Charlotte notou que os uivos chegaram ao fim, o que representava que finalmente a noite terminara e o sol começava a nascer, entretanto a noite foi terrível, a fazendo sentir-se mal durante todo o tempo e em muitos momentos se forçar a não desmaiar, contudo sua mente não suportava mais, parecia haver uma enorme pressão sobre si, como se alguém estivesse puxando-a e empurrando-a, tudo ao mesmo tempo, o que afetava seu corpo e o estava deixando muito quente e dolorido, finalmente fazendo sua consciência ceder e ela desmaiar, sem mais conseguir se agarrar a realidade.
Harry viu Suzana arrumar uma mala de viagem com extremo cuidado, dobrando cada peça de maneira metódica, mesmo sob todos os protestos que Fernanda fazia. Vó Juliana estava em sua casa, ainda furiosa por não saber notícias da neta, assim como ele tinha milhares de preocupações quanto o bem-estar da irmã.
-Fernanda, chega! —Suzana disse. —Eu vou atrás da Charlotte e não, vocês não podem me acompanhar.
-E por que não?
Suzana estava mais pálida que o comum e aparentando um terrível cansaço, tudo isso após a conversa que tivera com Juliana na tarde anterior. A verdade é que Harry já não aguentava mais fingir que estava interessado nos argumentos de Suzana e simplesmente se retirou da casa, atravessando a Vila rapidamente e logo encontrou Marcelo, trocando as ferraduras do cavalo.
-Quando vocês vão partir, Marcelo? —Harry questionou, sem se preocupar em cumprimentar. Ele gostava do velho Marcelo, era um homem direto e que não se preocupava muito com formalidade.
-Ainda hoje.
-Sabe me dizer com quem a tia Suzana está indo?
-Não conheço o sujeito, mas sei que não é daqui de Ventanis. —O homem passou a costa da mão esquerda na testa, para limpar o suor que escorria. —É uma caravana de fora, eles passam de Mirelis e vão partir um pouco antes da gente. —Deu uma tapinha no cavalo, ao se colocar de pé.
-Acha que ela estará segura com eles? –Marcelo soltou um riso anasalado diante aquela questão e encarou Harry, com aqueles grandes e desconcertantes olhos negros.
-Ninguém se atreveria a não obedecer a sua tia, menino! —Riu novamente. —Desde que se mudou pra cá, todos sabem que ela não é uma mulher que aceita desaforo e todos tem grande respeito por ela.
-Mas ele não é daqui.
-Sua tia também não. —Harry mordeu a língua pela segunda vez. —Mas ela parece conhecer o homem.
-Entendo. —Harry forçou um sorriso calmo. —Obrigado pela informação.
-Não fica preocupado com ela não, dona Suzana sabe se cuidar melhor que qualquer um que eu conheço.
Harry não contestou e logo voltou pelo caminho que fizera anteriormente, a mente estava longe e perdida em pensamentos que nem mesmo conseguia segurar. Suzana não era de Ventanis, ele sempre imaginou que ela crescera ali, mas sua tia nunca falou muito do passado e obviamente haviam coisas que nunca compartilhara com eles.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasyREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...