Mark viu Char se espreguiçar e sentar no saco de dormir, todos já estavam dormindo naquele momento, contudo, assim como o Ruivo, Charlotte parecia presa demais em seus pensamentos para conseguir ser dominada pelo sono. O ruivo a observou por longos minutos, a vendo encarar o céu, mas parecendo não ver muita coisa além do que estava dentro de sua mente. A garota estava com o humor anuviado desde o momento que ele e Alfred retornaram, após a conversa que tivera com os amigos.
-Char? –Ele chamou baixinho, mas ela não pareceu escutá-lo. Mark retirou um punhado de grama e jogou na menina, a fazendo se a assustar olhando para os lados de forma atenta e fazer o fogo da fogueira crescer alguns centímetros, o encarando por fim.
-Quer morrer? –Ela questionou o fazendo sorrir enquanto se acalmava e deixava as chamas baixarem.
-Vem. –Ele chamou se colocando de pé e pegando uma lamparina a óleo.
Charlotte viu o Ruivo acender a lamparina e começar a se distanciar, ela suspirou, mas precisava caminhar e sabia que Mark estava agindo daquela forma por causa disso. Se ergueu, puxou a capa vermelha e correu atrás do amigo. Os primeiros minutos passaram em completo silêncio, cada um focado na trajetória que seguiam mesmo Char não sabendo onde iria parar e em seus pensamentos extremamente barulhentos.
-O que houve? –Mark questionou por fim, parando em frente a um rochedo onde Char sentou ao seu lado.
-O que você quer dizer com isso? –Ela foi vaga.
-Vamos ver. –Ele fingiu pensar encarando o perfil cansado da menina. –Você revelou o que é para seus irmãos, mas parece estar mais preocupada que antes.
Charlotte ponderou por um momento e se perguntou o quão sua expressão devia estar revelando seus sentimentos. Sabia que seria estranho contar qualquer coisa de sua nova vida para Harry e Fernanda, mesmo que fosse necessário, contudo a preocupação que eles demonstraram após saber da verdade a enlouquecia profundamente. A aceitaram, porém compreendia o quão difícil era, já que ela própria não entendeu por muito tempo o que era.
-Me pergunto se eu os assustei. –Ela revelou, os olhos focados nas árvores. Mark tocou a mão da amiga que o encarou, os olhos verdes estavam pensativos e preocupados.
-Eles são seus irmãos, Charlotte. –Decretou. –Obviamente vão compreender, só precisam de um pouco mais de tempo. –Char sorriu levemente e voltou os olhos para as árvores.
-Talvez.
-Creio que meu irmão, se me conhecesse nos dias de hoje, e não fosse um Lobo, também teria problemas para compreender de imediato.
Charlotte sentiu os olhos arderem, seus problemas pareciam querer tomar conta de uma vez, dominando seu autocontrole que foi sempre tão bem comedido, contudo as emoções estavam se transformando em uma avalanche. Não era culpa de Harry e Fernanda, eles foram extremamente compreensíveis após ela mostrar e dizer o que era, mas foi o olhar de extrema preocupação de Harry, aquele olhar com medo de que ela se machucasse, que a deixou a beira do precipício. Char baixou a cabeça e a segurou com as mãos, respirando fundo, precisava por seus sentimentos no devido lugar e não permitir ser tomada por elas.
Mark a encarou, vendo a menina respirar muito rápido e fora do ritmo, havia algo errado. O vento parecia mais feroz que o comum ao redor deles também, fazendo as árvores rugirem furiosas, mas não ameaçadoras. Ele a forçou a ajustar a postura e pressionou com dois dedos no centro, abaixo dos seios dela, e segurou sua costa.
-Respira fundo. –Mandou enquanto tentava passar serenidade.
Char encarou as árvores por um longo tempo, obedecendo a Mark, fazendo com que tudo retornasse ao lugar. O vento amenizou, transformando-se em uma leve brisa que mal mexia as folhas das árvores, embora seus sentimentos ainda fossem um caos completo, ela os domou como sempre fizera. O ruivo retirou suas mãos da amiga e respirou fundo.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasyREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...