Capítulo Quarenta e Oito - Convite Pervertido e Velhos Hábitos

621 94 41
                                    


Harry espreguiçou lentamente e encarou Fernanda, que parecia aborrecida enquanto o encarava da porta da sala. Ele compreendia o motivo do olhar severo da irmã, todavia não mudaria absolutamente nada do que fez, não se arrependia minimamente, talvez de não ter feito mais, apesar de saber que aquilo poderia acarretar em um desastre, mas ainda estava de consciência tranquila diante sua escolha.

-Você vai levantar ou não? –Ela questionou de braços cruzados em frente ao peito e batendo repetidamente o pé no chão.

-Por quê? –Ele ignorou a raiva da irmã.

-Você é um idiota, sabia disso? –O rapaz sorriu debochadamente e sentou, passando as mãos no rosto e cabelo antes de encará-la.

-Não é como se fosse o fim do mundo, Fernanda. –Ele informou se colocando de pé. –Os soldados teriam matado o garoto, era só um pirralho que perdeu tudo e que bebeu mais do que devia. –Bufou. –Sinto muito se seu soldadinho não sabe levar um soco no meio da cara.

-Eu realmente não sei o que fazer com você! –Se exasperou.

-Fernanda, a Lua Cheia passou a quase duas semanas e os soldados do Império Central praticamente cagam na porra das calças só de citarem a noite que os Lobos estavam aqui. E ainda assim tentaram prender alguém que estava de luto. –Ele falou devolvendo o olhar firme da irmã. –Lá eles vivem em casas seguras e não tem tanto contato com os Lobos, não como nós temos. Eles não sabem o que é perder tudo pra esses malditos cachorros! Nós sabemos! –Respirou fundo. –Aquele garoto perdeu a última pessoa que tinha e ele não tem nem 16 anos ainda, ele próprio não morreu porque a mãe se sacrificou por ele. Agora os Soldadinhos Imperiais chegam e querem que ele não se exalte? –Riu sem humor. –Não me arrependo de ter enfiado a mão na cara daquele filho da puta e faria de novo, se tivesse que proteger um dos moradores daqui.

Fernanda respirou fundo. É claro que compreendia a raiva o irmão, principalmente pela falta de noticias de Suzana e por ainda não saberem ao certo o que ocorreu com Charlotte, apesar de constantemente senhora Ornet lhes dizer que tudo ficaria bem e que brevemente receberiam informações da caçula.

-E você não pensou que eles poderiam tê-lo prendido? –Harry sabia que era essa a preocupação da irmã, mas ainda estava tão irritado em como os Soldados tentaram parar o garoto, que nem pensou direito e somente os atacou. Obviamente não foi uma decisão inteligente, contudo não havia arrependimento algum.

-Não exatamente. –Deu de ombros.

-Droga, Harry! –Ela respirou fundo. –Eu poderia ter perdido você, sabia, seu desgraçado?

-Tudo bem, Fernanda. –Ele se aproximou da irmã. –Pensarei melhor da próxima vez.

-Próxima vez?

-Os Soldadinhos Imperiais parecem felizes em estar aqui e não estão com data pra ir embora, apesar de que não estão fazendo porra nenhuma além de perturbar a paz, então é provável que...

-Nem se atreva! –A exasperação da mulher fez Harry rir, contudo antes que tivesse tempo para dizer algo, bateram em sua porta. –Eu atendo. –Ela informou. –Você vai pelo menos lavar esse rosto.

Harry sorriu concordando com o que a irmã mais velha dizia, no entanto a observou caminhar até a porta e aguardou para saber se era algum guarda vindo lhe prender ou tentar arrumar mais confusão. Se fosse um dos Alvarez, ele simplesmente iria obedecer a Fernanda, no entanto achava mais sensato observar antes e não a deixar sozinha.

-Pois não? –Fernanda abriu um sorriso amigável para o rapaz branquinho e de cabelo negro, parado a sua porta.

-É aqui que o... –Ele olhou em um pedaço pequeno de papel. –Harry, mora? –Fernanda arqueou a sobrancelha.

Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora