Capítulo 35 Ciúmes?

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Agosto era um dos meses que eu menos gostava, mas não poderia acontecer mais nada para me derrubar, já tinha perdido a Camila. Tudo que poderia dar errado já tinha acontecido, então o mês do desgosto não tinha como ser pior. Minha vida se resumia em tentativas de buscar algo que me fizesse esquecer, focava no estagio, nos estudos, em qualquer coisa que prendesse minha atenção.


O MMA se tornou uma terapia, os sacos de pancadas sofriam na minha mão, quando não era a Lana trocando golpes comigo. Lana estava impressionada com a evolução que tive, já a enfrentava e dava um trabalho para ela me vencer, já não importava as ronchas, não tinha mais aquele trabalho e poderia fazer o que queria com o meu copo, Lana queria que entrasse em competições armadoras, mas eu tinha medo de machucar as mãos, minhas mãos era a parte mais cuidado do meu corpo, o que seria de uma neurocirurgiã sem poder usar as mãos? So por causa disso resistia, mas confesso que a dor física anestesiava as minhas dores de amor, a dor me distraia, eu usava meu corpo até o desgaste, saia da academia com as pernas bambas, esquecia dos riscos de contusões, so para ter uma noite de sono, já que enquanto estivesse doendo minha atenção era voltada para dor e eu poderia esquecer as dores do amor.

Estava numa fase de raiva , não conseguia aceitar o fim, por isso não suportava a Fernanda, era torturante passar o sábado com aquela mulher, ver seu sorriso, sua aliança, a cara de felicidade, mas aos poucos já estava me acostumando. Ela sempre que podia esfregava a felicidade na minha cara, não sabe ela que ao invés de ciúmes dela, tinha era da Camila. Eu não quero ela e sim a Camila, talvez fosse melhor ela não saber, ou poderia usar isso para me torturar, acabei conhecendo uma Fernanda que não conhecia, alguém que tentava a todo custo me atingir, por vezes me perguntava se ela realmente amava a Camila ou se queria me provar que tinha superado.


Estávamos no começo do mês e eu já queria ferias, no hospital novo tinha um médico muito chato e ignorante, para piorar era um neurologista e volta e meia supervisionava o trabalho da Fernanda e consequentemente o meu.
--Doutora Fernanda quero a senhora pronta para a cirurgia agora e nem pense em levar sua sombra, não tenho paciência para nenéns que ainda estão engatinhando, o Armando inventa cada uma, olha para essa menina, não deve ter nem 18. -Ele falou se referindo a mim como se idade importasse, eu no auge dos meus 20 sendo diagnosticada como 18, não podia acreditar.


--Menina, vá procurar o que fazer, traga um café para mim, rápido. -Ele falou superior e eu estreitei meus olhos.


--Eu sou estagiaria, não trabalho para o senhor Dr. Marcondes. -Falei lendo seu nome no jaleco, Fernanda abaixou a cabeça e fez que não para eu parar, porém não deixaria aquele homem me tratar assim.


--Que petulância, pois saiba que se depender de mim nesse hospital você não auxilia nenhuma cirurgia minha, você sabe quem eu sou? Nunca ouviu falar de Dr. Marcondes? Antes de você nascer eu já operava, deveria se sentir privilegiada por trabalha no mesmo hospital que eu, você vai aprender muito aqui menina, e acaba de queimar o filme comigo, Fernanda já estou te esperando no bloco cirúrgico. -Ele saiu revoltado e Fernanda me repreendeu.


--Juliane não era para falar assim com Dr. Marcondes, ele é um dos melhores neuros daqui, porque você o desafiou garota? Ele tem razão, você ainda é um bebe. -Ela saiu sem me da o direito de resposta e eu fui atrás da Nicole, já que ali não era bem vinda e ele deixou claro que nunca o auxiliaria em nada.


Encontrei Nicole e pedi.
--Posso te acompanhar? A Fernanda vai auxiliar o Dr. Marcondes e ele deixou claro que não me queria la, para piorar me recusei a pegar seu café e agora ganhei um inimigo no hospital.


--Por isso nunca quis neurologia, os neuros se acham deuses, só porque sabem manipular o cérebro, mas se o coração parar acaba tudo. Relaxa e fica aqui, vamos na emergência faze uns pontos. -Ela falou sorrindo compreensiva e puxando sardinha para a cardiologia.

O que há dentro do dragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora