Harry, sentado no sofá, mexia de forma inquieta em um fio solto imaginário no punho da camisa vermelha enquanto Fernanda estava na janela, olhando a noite com interesse e Suzana estava na cozinha, parecendo disposta a não falar sobre a ausência de Charlotte. Seria a primeira Lua Cheia que ele não passava com a irmã adotiva e queria tanto contar as novidades para ela sobre Aurora, era estranho Charlotte ainda não saber que ele finalmente havia conseguido beijar a garota e sem a interferência de álcool, já que antes da partida de Char, enquanto estavam na Casa Vargas, os dois não haviam feito nada, a não ser ele acompanha-la em seu retorno para casa, e Charlotte sabia que ele gostava da menina desde os 15 anos, sempre debochava sobre o quanto o irmão era frouxo por não revelar isso.
-Daqui a pouco a lua irá subir. —Nanda comentou, olhando o céu, da janela aberta e trazendo Harry de volta a sala. —Mas ainda tem mais ou menos uma hora e alguns minutos, se você quiser ir ver sua doce Aurora.
Harry rolou os olhos e encarou a irmã, que sorria divertida. Nanda decidira que se juntaria a família naquela Lua Cheia, sabia que Suzana estava sentindo falta de ter Charlotte por perto, assim como todos eles. Nanda conseguia notar que Harry estava pensando em Char, assim como ela vinha fazendo. Sabia o quão a caçula era encrenqueira e irritável, bem diferente do que as pessoas mais velhas na Vila pensavam, era conhecedora também do que ela costumava aprontar e com quem. Quantas vezes já invadira a Taverna do Ollie na companhia de Harry e da própria Fernanda?! Nanda também estava a par de quantos meninos Char já havia ficado junto e de como os enrolava a ponto de alguns serem completamente loucos por ela, servindo somente para lhe divertir e nada mais.
Fernanda foi arrancada de suas memórias quando alguém bateu na porta, o que lhe provocou uma careta e olhou pela janela, àquela hora todos estavam começando a trancar suas casas e ninguém visitava naquele dia, era quase sacrilégio diante dos religiosos da Vila. O sujeito usava uma capa negra, o capuz escondia seu rosto e Fernanda só sabia dizer que era um homem por seu porte alto e forte. Ele a encarou pelas sombras do capuz, como se questionando o fato de ela ainda não ter ido atende-lo.
-Quem é? —Suzana questionou, surgindo na sala e limpando as mãos em um guardanapo.
-Não sei. —Nanda respondeu, fazendo careta e Suzana franziu o cenho, suspirando quando bateram novamente.
-Já vai! —Disse a mulher e começou a caminhar para a porta.
Harry viu a tia abrir a entrada da casa e dar um passo repentino para trás, levando a mão a boca para conter a surpresa e viu também seu corpo todo ficar rígido. O rapaz se ergueu e caminhou até onde Suzana estava, encarando um homem alto, de barba bem aparada, pele morena devido ao sol e de olhos muito verdes, o capuz estava baixo e ele encarava a mulher, parecendo sério.
-O que você tá fazendo aqui? —Ela questionou por fim, parecendo reencontrar a voz, porém esquecendo de tirar a mão da frente e assim saiu algo extremamente abafado.
-Nós precisamos conversar. —Fernanda, que viera atrás do irmão, sabia conhecer aquele rosto e voz, de algum lugar, mas não lembrava de onde.
-Não. —Disse Suzana, deixando a mão cair ao lado do corpo, mas Harry notou que tremia levemente.
-Não é algo que você pode simplesmente ignorar, Suzana. —Ele pareceu levemente irritado.
-Não vamos conver...
-Chega de enrolação!
-Tia, a senhora quer que eu tire esse homem daqui? —Harry perguntou e tocou o ombro da mulher gentilmente, sentindo quão tensa ela estava.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasyREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...