Char olhou para Alfred, que parecia ao máximo tentar ignorar a conversa que acontecia ao seu lado, muito focado em uma uva que brincava há minutos e ainda não comera, ela sabia que o rapaz estava pensando na explicação que lhe devia e em como a faria. Ele aparentava estar incomodado com algo e lhe escondendo coisas, assim como Christopher o fazia.
-Agora a conversa será entre nós dois. —Avisou ela e Alfred a encarou por sob os cílios, mas de modo sério.
-Sou inocente. —Ele falou com um sorriso brincalhão nos lábios e um tom casualmente irônico, tentando deixar o clima mais leve.
-Não mesmo. —Ela devolveu com um sorriso torto e logo encarou o pai, que os analisava atentamente, o sorriso morrendo no instante que encontrou Christopher. —Você pode sair, por favor?
Christopher notou que apesar da educação que ela usava, havia uma grande frieza em seus olhos sempre que o encontravam e que não fora exatamente um pedido, ele estava sendo dispensado pela filha e nem tinha como impedir aquilo. Charlotte o viu se erguer e caminhar para fora do quarto, sem falar nada, fechando a porta assim que passou por ela, o que fez a menina soltar o ar de uma vez e relaxar um pouco, como se um enorme peso acabasse de ser removido dela.
-Vai te matar se for mais gentil? —Zombou Alfred.
-Minha vontade é matar você nesse momento. –Alfred sorriu abertamente e se virou pra ela, os olhos brilhando de malicia.
-Você ainda não me respondeu. O que está acontecendo entre você e Kyle?
-Pelos mil Demônios! —Xingou e ele riu. —Pare de tentar fugir da verdadeira questão, Alfred.
-E qual seria a questão, Chapeuzinho? –Char sentiu como se eles estivessem de volta a Caravana, livres e divertidos. Somente eles dois em uma de suas leves conversas.
-O que houve com você, naquela noite? –Alfred baixou os olhos e suspirou de modo cansado, após um momento a encarou novamente.
-Eu vou contar. —Assegurou e ela assentiu. —Mas não tudo...
-Como é?
-Char, eu vou precisar que confie...
-Você só pode estar brincando comigo! –A voz indignada o fez sorrir e ela notou o deboche nos olhos dele.
-Você se irrita muito fácil. —Zombou.
-Eu odeio você! —Disse ela atirando uma uva nele, que riu, pegando a fruta no ar e a jogando na boca.
-Qual é? Foi engraçado.
-Não foi. —Mas ela sorriu. —Você é tão imbecil.
-Olha só quem tá falando.
-Ainda assim sou menos que você. –Os sorrisos e xingamentos desapareceram e deram lugar ao silêncio e expressões sérias e pensativas.
-Você adormeceu, após bebermos o vinho. —Ele informou e ela o encarou com atenção. —Quando notei, Dante estava...
-Dante era um Lobo, não era? –Alfred arregalou os olhos, sendo pego de surpresa. Era a primeira vez que ele demonstrava choque e certa confusão diante dela.
-Como...?
-Como eu sei? —Ele assentiu após um momento. —Eu não sabia ao certo.
-Mas como sabe que os Lobos são pessoas?
Char encarou uma maçã deliciosamente vermelha e se conteve para não a pegar e mudar de assunto. Obviamente sabia que eles eram pessoas, quando mais jovem era só uma desconfiança que permeava sua mente, todavia quanto mais o tempo passava e estudava sobre o mundo, mais ficava certa sobre aquela hipótese.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasyREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...