Os olhos azuis de Osíris fitavam atentamente a menina, que devolvia o olhar na mesma proporção de seriedade e análise, apesar de querer se retirar daquela sala subterrânea e ficar longe do homem, havia algo nele que irritava e a deixava desconfortável, como se somente o fato de ela estar respirando fosse curioso para ele ao ponto de querer estudá-la como os cientistas da corte fariam e isso era intimidante.
-Se é o que deseja. –Osíris se pronunciou, sem muita vontade em acatar o desejo. –Saiam.
-Por que ele? –Kyle exigiu saber, encarando furiosamente a menina, que o olhou rapidamente e de forma seca.
-Saiam. –Osíris repetiu.
Christopher encarou Kyle, que fervia de ódio, o mais velho indicou para que o rapaz caminhasse a sua frente, mesmo sem vontade ele seguiu a orientação e passou ao lado de Char como um furacão, mas a menina já havia voltado a olhar Osíris, que também pareciam pouco satisfeitos em deixá-la fora da sua vista.
-Soube que prendeu Kyle a você. –Ele quebrou o silêncio, assim que Kyle e Christopher se foram.
-É o que dizem. –Ela respondeu, dando de ombros e largou o pulso de Alfred, que permaneceu ao seu lado. Osíris assentiu devagar.
-Você foi mantida longe dos seus por muito tempo, Charlotte.
-Os meus? –Ela deu uma risadinha sem diversão. –Não concordo, contudo, creio que tenhamos visões diferentes de quem são os meus.
-Ao que tudo indica. –Ele falou com tranquilidade. –Mas diga, quais são suas perguntas? Está na cara que você tem muitas. –Charlotte deu um sorriso de canto, extremamente preguiçoso.
-Talvez menos do que vocês esperam. –Alfred se perguntou enquanto olhava seu perfil como ela conseguia ser tão controlada e altiva diante de situações que a deixavam desconfortável.
-Então eu iniciarei fazendo uma enquanto você organiza as suas. –Ele a fitou como se visse através de sua alma. –Onde conseguiu esse colar? –Char levou a mão, lentamente, ao cordão de prata e arqueou uma sobrancelha, quase como se estivesse desinteressada.
-Qual o interesse de vocês? –Quis saber.
-Osíris perguntô primeru. –Char sorriu e desviou os olhos para Kitty.
Não se surpreendeu ao ver a velha ali. Charlotte sabia, desde a primeira vez que a vira, que tinha algo diferente com a senhora e quando foi informada sobre a existência de Feiticeiros e Alfred lhe dissera haver diferentes tipos, sua intuição simplesmente soube que Kitty estava incluída na categoria.
Charlotte sabia que toda a calma que conservara e mantinha, indicava que sua mente ainda não havia assimilado toda a história sobre Feiticeiros, muito menos que ela fazia parte desses seres mágicos, já que nunca mostrou nenhuma magia. Nem mesmo conseguia cuidar de bichos de estimação e por isso não tinha um, embora adorasse brincar com os dos vizinhos.
-Kitty, quanto tempo. –Ela sorriu para a velha de forma debochada. –E honestamente eu não estou interessada em dar respostas sem nada em troca. –Deu de ombros. –E acho que já lhe falei isso antes, várias vezes na verdade. –Kitty abriu a boca para retrucar, irritada.
-A menina tem direito de saber nosso interesse, é justo darmos algo em troca. –A voz da mulher era doce e gentil.
Os olhos cinza eram frios, mas o sorriso amigável. O cabelo prateado pendia em leves ondas pouco acima dos ombros claros e delicados, a mulher era pouca coisa, dois centímetros no máximo, mais alta que Char, contudo trazia uma elegância que subjugaria qualquer um. Devia ter por volta dos vinte anos.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasyREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...