Vampires Will Never Hurt You /Frerard/

Chapter 35

N/a: double att hj ahushaua
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  Eu mal conseguia respirar. Nunca poderia imaginar que eu veria uma cena como aquela algum dia. Fiquei tão perplexo ao ver aquelas manchas roxas em seu corpo que perdi completamente a noção do tempo e só dei conta de que estava quase paralisado quando Frank empurrou a minha mão e abaixou sua blusa.

-Frank...- não sabia ao certo o que dizer. Uma parte de mim queria simplesmente esquecer aquilo tudo e outra só queria abraçá-lo por um tempo e dizer que isso não se repetiria e que ficaria tudo bem.

  Ele tinha parado de fitar o teto do corredor, mas ainda não me encarava, passando a olhar para seus tênis como se eles fossem a coisa mais importante do mundo.

-O que aconteceu? - perguntei, com o tom mais calmo que eu conseguia emitir.

- Eu...err..

-Foi ele quem fez isso?

  Mal consegui acreditar quando ele assentiu silenciosamente sabendo que eu me referia a Michael. Eu cresci ao lado dele e ele nunca havia demonstrado traço algum da violência que eu confirmava agora.

  Frank levantou o olhar por pouco tempo em minha direção,mas foi o suficiente para que eu notasse as lágrimas que enchiam seus olhos, prestes a serem derramadas.

  Eu não tinha ideia de como devia ter sido difícil para ele, durante esses dias, lidar com a mudança de humor de meu irmão e, sinceramente, não gostei nem de pensar sobre isso, ainda mais quando eu me lembrei que ele estava chorando no dia que eu tive aquela "visão", provavelmente por isso. Sei que ele precisava, acima de tudo, descansar um pouco e esquecer esse episódio de sua vida, mas eu não podia deixar isso passar em branco.

-O que exatamente aconteceu?

-Ele não me agrediu...bem,não exatamente..- ele fez uma pausa mais longa do que eu gostaria.- Ele só..não gostava de não ter as respostas que queria. E também não tinha muita paciência para obtê-las.

-Então como assim ele não te agrediu? Quer dizer..

-Ele não me agredia exatamente. Ele só ficava meio nervoso e me empurrava às vezes... Mas você sabe a força que ele tem...era suficiente para me jogar no outro lado do quarto.- ele balançou a cabeça negativamente, na tentativa de afastar tais lembranças.

  Quando terminou tal gesto, vi seu rosto se levantar em minha direção e tomar uma expressão meio assustada, o que me confirmou que aquela dorzinha que eu comecei a sentir indicava que minhas presas estavam mesmo crescendo e meus olhos estavam adquirindo apenas uma cor.

  Respirei fundo algumas vezes, tentando me livrar daquilo e vi seu rosto se tranquilizar um pouco.

- Eu..sinto muito, Frank. - falei, com muita sinceridade. - Eu não imaginei que ele..me desculpe.

- Não foi sua culpa..

-Claro que foi. Eu devia ter imaginado que ele iria atrás de você. Eu desconfiei quando ele voltou. Eu devia ter te protegido. - a última parte foi proferida como um sussurro, quase inaudível. Me distanciei dele e voltei para sala, abaixando a cabeça enquanto apoiava as duas mãos no encosto do sofá à minha frente.

  Ele veio logo em seguida e, casualmente, colocou uma de suas mãos em meu ombro. Aquela história provavelmente me deixou mais afetado do que ele mesmo, sendo que não havia sido eu quem estava com todos aqueles hematomas.

  Minha cabeça não parava de rodar e, naquele momento, eu tive certeza que eu faria de tudo para proteger Frank e, de alguma forma, me vingar de Michael por toda a dor que ele me fez sentir, não só nesses últimos dias, mas durante todos esses infindáveis anos que eu passei me sentindo o irmão mais lixo que alguém poderia ter.

  Pelo menos agora eu tinha certeza que esse título pertencia a ele, e não a mim.

- Não se preocupe, - ele continuou em um tom doce e baixo, aproximando seus lábios de meu ouvido - eu sei que você vai me proteger.

  Eu não sabia dizer se ele realmente quis soar assim ou foi pura casualidade ele ter usado esse tom, mas aquilo era altamente provocativo e eu pude voltar a pensar em como nós estávamos antes de sermos interrompidos por esse assunto inconveniente.

  Não me movi e ele continuou próximo a mim, ainda esperando alguma reação. Tempo depois ele soltou um riso bem baixinho e se afastou alguns passos.

- Bem, se você não se importa, - ele começou, como quem não queria nada. - eu acho que vou tomar um banho.

  Assenti calmamente, me virando em sua direção e o observei atento enquanto ele andava pela sala pegando suas coisas na mochila que eu carreguei. Depois de pegar a toalha e algumas roupas (incluindo uma boxer preta que fez minha imaginação funcionar muito bem, por sinal) ele se dirigiu ao banheiro, saindo do campo de visão que eu tinha quando entrou no corredor.

  Eu havia me apoiado no encosto do sofá, ainda olhando para a entrada do corredor quando ele voltou com aquele sorriso sapeca brincando em seus lábios.

- Ah, não me importo caso você queira se juntar a mim. - ele soltou uma risada completamente escandalosa antes de piscar para mim e se dirigir, de vez, ao meu banheiro.