Capítulo Trinta e Um - Tempestade de Verão

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Char olhou em volta e se perguntou onde estava, fazia pouco mais de quatro horas que saíra do Vale Vermelho e o sol já começava a desaparecer, mas ela continuava não fazendo ideia de onde se encontrava. A Floresta ao seu redor era densa e tudo extremamente parecido independente do lado que olhasse, provavelmente se perderia se ficasse mais de cinco metros longe de onde começavam a montar acampamento, o qual suspeitava mais ser por sua causa do que pelos dois homens. Se sentia feliz de finalmente estar em local aberto, contudo assumia que os pés já reclamavam, ficou muito tempo trancada em um quarto para conseguir uma caminhada longa sem os músculos protestarem.

-Não seria tão difícil de encontrar os Anciãos se a localização fosse fácil. –Christopher comentou enquanto arrumava uma fogueira ali perto, sem nem mesmo olhar pra menina, mas percebendo por qual direção os pensamentos da filha caminhavam, o que a fez estalar a língua no céu da boca e Alfred sorrir, estando de extremo bom humor desde que deixaram o Vale Vermelho.

-O que? –Ele quis saber, a encarando de volta.

Charlotte deu de ombros com tranquilidade, não havia percebido que o estava encarando até aquele momento. Alfred franziu o cenho e bufou, voltando a vasculhar o que Christopher colocara no saco de mantimentos e achando uma maçã, o que o fez encarar a menina e jogar a fruta extremamente vermelha pra ela. Char observou o perfeito arco que o fruto produziu no ar e a agarrou no momento exato.

-Sem rituais pra comer a maçã, Chapeuzinho. –Alfred provocou e ela bufou.

-Quanto tempo até chegarmos lá? –Char questionou, limpando a maçã na manga da camisa com cuidado e a encarando enquanto a girava atenciosamente na mão.

-Dependendo do ritmo de caminhada. –Christopher informou. –Em uma semana no máximo.

-Mas não precisa se esforçar tanto. –Alfred alertou, encarando diretamente a menina. –Caminha no teu ritmo. –Christopher encarou os dois, sem entender direito o porquê do comentário do rapaz, mas percebeu que Charlotte mordera o lábio inferior.

-Eu sei. –Ela devolveu, um pouco mais baixo antes de morder de leve a maçã.

-Que bom. –Alfred disse passando uma banda de frango para Christopher colocar no fogo.

O silêncio se fez presente até após o jantar, onde Alfred sentou a seu lado para comer, mas não era desconfortável, pelo contrário, era algo familiar tanto para Char quanto para o rapaz, pois partilharam muitos silêncios durante o tempo que passaram juntos a Caravana.

-Seja um cara legal e toca algo. –Pediu ela, assim que arrumaram o restante da comida.

-Eu nunca fui um cara legal, Chapeuzinho. –Ele sorriu.

-Então finge. –Disse ela devolvendo o sorriso do rapaz, que bufou.

-O que ganharei em troca? –Charlotte umedeceu os lábios com a ponta da língua e sorriu.

-Minha adorável companhia. –Alfred gargalhou.

Christopher, que voltava para o acampamento após um rápido afastamento para o que Char chamara de banheiro ao ar livre, parou nas sombras das árvores, surpreso, ele bem sabia que Alfred não gargalhava com facilidade, mas parecia totalmente relaxado ao lado de Charlotte, assim como ela estava ao lado do rapaz.

-Desde quando? –Ele provocou e ela empurrou de leve seu ombro.

-Muito engraçado. –Mas ria também. –Idiota.

Christopher observou os dois se erguerem de perto da fogueira, ainda sorrindo e mudarem de lugar. Enquanto Charlotte sentava com a costa apoiada em um tronco de árvore, próximo da luz da fogueira, mas longe de seu calor, Alfred pegou o alaúde e caminhou até sua frente, sentando-se a sua frente.

Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora