Capítulo Setenta e Dois - Poder de Persuasão

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Charlotte deu a volta no Grande Carvalho, cercado por um agrupamento irregular de carvalhos menores. Havia algo magnifico e chamativo na gigantesca árvore, os galhos grossos, compridos e pesados se inclinavam perigosamente para o chão, com alguns galhos tocando o solo, outros apoiados nas enormes Sequoias que o rodeavam. O grupo finalmente ultrapassou a proteção viva que as árvores propunham e o caminho de terra batida se abriu, revelando ao longe a alta Torre no centro do muro de pedra, que era completamente encoberto pelas heras, a escada de rochosa que levava ao portão da torre cheia de musgo e folhas caídas das árvores que protegiam a entrada, que parecia decadente e pronta para desabar sobre quem tentasse passar por ali, como se um vento muito forte pudesse fazê-lo vir a baixo. Todavia Char reconhecia a elegância que existia no ambiente e subiu os degraus de pedra e musgo, vendo Alfred empurrar a pesada grade de ferro negro, que rangeu levemente, tão leve que surpreendeu a maioria pelo silêncio, todos esperavam que a entrada aparentemente enferrujada rangesse de modo alto e perturbador.

A primeira coisa que Charlotte viu ao entrar foi Mark, sentado tranquilamente na janela do lado oposto a porta, as madeixas de fogo levemente molhadas caindo sobre seus olhos que a focalizaram seriamente por um momento, antes de a reconhecer e o rapaz dar um sorriso de canto, divertido e convidativo.

-Já estava na hora. –Havia algo mais jovial em sua aparência que o normal, talvez pelo fato do cabelo estar maior e mais bagunçado que o comum.

-Sentiu minha falta, Cabeça de Fogo? –Char sorriu abertamente e Mark viu algo diferente nos olhos dela, algo mais imponente e poderoso em sua postura. O ruivo riu baixinho e encarou a porta de entrada antes de voltar a olhá-la.

-Não tenho motivos pra isso. –Deu de ombros se levantando.

-Que mentira! –Ela implicou enquanto o rapaz se espreguiçava. Charlotte parou em frente ao amigo que suspirou teatralmente e lhe sorriu, a encarando atentamente.

-Sinto que tem novidades.

-Temos muito a conversar. –Ela informou. –Irei explicar tudo, principalmente os detalhes do motivo que me levou ao atraso.

-Sem dúvida você irá gostar. –Alfred comentou alguns passos atrás, junto com o pequeno grupo da Princesa, que ainda nem mesmo ouvira sobre o restante de sua Brigada.

-Algo divertido? –Mark brincou.

-Bem, pra começar Charlotte desmaiou pelo menos a metade dos Feiticeiros do Vale Vermelho.

Mark arqueou a sobrancelha ruiva e a encarou atentamente. Deveria ter desconfiado que aquela pose imponente se devia a algo grandioso e o poder que ela permitia emanar era devastador, muito mais do que ele recordava desde o último encontro dos dois.

-Primeiro, seja bem vinda, Lottie. –Sorriu. –E segundo e provavelmente mais importante, quando iremos para o Império Central? –Ele questionou e ela sorriu de canto.

-O convite está em aberto.

-Como se você fosse sobreviver sozinha no meio dos monarcas. –Ele bufou. –E eu não irei abandoná-la, idiota. –Rolou os olhos. –Principalmente, acha que eu iria deixar toda a diversão pra você?

-Você não me decepciona nunca. –Ela brincou, embora fosse verdade o que era dito.

-Uma curiosidade. –Alfred chamou, fazendo Charlotte se virar para encará-lo. Lira observava tudo em extremo silêncio, mais uma vez percebendo que o trio parecia entrar em um espaço extremamente privativo em alguns momentos e ela não se atreveria a invadir tal parceria.

-O que? –Mark quis saber.

-E você lá tem conhecimento sobre monarcas desde quando, idiota?! –Alfred provocou.

Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora