mas ela permaneceu com aquele olhar arrebatador.

--Faz tempo que acordou? Perguntei.

--Um pouco, mas não resisti e fiquei aqui velando teu sono. A luz quando toca "seu dragão", dá a impressão de que ele vai se mover e sair voando. Queria te fotografar, exatamente assim, posso?