Capítulo 37 Try

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Dezembro começou alegre e eu não via a hora de ficar de férias, estava precisando descansar, todo tempo livre ocupava com estudo e atividades extracurriculares, sobrava pouco tempo para descansa e isso estava fazendo falta.


Estávamos ainda na primeira semana do mês, mas a maioria daqueles metidos estavam desesperados com o final do semestre, menos eu, Dani e Ana que estávamos muito bem, as festas já tinham começado e Dani estava insistindo para irmos numa festa do curso de Letras, ela insistiu tanto que acabamos indo, era uma sexta feira e o bar estava lotado.
--Só você Dani para me fazer vim para uma festa lotada dessa, tem nem mais mesa para sentar. -Falei reclamando.


--A Ana deixa de ser patricinha e agora passou para você? Deixa de besteira, vamos pegar uma cerveja.


Compramos cerveja e ficamos num canto próximo ao palco improvisado, Ana me chamou para dançar e a Dani deu um perdido na gente, como era de se esperar, rara era a vez que Dani não nos dava perdido. Depois de dançar 4 músicas sem parar fui par o bar pegar duas cervejas, enquanto estava no bar foi a vez da Ana me da um perdido, voltei para a pista e não a vi, depois de vasculhar o local encontro as duas muito bem acompanhadas e resolvo sair de cena.


Eu merecia levar dois perdidos no mesmo dia, voltei para o bar e uma voz masculina conhecida me chamou para dançar, era  o monitor do laboratório de histologia, lembrava bem dele pela cor dos seus olhos era o mesmo tom de castanho dos olhos da Camila.


--Não, obrigada. -Respondi educada.


--Deixa de besteira mulher, dança comigo vai, estou com uns amigos ali e queria mostrar que posso dançar com uma gata. -Ele era discreto, mas pela maneira de falar percebi que ele era gay e fiquei mais receptiva.


--Vamos, mas antes quero saber seu nome.


--Meu jaleco tem meu nome, você nunca viu?


--Eu não fico reparando nos nomes, desculpa.


--Eu reparei o seu, Juliane. Amei a cor desse cabelo. Meu nome é André. -Ele falou sorrindo.


--Prazer André.


Fomos dançar e depois de algumas músicas voltei para o bar e ele conseguiu passar a imagem de galã hétero. Era bem melhor se assumir e sair desse jogo de mentira, mas não é tão fácil, ainda mais para um aluno de medicina que geralmente é filho de médicos e todos se conhecem, as familias prezam por um padrão, infelizmente ser gay ainda leva uma marca muito forte e André ainda não estava pronto para conviver com aquilo.


Eu estava sozinha e a presença da minha amiga cerveja já não era suficiente, mandei mensagem para o celular das meninas e fui embora, descansei meu sono de beleza e quando acordei dei de cara com a Ana deitada ao meu lado na cama, ela agora fazia isso, volta e meia acordava com ela na minha cama, quando não era isso, era desfilando com a camisa do Nirvana só de calcinha, era assim que ela dormia, isso não me afetava, via a Ana como amiga e agora também como irmã, ela é linda não posso negar, porém estou na fase de esquecer a Camila, sem muito êxito, porque a presença dela me abala totalmente, pelo menos estou conseguindo disfarça, não conseguiria gostar de outra nem se eu quisesse, Camila ainda estava muito presente em mim.


Tomei banho e fui para a academia, deixei a Ana dormindo lá na minha cama.


Na academia trabalhava duro a minha série, tinha que canalizar energias negativas para algo, e a academia e o MMA eram minhas atividades preferidas.


Eu me perguntava se estava fazendo certo em tirar meu time de campo, aceitando a derrota e o "amor" que a Camila dizia sentir pela Fernanda, não conseguia respostas conclusivas, um lado queria entrar numa guerra com aquela japa e roubar de volta minha morena, outro lado era incerteza, mas e se ela não me amasse? Eu nunca seria para ela o que a Fernanda é, tenho um passado "sujo". Ela estava tão ferida e eu já tinha errado tanto que não poderia insistir numa segundo chance, deixei a caso do destino, ele quem decidirá se um dia terei a Camila de volta, por fim me acomodei e tratei de ignora-la, se não poderia mais te-la, não sofreria mais, nem alimentaria essa tensão sexual,  porém ninguém é sincero, ninguém te diz como é difícil esquecer alguém que ama, ninguém explica que a emoção te acompanha e toda vez que tu encontrar a pessoa teu coração vai disparar, que o cheiro dela vai te lembrar tudo que vocês viveram, ninguém fala como machuca ignorar os sentimentos, não te dizem que você chega a desejar nunca ter amado, porque a dor de não ter é menor que a dor de perder, não estamos preparados para perder, não somos evoluídos, desejamos felicidade da boca para fora, mas por dentro queremos que o amor dela seja so nosso. Deus sabe que eu queria sua felicidade, mas Deus também sabe que eu a faria feliz, daria cada gota do meu sangue para lhe dar o que ela quisesse, a recompensaria por todos aqueles anos, pela distância, faria ela esquecer todo o tempo que ficamos sem nos ver, ainda que as estatísticas estivessem contra mim, eu seria sua melhor opção, era a mim que ela deveria ter escolhido.

O que há dentro do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora