Charlotte passou o restante de tempo que ainda tinha antes de sua viagem nas companhias de Fernanda e Harry, que mal a largavam, mesmo durante o café na casa de senhora Ornet, onde Nanda fizera questão de estar, ainda que comparecer a esses compromissos com Amélia fossem coisas raras, ao vir da mais velha dos irmãos. Mas todos compreendiam, era a primeira vez desde que se tornaram família, que os três iriam ficar distantes um do outro e era uma sensação nova e assustadora para todos eles.
A manhã da viagem finalmente chegou e Charlotte se sentiu retroceder para a infância, quando costumava fazer os passeios tão divertidos para a casa da avó, mas muito havia mudado desde aquela época. O pensamento a fez suspirar e finalmente jogar a capa vermelha por cima dos ombros, contrastando com o negro de sua calça de couro e sua blusa escura de botões com mangas longas e tecido grosso, para protegê-la do frio.
-Por que você tá emburrada? –Suzana quis saber da porta do quarto e a menina a encarou, se forçou a dar um sorriso meigo. –Não deveria estar em extasie por finalmente conseguir ir fazer sua viagem?
-Não estou emburrada, sim feliz. –Informou de leve. –Contudo não consigo fazer uma trança decente no meu cabelo.
Suzana sorriu e entrou no quarto, indicando a cadeira em frente a penteadeira de mogno, para a menina sentar. Char fez o que lhe fora dito e observou pelo espelho as mãos ágeis de sua mãe trançarem seu cabelo com esmero, prendendo a ponta com uma liga pequena e que a cor se perderia no castanho dos fios.
-Pronto. —Tocou seus ombros e Char percebeu que a mãe não parecia nada feliz em mandá-la para longe.
-Eu vou para a casa da minha avó, não embora para sempre. —Disse Charlotte encarando o reflexo da mãe.
-Sei disso, querida. —Sorriu e afagou o ombro da filha. —Harry e Nanda estão na sala, acho melhor você ir antes que eles explodam de ansiedade ou explodam alguma coisa. —Char sorriu.
-Obrigada.
Charlotte não poderia dizer a verdade a sua mãe, não quando conhecia o sofrimento que a realidade causaria, por tanto sufocou os pensamentos e decidiu tê-los somente ao estar longe. Não havia espaço para pensamentos fúnebres aquela manhã, deveria se focar na felicidade de rever sua avó após o longo tempo que não se encontravam.
Fernanda viu a menina surgir na sala, usando botas de couro escuro para combinar com toda sua vestimenta, com exceção da capa longa, que chegava até o chão, de um vermelho vibrante e chamativo. Tudo nela passava afabilidade e tranquilidade, embora sua beleza fosse surreal e Nanda soubesse a verdadeira personalidade que aqueles olhos escondiam.
-Está decente. —Harry fingiu surpresa e ela bufou.
-Um dia no ano, pelo menos. —Nanda zombou.
-Calada. —Mandou rindo.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasyREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...