Charlotte despertou de uma vez, suando e ofegando por conta do pesadelo, contudo um bem diferente do que era acostumada, um que nunca tivera antes. Seu corpo estava dolorido e ela segurou um ofego de dor, permanecendo de olhos fechados, porém alguns segundo mais tarde um suspiro baixo se fez ouvir, quando tentou ajustar a postura sentiu uma nova onda de dor, permitindo um baixo resmungo deixar os lábios, alertando que estava acordada.
-Você realmente tava tentando morrer ou o que? —A voz a pegou desprevenida.
Charlotte abriu os olhos e sentou de uma vez, porém a rapidez do movimento repentino fez tudo girar e a respiração falhar, o que lhe provocou vertigem e sua mente escureceu, a fazendo cair de volta onde estivera deitada antes. Lhe permitindo notar a cabeça pesada e estômago embrulhado, lhe obrigando a recordar da infância, de quando brincava de girar; girava tanto que no final caia no chão de tão tonta e ficava enjoada. Estava se sentindo naquele mesmo estado, só que muito pior. O que a fez respirar fundo várias vezes, tentando forçar o mundo voltar a seu lugar. E ao rolar de lado, sentiu o tecido macio roçar seu rosto e gemeu pela dor no ombro e costela esquerda.
-Merda. —Sussurrou, a voz rouca arranhou sua garganta.
-Vá com calma, tivemos muito trabalho pra salvar você, não vamos estragar tudo isso agora, não é?
A voz masculina trazia um misto de diversão e sarcasmo, entretanto Charlotte permanecia de olhos bem fechados, tentando controlar a respiração descompensada, fazer a cabeça parar de rodar e o estômago ficar no lugar. Alguns minutos se passaram e embora ela estivesse tentando fazer a cabeça parar de pesar e girar, sabia estar sendo observada por quem quer que estivesse ali. Quando finalmente abriu os olhos verdes e depois de alguns segundos tentando ajustar a visão a luz do ambiente, fitou o dono da voz grossa e debochada. Era um rapaz alto, de olhos extremamente cinza, pele clara e cabelo castanho. Ele estava encostado tranquilamente ao lado da janela fechada, com os braços fortes cruzados em frente ao peito largo, deu um sorriso de canto, devolvendo o olhar que ela lançava.
-O que...?
-Você parecia menos óbvia. —Ele provocou, interrompendo a pergunta que ela estava prestes a fazer, o que a fez rolar os olhos.
-E você me parece um idiota. —Resmungou, pigarreando em seguida, a garganta estava absurdamente seca e ela sentia como se a língua fosse uma lixa.
O rapaz deu outro sorriso de canto carregado de deboche, mas, apesar da expressão irônica, se desencostou da janela e seguiu até uma mesa circular pequena no canto do quarto, onde haviam duas cadeiras, encheu um copo com água e caminhou até ela. Ao notar a expressão estranha que ela dirigia ao copo, suspirou.
-Beba. —Mandou, estendendo o copo pra ela, que o encarou de sobrancelhas arqueadas. —Já disse que tivemos muito trabalho pra salvar você, não jogaria isso tudo fora agora. —Bufou.
-Nuca se sabe.
-Beba.
Charlotte se irritou porque notou que ele praticamente a estava mandando, mas a sede era tanta que não conseguiu xingar ou recusar a água. A menina estendeu a mão para pegar o copo e quase o deixou cair, contudo o homem o apoiou, até que ela conseguiu segurar direito, necessitando de ambas as mãos para isso. Bebeu avidamente a água deliciosamente fresca, estendendo o copo vazio de volta e o olhando fixamente. Os olhos dele eram tão cinza que a fazia recordar a prata de seu colar, que ela sentia a friagem familiar na pele.
-De nada. —Zombou ele, a fazendo rolar os olhos. —Foi um prazer de qualquer forma.
-Céus. —Resmungou ela. —Quem é você? —Exigiu saber.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasíaREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...