Em Janeiro, como estava de férias comecei a trabalhar também na terça feira, junto com a Nicole que ainda insistia em apresentar seus amigos, mas eu sempre dava uma desculpa e não saia com ela. Não estava na vibe de conhecer ninguém, preferia preencher meu tempo com estudo.
Jamersson trabalhava de segunda a sexta meio expediente, estava adorando o trabalho, era dia 10 de Janeiro quando saiu o resultado da Universidade estadual, e ele havia passado, e no dia 15 saiu o da federal e ele também passou, meu irmão seria administrador. Foi a maior festa lá em casa, com direito a presença da Camila, infelizmente perdi a festa porque foi numa terça feira e estava no plantão, recebi uma mensagem desaforada da Camila e fiquei triste por ela não acreditar que estava trabalhando, cheguei a desejar que ela tivesse um piripaque para ver com seus próprios olhos.'Poxa Juliane, até na festa do Jaminho, que vergonha, espero que esteja ganhando bem o suficiente e que realmente valha a pena perde momentos como estes.'
Não respondi,fiquei cabisbaixa, amargurando minhas escolhas e a sensação de que estava perdendo a Camila. Ela não acreditava em mim. Talvez ela nunca mais voltasse a acreditar e isso era desesperador, meu mundo so tinha sentido por causa dela, estava aguentando tanta coisa para conseguir sair disso e era difícil não te-la. As vezes tudo que fazia era me apegar as lembranças, elas eram minhas companheiras de todas horas, as vezes me perdia em pensamentos e qualquer pessoa sabia onde me encontrar, sempre estava com ela, nem que fosse nas lembranças, ou no desejo, era nela que pensava e era por ela que meu coração batia, foi ela que ele escolheu.
Já se passavam das 16:00 quando Camila, mainha e Jamersson adentraram o hospital com meu pai, pedi tanto perdão a Deus, desejei que a Camila tivesse um piripaque e painho foi o escolhido. Fiz minhas orações em silêncio e pedi perdão por ter pensado tal coisa.
Corri rapidamente de encontro a eles, Nicole e a equipe veio logo atrás, levaram painho para fazer exames, fiquei para saber o que tinha acontecido.
--Ju ele passou mal, acho que foi a emoção, aí trouxemos logo. -Jamersson falou, Camila estava de cabeça baixa, mas não me pediu desculpa, apesar do momento ser delicado a alfinetei.
--Tá vendo que estou dando plantão, e não dando outras coisas. -Falei só para ela, sai e fui atrás da equipe, senti seus olhos me acompanharem, mas estava tão triste por ela duvidar que não dei espaço para flerte, estava preocupada demais com meu pai. Tinha magoa, porém acima de tudo tinha amor, e esse como o sentimento mais nobre do mundo acaba achando brechas, e foi la em meios as preocupações que nossos olhos insistiam em se cruzarem, isso me desconcertava, como se eu não fosse capaz de resistir, aquilo me fazia querer fugir, era incapaz de enfrentar aquilo sem cair na tentação de lhe oferecer o que ela queria, esquecendo meus planos.
Painho estava consciente e achava graça do cuidado da equipe e repetia: estou bem , foi só um mal estar. Cheguei e o repreendi.
--Seu Júlio fique quieto e ajude a doutora Nicole. -Nicole estava examinando, e eu falei.
--Cuide bem do meu pai viu doutora.-Ela sorriu e disse.
--Vocês se parecem, só muda a cor do cabelo. -Meu pai tinha os olhos verdes como os meus e o cabelo bem preto, percebi que meu pai não gostou da brincadeira entre nós, sabia que ele adorava a Camila, acho que não sabia que ninguém no mundo me interessava a não ser ela.
--Nem muda, eu pinto o cabelo. -Falei piscando para ela e meu pai se apresentou.
--Sou o Júlio, já posso ir?
--Ainda não, vamos fazer uns exames e depois conversamos. -Nicole era pupila do Armando, mas não se interessava pela neurologia, amava a cardiologia, me sentia bem confiando a ela a saúde do meu pai, sabia que ela era muito competente.
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O que há dentro do dragão
RomanceO que você seria capaz de fazer para ajudar sua família? Até onde você iria para não desistir de seus sonhos? Juliane foi capaz de criar uma segunda identidade para não desistir de seus sonhos nem de sua familia, em algumas noites do mês ela é Maria...