Chapter 25

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  Depois de muita insistência de Ray, eu voltei para casa a fim de descansar um pouco. Não que eu fosse conseguir dormir com tantos pensamentos que circulavam minha mente, mas eu poderia ao menos tentar me concentrar em achá-lo de forma mais confortável.

  Eu havia trazido o desenho que fiz na livraria para casa e resolvi pendurá-lo junto aos outros em meu quarto. O encarei por um tempo desejando que Frank realmente estivesse ali, na minha frente, e que nós pudéssemos conversar como fazíamos antes de aquilo tudo acontecer.

  Se eu já me ocupava tempo demais com aqueles olhos em minha cabeça, agora que ele sumira eu mal tinha tempo para pensar em minhas próprias necessidades.

  Me joguei na cama, em sinal de cansaço/desespero e coloquei o travesseiro tampando meu rosto. Eu estava esgotado e infelizmente não tinha nada que eu pudesse fazer para me sentir melhor.

  Não sem ele.

  Levantei rapidamente e fui para o jardim. Talvez o cheiro das flores que ele mesmo me ajudou a plantar fizesse com que eu me sentisse melhor.

  Me deparei com uma flor murcha em meio às outras. Bufei alto e baguncei levemente meus cabelos ao me aproximar dela. Fiquei ali, ajoelhado por um tempo lembrando de como Frank era desastrado e acabou saindo dali com as roupas sujas de terra.

  Soltei um risada fraca com essa lembrança e resolvi retirar a flor murcha do meu jardim. Apesar de ela não estar causando nenhum dano, eu me sentia muito incomodado com a presença dela ali.

  Aproximei minha mão pálida do caule da flor e tive uma espécie de visão.

  Eu estava dentro de um quarto escuro. Nele havia apenas uma cama de solteiro no canto e uns pedaços de papel e canetas jogados no chão. Eu observava tudo atentamente quando ouvi um fungar meio cansado vindo de algum lugar do quarto. Encontrei um homem sentado no chão com a cabeça apoiada nos braços que ao mesmo tempo envolviam seus joelhos. Ele parecia frágil e estava ali, encolhido, chorando baixo. Não sabia se eu deveria me aproximar, afinal a falta de luz contribuía para que eu não conseguisse discernir nada a respeito de tal homem.

  Ele se mexeu um pouco e virou de lado para onde eu estava. Eu forcei um pouco os olhos e consegui ver algo em seu pescoço que me chamou a atenção. Um escorpião.

- Frank?- eu gritei,desesperado por tê-lo encontrado.

  Ele levantou a cabeça e me encontrou parado à porta. Um sorriso fraco surgiu em seus lábios, mas foi o suficiente para que eu soubesse que ele estava bem. Tentei me aproximar,mas senti um espécie de puxão, como se o ar que estava a minha volta me impedisse de prosseguir.

  De repente eu estava de volta ao meu jardim. Toquei a flor inúmeras vezes mais, tentando desesperado voltar para onde eu havia visto Frank. Não pude conter algumas lágrimas quando não consegui repetir o que quer que fosse que havia acabado de acontecer e desisti.
Deixei a flor ali mesmo e voltei para casa. Precisava contar isso a Raymond, mas agora não seria a hora apropriada, eu deveria esperar o dia amanhecer.

  Só queria ter certeza que Frank continuaria bem, mas agora, mais do que antes, eu sabia que faria o possível e o impossível para encontrá-lo.

Vampires Will Never Hurt You /Frerard/Onde histórias criam vida. Descubra agora