Charlotte estava deitada na grama baixa, a fogueira ali perto dançava no ritmo do alaúde de Alfred, ele tocava uma música animada, acompanhado pela moça, Marília, que estava na carroça com eles. O céu estava estrelado e bonito naquela noite, a brisa, embora gélida, era como se o vento estivesse cantando em sussurros junto a música tocada ao redor da fogueira, que a menina devia dizer que mesmo que fosse uma melodia dançante, havia um sentimento nebuloso ali, contudo ela ignorou aquele tom sombrio, que de algum modo tornava a composição mais agradável, se deixando levar pelas boas canções e pensamentos por um longo tempo. Char estava em uma caravana longe do povo de Ventanis e podia simplesmente se abster de ficar com o restante do grupo, não precisava ser sociável como teria que fazer se estivesse na Vila, não precisava fingir o que não queria.
-Você vai passar a noite inteira contando as estrelas? —Charlotte olhou para o lado, onde Alfred estava de pé e ergueu os olhos para encará-lo. Daquele ponto de vista ele parecia um gigante com o rosto encoberto em sombras e usar uma coroa de estrelas.
-Não estou as contando, estou apreciando, é diferente. –Foi clara.
-Quando chegarmos a estrada principal, você irá ver o que são estrelas para apreciar. —Char sorriu minimamente.
-Não precisa ouvir o que minha mãe disse. —Ela não podia ver com clareza, mas tinha a sensação que ele a encarava.
-E o que você acha que ela disse? —Char deu um sorriso zombeteiro, mas manteve-se olhando para as sombras em seu rosto.
-Pediu que me vigiasse, creio que ela pense que irei me atirar dentro da Floresta ou jogar alguém lá, algo assim. —Ela o viu sorrir levemente.
-Você não parece ser suicida.
-Na medida certa, apenas. –Provocou. –Mas você não parece descartar o assassinato. –Ele sorriu novamente.
-Por que não se junta a nós, em volta da fogueira? –Ofereceu, mudando de assunto.
-Porque estou apreciando as estrelas.
Charlotte voltou os olhos para o céu, mas ainda sentia os olhos de Alfred em si, como se ele a estivesse tentando compreender o que passava em sua mente, mas a sensação logo se foi, até porque o homem não parecia realmente interessado em desvendá-la ou ter que se responsabilizar por seus sentimentos.
-Se mudar de ideia, saiba que ninguém lá morde. —Ela abriu um sorriso pequeno, devido ao próprio pensamento.
-Obrigada pelo aviso.
O terceiro dia finalmente chegava ao fim e a caravana por fim alcançou a Estrada Principal, a qual Alfred lhe informara que os viajantes costumavam chamar de Encruzilhada do Lobo, um nome a qual inicialmente Char não compreendeu a razão, até pararem para dormir, onde os uivos iniciaram assim que a noite caiu.
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Filhos do Império - Chapeuzinho Vermelho (Livro Um)
FantasyREVISÃO EM ANDAMENTO Todos conhecem os encantos da garota de lindos olhos verde-grama, aquela que cativa todo mundo com seu doce sorriso, gentileza e compaixão. Chapeuzinho Vermelho, todos a amam, a nobre e boa garota, não é? Essa é a história que...