O que há dentro do dragão

Capítulo 68 - Apenas o começo

Ana

--Bingo. -Jaminho falou baixinho assim que a Letícia entrou em casa.

--Você é horrível, com um amigo que nem você não preciso de inimigo.

--Perdeu uma ruiva, mas faturou a segunda loira mais gostosa que conheço.

--Quem seria a primeira? -Aproveitei que a Letícia conversava com seu Julio para indagar sobre quem seria a primeira.

--Você né Ana.

--Não vai me conquistar com suas frases estilo funcionário de obra.

--Divirta-se, sei que deve estar cheia de insegurança, mas siga seu coração, conheço muito bem a Letícia para dizer que vocês tem tudo para dar certo.

--É só um jantar, não precisa me casar.

--Não é só um jantar, é o primeiro passo para um grande amor, vocês fazem um belo casal.

--E você é tão chato que mais parece ser meu irmão.

--Sou seu irmão, irmão por vontade, de coração, agradeço a Deus pela família que tenho.

--E eu agradeço por fazer parte de tudo isso. -Falei com os olhos cheios de água.

--Ei, não vai chorar, borra a maquiagem e você está perfeita, na próxima vida venha hetero e eu prometo que não deixarei você escapar, nossos filhos seriam lindos.

--Não perca a esperança, quem sabe não te escolho para ser o pai dos meus filhos. -Pisquei e ele ficou sorrindo.

Fui caminhando até a direção da Letícia, hipnotizada por seu olhar, o azul dos seus olhos parecia o céu de uma manhã ensolarada de domingo.

Ela sorriu pra mim e correi na hora, seu Julio percebendo minha falta de jeito tratou de me salvar.

--Ana, você está perfeita, Letícia estava me contando o trabalho que da um hospital, fico pensando se administrar já é difícil, imagina você que lida diretamente com os pacientes.

--É difícil sim, mas a gente já entra no curso sabendo que vamos lidar diretamente com pessoas e vamos constantemente estar envoltos no dilema de vida e morte e todas as angústias que acompanham esse dilema. Medicina é mais que um curso, é um estilo de vida, é estar sempre enganando a morte e amaldiçoando-a quando faz seu trabalho.