Capítulo Treze - Suzana e Christopher

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Harry estava atônito, encarando a cena de olhos arregalados e chocados. Como aquele homem podia ser seu tio Christopher? Ele morrera há anos, logo após Katherine. Era impossível e tinha que haver algo muito errado ou uma explicação excepcional. Todos choraram sua morte, principalmente Charlotte, que ficou despedaçada pela perda de duas das pessoas que maias amava em sua vida, sendo que ela nunca superou completamente a perda do pai e por essa razão não o citava de forma alguma, menos até do que fazia com Kate.

-Não repita isso em voz alta. —Mandou Suzana, sibilando.

-E por que não?

-Por que alguém pode ouvir. —Repreendeu.

-Alguém? Você está falando da Charlotte ou da Fernanda e do Harry? —Ela abriu e fechou a boca. —Achou que eu não lembrava deles dois? —Bufou e riu sarcasticamente. —Por favor, eu contava história e cantava para eles dormirem, Suzana. Podem não ter meu sangue, mas eu cuidei dessas crianças e eles são da minha família, são meus filhos, você querendo ou não.

-Que seja. –Cortou. –Mas alguém pode ouvir.

-Isso importa?

-Muito! —Disse.

-Onde ela está, Suzana? Para de enrolar!

-Você ficará sem resposta pra essa pergunta. —A mulher cruzou os braços em frente ao peito e estava com o olhar teimoso que Harry conhecia bem.

-Por que você tá fazendo isso comigo? –Ele agarrou o próprio cabelo, exasperado.

-É para o bem da minha filha.

-Nossa filha! —Corrigiu ele bruscamente. —E bem? Seja honesta e diga que isso só fará bem a você e seu egoísmo!

-Ela acha que você está morto. —Disse por entre os dentes cerrados.

-ELA O QUE? —Ele berrou em uma voz de trovão, enquanto se erguia bruscamente da poltrona e encarava a mulher, parecendo tremer por inteiro.

-Era o melhor a fazer.

-MELHOR? MELHOR MINHA FILHA ACHAR QUE EU HAVIA MORRIDO? —Riu zombeteiro, enquanto sacudia a cabeça. Harry se surpreendeu em notar o quanto aquele gesto lhe lembrava de Charlotte.

-Você foi embora. —Repetiu teimosamente.

-E você sabe o porquê!

-Mas ainda assim era o certo!

-CERTO? Eu vou dizer o que é certo, Suzana. —Alertou em fúria. —Certo teria sido você dizer a ela que o pai necessitou ir embora! Que eu tentei voltar, mas que você proibiu que eu chegasse perto dela! –Rosnou.

-Ela já achava que você tava morto!

-Porque você contou isso!

-Ela não tinha que saber o motivo da sua ida!

-CLARO QUE TINHA! —Ele bufava no meio da sala, tamanho sua raiava.

-Eu não sabia se você voltaria, você poderia ter...

-Mas não morri! —Cortou, a encarando, os olhos verdes faiscavam de raiva.

-PRA ELA SIM! —Gritou de volta.

Foi como um balde de água sobre o homem, que arriou os ombros e se virou, indo até a janela e a abrindo o máximo possível, respirando o ar puro que entrava como se caso não o fizesse, morreria por falta de ar. Harry viu Christopher esfregar o rosto com as mãos e respirar fundo várias vezes.

Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora