Chapter 47

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  Acordei no outro dia me sentindo incrivelmente bem e descansado. O aroma que exalava de Frank logo de juntou com o de café, que vinha da cozinha, e eu não sabia qual dos dois mais me agradava.

  Resolvi, depois de ouvir um estrondoso roncar vindo da minha barriga, que iria até a cozinha, onde Ray provavelmente já estava preparando o café.

  Com um pouco de dificuldade, consegui me levantar sem acordar Frank e ele apenas se virou para o canto em que eu estava antes, sentindo-se livre para ocupar agora um espaço maior no sofá.

  Saí do cômodo tentando fazer o mínimo de barulho possível e encontrei Ray completamente focado em não deixar todos os pratos com bolos e biscoitos caírem no chão.

  Assim que ele notou minha presença, fui ajudá-lo a colocar tudo em cima da mesa e logo só estávamos esperando o café ficar pronto.

- Então, dormiu bem?

- Surpreendentemente, sim.

-Já era de se imaginar. Vocês dois são adoráveis.

- Como é?

  Ele deu uma risadinha sem graça antes de continuar.

- Eu levantei à noite para tomar um copo d'água e vi que Frank havia se juntado a você na sala. - eu abaixei a cabeça, enquanto ele terminava de passar o café - Vocês ficaram..hm..próximos, né?

- Hm..é. A gente....é meio complicado.

- Vocês são meio complicados ou é você que não quer me contar? - ele falou com um tom brincalhão e logo nós já estávamos rindo.

- Nós realmente somos complicados. Eu nem sei se tem um "nós".. Quer dizer, tem um "nós" porque eu acho que ele gosta de mim, mas...

-Mas, você também gosta dele?

-Eu... - eu simplesmente travei. Não sabia responder ou pelo menos não tinha coragem de assumir o que eu sentia.

  Comecei a pensar na primeira vez em que eu o vi e em como aquele seu sorriso ficou na minha mente por muito tempo. Pensei em como ele,na verdade, sorria até mesmo com os olhos e como eles brilhavam de um jeito diferente que eu nunca havia visto até então. Pensei em como ele era cuidadoso com o que fazia e em todas vezes que ele já apareceu em meus sonhos.

  Pensei no dia em que ele me perguntou se eu acreditava em vampiros e em como ele parecia animado com a ideia de se tornar um. Pensei em nosso primeiro beijo, ainda naquela noite e em como tudo dentro de mim mudou quando ele sumiu. Me lembrei de toda a agonia que eu senti por não poder protegê-lo e em tudo o que eu faria para tê-lo de volta.

  Pensei em como o aperto que eu sentia em meu coração sumiu quando ele me abraçou depois que eu o reencontrei. Pensei em como nossos corpos se completaram naquela noite e como eu quase implorava por mais sempre que ele estava próximo, mesmo que eu conseguisse me controlar bem. O fato é que ele, de alguma forma, me mudou e, literalmente, deixou minha "vida " mais colorida com todas aquelas tatuagens que eu me empenhava em decorar. Se isso é "gostar", então..

- Por que você não aproveita e fala isso para ele?- eu o encarei por um tempo enquanto ele pegava uma xícara de café e eu confirmava que ele havia "lido" tudo o que eu acabei de pensar. Antes de sair da cozinha Ray se virou novamente para mim com um sorriso nos lábios. - Ele está curioso para saber a resposta..

  Me virei e vi Frank parado na porta. Ray passou por ele logo depois e nos deixou sozinhos mais uma vez, com um silêncio constrangedor. Apenas uma pergunta passava pela minha cabeça naquele momento.

Será que eu deveria mesmo dizer aquilo tudo para ele?

Vampires Will Never Hurt You /Frerard/Onde histórias criam vida. Descubra agora