Chapter 33

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  Depois de uma longa discussão, Ray e eu achamos melhor que Frank não voltasse para seu apartamento, então decidimos que ele passaria um tempo em minha casa até que as coisas se ajeitassem.

  Combinei que só conversaríamos sobre o que aconteceu no outro dia, porque todos nós precisávamos de pelo menos um pouco de descanso. Nos encontraríamos à tarde na loja do Ray.

  Frank caminhava em silêncio ao meu lado enquanto íamos para minha casa. Antes, passamos em seu apartamento apenas para pegar algums itens que julgamos necessários, como a mochila de roupas que eu estava carregando.

  Finalmente chegamos à minha casa e eu levei, mais uma vez, um ano para conseguir abrir a porta, enquanto Frank observava meu jardim. Nós entramos e ele prontamente se jogou no sofá, com as mãos cobrindo o rosto. Me sentei do outro lado do sofá e permaneci assim, o encarando por um tempo.

  Lembrei que seu celular ainda estava comigo. Peguei o aparelho e o estendi em sua direção. Ele levou um tempo para perceber meu ato, mas pegou o celular da minha mão, ainda sem me encarar por um segundo sequer.

  Depois de um tempo pude ouvir sua voz, um tanto quanto trêmula.

- Você...quer conversar?

-Sobre..?

- Você sabe...seu irmão.- revirei os olhos automaticamente.

- Não é o melhor assunto agora..

- Sei que deve ser difícil para você lidar com isso agora.

- Ele nunca foi assim..- passei a mão por meu cabelo, o bagunçado um pouco - quer dizer, ele sempre foi determinado, mas não a ponto de sair sequestrando pessoas.. Na verdade, eu nunca consegui entender o que ele pensava ou como ele agia.. Mas...não pretendo falar sobre isso por enquanto.

  Ele assentiu, com a cabeça baixa.

  Achei que fosse ser fácil passar um tempo com ele ali, mas logo a tensão entre nós era tão grande que estava quase palpável. Ele fazia pequenos movimentos com a cabeça e sua respiração era pesada. Ele ajeitou alguns fios de seu cabelo enquanto mexia os lábios, quase murmurando, o que me fez pensar que ele estava, na verdade, tomando coragem para falar alguma coisa.

- Bom...eu..não sei bem como começar.. - como eu não sabia do que se tratava, resolvi apenas o observar por um tempo, enquanto ele se decidia se continuaria a frase ou não.- Digamos apenas que eu tive algum tempo para pensar enquanto eu estava..bem.."hospedado" naquele lugar.

-Certo.. - murmurei enquanto seus olhos encontraram os meus pela primeira vez.

  Ah, como eu havia sentido falta desses olhos..

- Bem, eu pensei sobre várias coisas....tipo minhas flores e...você.

- Eu?

- É..e em boa parte do tempo.- ele sorriu- Foi o suficiente para que eu tomasse uma decisão.

- Decisão? Que decisão? - por alguns segundos eu achei que ele ia simplesmente sair dali, ir embora, comprar uma passagem para a China ou sei lá onde e se mandar de vez de perto de mim.

- É que..eu fiquei pensando em todas as coisas que eu queria te falar, mas achei melhor deixar pra lá e me ocorreu que talvez eu não tivesse mais a oportunidade de te dizer então...eu decidi que...- seus olhos ainda estavam fixos nos meus e ele pareceu levar 50 anos para concluir o que ia dizer- ...eu não quero mais ficar sentado esperando.

- O que isso quer dizer?- perguntei, incerto.

- Quer dizer que a vida é muito curta para ser paciente.

  Segundos depois ele já estava com os braços ao redor do meu pescoço, com os lábios colados aos meus. Levei um tempo para entender o que estava acontecendo, mas prontamente retribuí o beijo, passando meus braços por sua cintura.

Vampires Will Never Hurt You /Frerard/Onde histórias criam vida. Descubra agora