Capítulo Setenta e Três - Ruínas do Castelo Amaldiçoado

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Quando Charlotte disse que precisavam sair das Masmorras, somente Mark e Alfred, além dela própria sabiam o que esperar, todavia Lira não podia nem sonhar com o que os aguardava, muito menos algo com aquela grandiosidade. Após saírem da densa Floresta, um túnel de ervas daninha e algumas flores cheirosas e que Lira jamais vira antes, adornavam o caminho, terminando em uma escada de pedras longa, cercada por uma colina de um lado e do outro sequoias. A princesa não tinha certeza, mas sabia que estava andando naquela escadaria a no mínimo duas dezenas de minutos, o que era estranho, porque apesar da caminhada longa, ainda não entendia o que lhe esperava ao fim dos degraus, já que a escada se fechava em várias curvas.

-Para onde estamos indo, Charlotte? –Dilan questionou, mas parecia tranquilo fazendo sua caminhada.

Lira era grata pela fácil e divertida parceria que os dois formaram, Charlotte divertia Dilan de algum modo e isso era bom o suficiente. O homem não era um rapaz difícil de lidar, contudo a verdadeira dificuldade estava em gostar realmente das pessoas, principalmente de quem acabara de conhecer.

-Existe um ditado quando se fala do lugar para onde estamos indo. –Ela comentou seguindo pelo caminho do lado direito e rejeitando a escadaria esquerda. –Cada gota de veneno que pingar em sua língua irá queimar, te levando para mais perto da verdade ou da morte, todavia isso te abrirá os olhos e mostrará a crueldade humana. Você pode tomar o veneno que desejar, mas não escapará do que é.

-Eu devo ficar com medo agora ou quando chegarmos? –Ele zombou e ela riu.

-Nós já chegamos, na realidade. –Deu de ombros.

-Como? –Lira olhou em volta.

-Essa é a entrada. –Mark informou passando uma bola açucarada de morango para Charlotte. –E o lugar é conhecido por ser o Veneno da Verdade, por isso o ditado assustador. –Char sorriu e pegou o doce do tamanho de uma laranja pequena. As bolas açucaradas eram simplesmente deliciosas, principalmente as de fruta.

-Não sei de onde você tira tanto doce. –Alfred implicou, mas segurou a mão de Charlotte e deu uma mordida no doce, fazendo-a encarar o rapaz e bufar.

-Você briga conosco por comermos muito doce, mas sempre rouba um pedaço. –Resmungou.

-O fato de eu achar que vocês deveriam comer menos doces não faz com que eles se tornem menos gostosos. –Ela rolou os olhos. A escadaria finalmente havia terminado e Charlotte sorriu ao pisar na estrada de terra batida, encarando o largo arco de pedra de entrada a distância, elegante e imponente.

Lira sentiu que todos ficaram ansiosos pra descobrir o que havia atrás do arco, fazendo que seguissem Charlotte em silêncio, enquanto essa parecia animada ao comer a bola açucarada. A princesa ofegou quando passou pelo portal, a sensação de atravessar o aro de pedra era diferente de tudo o que já havia sentido, primeiro os sentimentos se tornavam indistintos e o corpo parecia estar mergulhado em água gelada, mas o calor imperava e a consistência de geleia dificultava o movimento, mas a sensação passava tão rápido quanto surgia. No instante seguinte Lira simplesmente estava admirando uma cidade magnifica que ela jamais poderia ter sonhado em conhecer. Tudo era bonito, mesmo que a maior parte estivesse em ruínas.

-O Portal é repleto de feitiços, por isso as sensações estranhas. –Mark informou e Char assentiu sorrindo ao se virar para o grupo que se reunia em frente ao Portal.

-Sejam bem vindo as Ruínas do Castelo Amaldiçoado. –Ela anunciou empolgada.

-Acho pouco provável que eles conheçam por esse nome, Chapeuzinho. –Alfred alertou e ela sorriu. Charlotte ouviu o vento lhe sussurrar o nome de origem.

Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora