Chapter 40

216 27 5
                                    


  Chegamos na loja do Ray na hora combinada e ele estava nos esperando na porta. Nos cumprimentamos brevemente e entramos. Frank demorou algum tempo para se juntar a nós, já que ele ficou "passeando" pela loja, achando aquilo tudo muito divertido.

  Meu olhar estava acompanhando seus passos e Ray começou a rir do nada, ganhando nossa atenção. Ele apoiou a mão em uma estante atrás de si e foi se acalmando aos poucos, enquanto eu e Frank trocamos olhares confusos.

- Ai ai..- ele finalmente parou de rir - Você não perde tempo mesmo, né Gerard?

  Ele bateu algumas vezes no meu ombro e voltou a rir. Meu cérebro levou um tempo para funcionar, mas logo lembrei que ele tinha essa mania de poder ver as coisas que eu pensava e provavelmente viu o que aconteceu ontem. Eu corei instantaneamente e Frank não estava muito diferente disso.

  Depois desse grande momento de constrangimento, Ray voltou a ficar sério e nós resolvemos voltar ao assunto principal: meu irmão.

  Fomos para os fundos da loja e nos sentamos em uma mesinha perto de onde o livro ainda estava escondido.

-Então Frank, - Ray começou - sei que pode ser meio difícil,mas a gente vai precisar saber tudo o que aconteceu nesses últimos dias.

  Ele assentiu minimamente, meio constrangido.

- Bom.. Por onde eu começo?

- Acho que pelo dia que ele apareceu no seu apartamento.

  Eu me mantinha calado, tentando controlar a raiva que eu passei a sentir.

- Bem..nós já nos conhecíamos. Quer dizer, nós fomos apresentados, mas nem chegamos a conversar muito bem, por isso estranhei quando ele apareceu lá em casa aquele dia. Eu abri a porta e ele disse que precisava conversar comigo sobre você. - ele parou e olhou para mim por algum tempo. - Eu reparei que ele tinha alguns dentes mais pontudos e algumas veias começaram a saltar embaixo de seus olhos, então eu lembrei de todos os livros que eu já li sobre..bem, vocês sabem. Eu disse para ele se sentar enquanto eu ia no banheiro.

-Muito criativo..- comentei.

-Bom, funcionou.. Enfim, eu fui para meu quarto e tranquei a porta. Comecei a escrever um bilhete porque eu sabia que você iria me procurar - ele abriu um pequeno sorriso - e logo depois eu ouvi os passos dele pelo corredor. Ele bateu algumas vezes na minha porta, dizendo que não iria me machucar se eu fosse com ele, mas eu não liguei. Peguei meu celular e o escondi na estante com a câmera ligada, porque ele já estava ficando impaciente e eu não queria arriscar. O resto eu acho que vocês já viram..

- Bem, e...você presenciou ou ouviu alguma coisa suspeita nesse tempo?

- Mais suspeito que ser raptado por um vampiro?!- ele alterou um pouco o tom de voz e depois olhou de volta para mim. - Sem ofensas..

-Tudo bem - murmurei.

- Eu não tenho muitos detalhes...ele era sempre muito vago. Ele mencionou algo sobre fazer uma espécie de ritual, mas foi só isso.

- Interessante.. Que tipo de ritual?

- Hm..alguma coisa relacionada a sangue e aquela profecia das flores. Ele estava pensando alto uma vez e eu ouvi que ele representava a flor murcha, mas não sei o que isso quer dizer.

- E ele não fez nenhuma pergunta estranha para você nesse tempo?

- Algumas..

- Quais?

- Ray, eu acho que esse seu "interrogatório" já deu por hoje.

- Gerard, você sabe que nós estamos ficando sem tempo. Michael ainda está por aí e nós não temos ideia de qual será seu próximo passo.

- Tudo bem. Eu posso continuar, Gee..

  É engraçado como uma palavrinha com apenas 3 letras pode te fazer corar com tanta rapidez.

  Ray fez mais algumas perguntas para ele - apesar de nós não termos descoberto nada que já não soubéssemos- e eu permaneci em silêncio.

  Ele estava certo, não tínhamos mais tempo. Michael estava sempre um passo a nossa frente e nós precisávamos inverter logo essa situação. Comecei a montar um plano, mas não sabia se eu estava disposto a arriscar.

  Correção, não sabia se eu estava disposto a arriscar ele.

Vampires Will Never Hurt You /Frerard/Onde histórias criam vida. Descubra agora