Capítulo Quinze - Vale Vermelho

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Os dias se arrastavam enquanto Charlotte permanecia em seu confinamento no quarto de hóspedes de Kyle, que desaparecera desde o dia que ela acordara ali, entretanto Kitty era uma visita regular e que particularmente Char já não tinha mais paciência, de tanta pergunta que a velha fazia sobre o cordão, contudo, na primeira e última conversa que tivera com Kyle, descobriu ter dormido por cinco dias, após ele a encontrar desmaiada na beira de um riacho, muito machucada e quase morta, ninguém conseguia responder com precisão como ela não morreu na queda, associaram a um milagre.

Charlotte escutara passos do lado de fora de seu quarto, estava a tantos dias trancada que começava a desenvolver uma certa claustrofobia, era agonizante olhar para as paredes e saber que não poderia sair dali a hora que quisesse, mesmo a janela estava trancada e não dava passagem para o vento entrar. Ela se jogou na cama e sentiu uma leve pontada na costela, entretanto nem isso a incomodava tanto quanto a vontade de sair e respirar ar puro, deixando o vento lhe acariciar a pele. Uma semana devia ter se passado desde que recobrara a consciência, naquele lugar, os machucados estavam sarando bem e ela se sentia mais forte e saudável, apesar de tudo.

Char ouviu quando alguém mexeu na maçaneta da porta, que estava trancada pelo lado de fora como sempre. A garota abriu os olhos no momento em que Kyle entrou, sorrindo tranquilamente ao ver a carranca da outra.

-Não estou de bom humor hoje. —Ela alertou. —E nem sei porquê de me dar ao trabalho de falar com você, já que desapareceu nos últimos dias.

-Sentiu minha falta? —Ele perguntou em um tom divertido.

-De não ter cortado sua garganta na primeira vez que nos vimos? —Ela devolveu o sorriso.

-Você realmente parece ter acordado com um péssimo humor.

-Sem dúvida alguma, por tanto acho melhor aquela velha irritante não tentar me infernizar, eu não serei nem um pouco gentil.

-Acho que ela também não está com bom humor pra você hoje. —Ele ainda sorria, como se fosse conhecedor de um segredo que ela não era.

-E que diabos você tá fazendo aqui? —Ela o encarou severamente.

-Você precisa se acalmar. —Zombou.

-Fique trancado contra a sua vontade, aí você venha criticar o motivo de eu querer matar alguém. –Charlotte viu o rapaz sorrir e assentir.

-Então vamos ver se posso te acalmar um pouco. —Ele sorria de modo divertido e ela ergueu uma sobrancelha.

-O que você pode propor que faça a minha raiva de estar presa ou daquela velha maluca passar?

-O que me diz de darmos uma fugida? –Charlotte quase que diz 'sim' imediatamente, entretanto recuou um pouco e o encarou, aquilo poderia ser uma armadilha.

-Você não vai se encrencar com a Velha? —Questionou como quem se importa. Charlotte o encarava com intensidade, fingindo uma preocupação inexistente, entretanto sabia que deveria jogar aquele jogo, independente do quão perigoso fosse.

-Deixa que depois me resolvo com ela. —Sorriu. —E de qualquer forma, isso não é algo que eu deixarei ela descobrir por hora, não se puder evitar. —Sorriu. —Vamos logo.

Charlotte pensou seriamente em recusar, mas se aquele convite fosse uma armadilha, ela descobriria de uma vez, não poderia evitar e de qualquer modo, saindo daquele quarto, talvez arranjasse uma maneira de fugir, sem contar que precisava sentir o vento tocar em sua pele, caso contrário acabaria enlouquecendo de verdade.

Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora