Chapter 30

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  Eu acordei com um salto. Me sentei meio ofegante no sofá e levei as mãos em meus cabelos.

Aquele sonho parecia tão real..

  Tinha quase certeza de que eu não deveria confiar em sonhos, frutos do subconsciente, mas algo referente a Raymond me fez acreditar que ele, realmente, havia feito contato comigo.

  Fui à cozinha e tomei uma - na verdade, algumas - xícara de café antes de tentar colocar toda essa história em dia. Quem quer que tenha pego Frank, também pegou Ray. Talvez o próximo fosse eu. Não consegui deixar de lembrar do telefonema de Michael que eu ouvi ontem. Ele não estava sendo nem um pouco delicado com aquilo tudo e me preocupei com o bem-estar de Frank mais uma vez.

  Me lembrei que eu havia encontrado seu celular no apartamento. Peguei o aparelho, que ainda estava em meu bolso, e resolvi procurar qualquer coisa sobre seu sumiço.

Legal, essa merda tem senha..

  Fitei a tela de bloqueio por muito tempo e tentei as senhas mais óbvias possíveis, tipo "frank" e "iero", mas nada funcionou.

  Eu já estava a ponto de desistir,  quando me lembrei das suas tatuagens.

Não é possível que...

  Digitei "halloween".

  O celular desbloqueou e eu suspirei, meio aliviado.

  Confesso que não resisti e a primeira coisa que eu fiz foi olhar sua caixa de mensagens. Não achei nada que fosse suspeito..

  Resolvi procurar em sua galeria. Eu posso ou não ter ficado um tempo olhando as fotos dele, mas isso não vem ao caso. O importante é que eu achei um vídeo gravado no dia que ele sumiu. Ainda meio receoso, abri o vídeo e constatei que ele foi gravado escondido atrás da pilha de livros onde eu achei o celular.

  Não tinha uma visão do quarto todo, mas era o suficiente para que eu visse quando Frank escreveu o primeiro bilhete e até quando ele riscou o outro livro, deixando a caneta ali. O áudio não estava muito bom, mas eu pude ouvri claramente um estrondo, provavelmente da porta sendo forçada, já que Frank deu um pulo e se moveu alguns passos para trás.

  Eu apenas conseguia ouvir sua voz, mas sabia que ele estava conversando com alguém. Ele se afastou mais alguns passos e se encostou na parede, com uma cara meio assustada.

" Por favor, eu não tenho nada a ver com isso. Eu só.."

"Cala a boca! Você vem comigo e ai de você se tentar fugir ou falar com alguém sobre isso, está me entendendo? " - uma voz áspera se fez ouvir pela primeira vez.

  De repente eu pude ver uma figura esguia entrando no campo de visão proporcionado pelo celular escondido. Ele estava de costas para mim, mas eu reconheceria aquela figura pálida em qualquer lugar.

  Michael se aproximou de Frank, agarrou seus pulsos e o puxou para fora do quarto. Antes de sair do foco da câmera, ele lançou um olhar para onde o celular estava escondido. Pude ver seu desespero e segundos depois o vídeo acabou.

  Revi aquela cena várias vezes seguidas e eu simplesmente não conseguia aceitar que o meu próprio  irmão era o culpado de todas essas noites que eu passei acordado, esperando reencontrar meu pequeno. Quer dizer, o pequeno..

Vampires Will Never Hurt You /Frerard/Onde histórias criam vida. Descubra agora