Capítulo Quarenta e Um - Fúria

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Charlotte caminhou de volta para a casa de Alfred sem se deixar parar por ninguém enquanto andava, o ar a sua volta deixava claro o suficiente que nenhuma pessoa deveria se aproximar, ela exalava essa fúria descontrolada mesmo em seus passos. Se dirigiu diretamente para o quarto quando chegou a moradia, se jogando na cama para relaxar e não deixar sua raiva sair do controle outra vez, precisava limpar a mente, já havia causado danos o suficiente no dia anterior.

-Vocês dois parecem muito mais que amigos, sabia? –Mark provocou, entrando no quarto e sentado na cama da menina poucos minutos depois que ela chegara.

-Não. –Ela resmungou, o encarando e Mark viu os olhos verdes irritados e angustiados.

-Acho legal essa sua preocupação com ele, não por ele ser um Cavaleiro ou qualquer porcaria assim, mas por considerá-lo amigo. –Ela bufou diante a frase.

-Acho que nunca fui próxima com alguém, de verdade, como sou com ele. Tenho bons amigos, incluindo irmãos, mas existe algo na minha parceria com Alfred. –Ela deu de ombros. –Talvez por essa ligação de Feiticeira e Cavaleiro ou talvez porque ele seja tão parecido comigo. –Suspirou. –Acho que é isso que me aborrece, ele é parecido demais comigo.

-Você é tão irritante que consegue irritar a sua cópia, veja só. –Ela sorriu com a piada.

-Meu melhor amigo e irmã, Harry, dizia que eu sabia fingir ser amável como nenhuma outra pessoa, mas que eu sou a criatura mais irritante do mundo quando me mostro de verdade. –Ela sorriu.

-Toda vez que você fala desse Harry, você fica diferente. –Observou e ela sorriu melancólica.

-Ele é meu irmão. –Suspirou. –Até agora deve pensar que estou morta e isso é horrível, porque os pais dele morreram e a família dele se resume a irmã e eu.

-Por que não manda uma carta?

-Por quê? –Ela fez careta ao notar o que ele disse. –Acho que eu fiquei sendo uma... Prisioneira, creio que esse é o termo correto. Bem, seja o que for, fiquei presa por um longo período e quando consegui minha liberdade, fui mandada imediatamente para o Vilarejo, que é bem isolado do resto do mundo, acabei nem parando pra pensar na possibilidade de uma simples carta.

-Uma caravana irá sair amanhã. –Ele sorriu. –Escreva e eu mandarei entregar.

-Obrigada. –Ela sorriu.

Mark achava intrigante quando Char ficava tão dócil, parecia uma garota comum e realmente amável, completamente oposto do que era na realidade, podia até ser afável com aqueles que gostava, todavia eram poucos que tinham direito a essa sua parte quando decidia ser honesta.

-Alfred vai se desculpar.

-Não vai. –Ela sorriu com tranquilidade.

-Vocês dois se acertam.

-É, acho que sim. –Deu de ombros.

-Você acha? –Ele arqueou uma sobrancelha, a encarando.

-Alfred tá estranho e distante, algo aconteceu. –Mark assentiu, a vendo encarar o teto como se lá estivesse as respostas que estava buscando.

-Considerando que o Alpha dele é obcecado por você e ele está tendo que conviver com o Kyle, não é tão estranho essa irritação. –Advertiu.

-Realmente Kyle deve estar deixando-o louco.

-Você não vê ou finge não ver? –Mark fez careta e ela o encarou de cenho franzido.

-Do que você tá falando, Cabeça de Fogo?

Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora