Charlotte recordava de ter adormecido momentos após ser levada a uma casa pequena que fora oferecida a ela e seus companheiros de viagem, sendo que seu pai parecia muito à vontade em meio aos demais habitantes do Vilarejo. Lembrava-se de deitar na cama macia depois de trocar algumas poucas palavras com Alfred, que dormia no chão de seu quarto, ambos desconfiados demais para permitirem ser separados em um lugar totalmente desconhecido, no entanto não era capaz nem mesmo de rememorar o que falaram, pois o sono a levou rapidamente a inconsciência.
Char acordou com o forte barulho de chuva e a cabeça a ponto de explodir, as palavras dos Anciãos ainda lhe rondando a mente repetidamente, como uma rima que insiste em retornar para sua cabeça, mesmo que tente ao máximo esquecê-la. A menina sentou na cama com os olhos ainda fechados e apertou as têmporas com força, tentando manter o controle de seus sentimentos e não permitir que eles lhe dominassem como pareciam desejar.
-Você está bem? –Alfred quis saber, sentando no chão.
Charlotte abriu os olhos e o encarou, embora o quarto estivesse mal iluminado ainda tinha a fraca luminescência de uma lâmpada a óleo que fora deixada no canto, o rapaz estava sentado no centro de um tapete marrom no meio do quarto, parecendo estar acordado há bastante tempo, o oposto dela.
-Você não devia estar dormindo? –Ela devolveu.
-Igualmente. –Alfred deu um leve sorriso e ela assentiu.
-Acho que a chuva me acordou. –Deu de ombros e Alfred sabia que aquela era somente metade da verdade.
-Você está pensando no que eles disseram, não é? –Char o encarou. Se os Anciãos estivessem certos, o que ela sabia estarem, não podia dizer ter se surpreendido por completo com sua ligação com Alfred, não desde que deram abertura um para o outro.
-Um pouco. –Prendeu o cabelo em um coque frouxo, ainda mantendo os olhos nele. –Sei lá. É estranho, sabe?
-Qual parte? –A questão fez Char dar um sorriso de canto e jogar as pernas para fora da cama, mas Alfred notou a falta de ânimo.
-Sempre achei que fosse uma garota comum que só sabe e aprende mais rápido que a maioria. –Pontuou. –Contudo, em pouco tempo descobri que sou uma Feiticeira, sendo que essa era uma crença que eu nem conseguia conceber a possibilidade de existência, sem contar que sou mais poderosa que os demais. –Suspirou pesadamente. –É como descobrir que estava vivendo a vida de outra pessoa durante todo esse tempo e só agora perceber quem sou realmente.
-Às vezes eu penso nisso também. –Ele assumiu fazendo uma leve careta. –Como acordar de um sonho para uma realidade completamente diferente do que esperávamos.
-É estranho. –A menina suspirou outra vez. –Não consegui ajustar em minha mente nem que existem Feiticeiros e já ganho mais uma enxurrada de informações das quais preciso, não somente me adaptar como compreender e incorporar ao que sou. –Passou as mãos no rosto e expirou lentamente.
O silêncio se instalou no quarto, sendo quebrado somente pela forte chuva do lado de fora que parecia explodir em contato com o telhado, porém Char se sentia reconfortada pelo som. E esse leve aconchego ofertado pela natureza a fez fechar os olhos e respirar fundo, se deixando acalantar pelo som da chuva e pelo trovão que ribombou quase musical, ignorando sua dor de cabeça.
-Charlotte Brand. –O sussurro baixo, feminino e sutil a chamou para as profundezas de sua mente, a qual ela se permitiu arrastar. –Você é minha Brand Eileen, minha Espada Bela como o Sol, a partir de agora e até o fim. –Isso a fez abrir os olhos de uma vez. –Guarde esse nome.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasiaREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...