C.21 - Lucy II.IV

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A porta se abre, saio observando escantada a beleza da recepção.

Aí meu Deus.. me ajude a sair daqui. Por favor! — Oro em voz baixa.

Cumprimento com um aceno e um sorriso, dois dos cinco porteiros de unifome azul com luvas brancas.

Até aqui tudo bem Luciana. — Falo sozinha. — Me ajude meu Deus.

Passo séria sem dar muita atenção a três recepcionistas de uniformes com saia preta, blusa laranja e luva branca.

Opss... tenho que tomar cuidado. — penso e sinto meu coração bater mais forte. — Não posso ser pega logo agora.

Me desvio das quatro secretárias de roupa social, acreditando que elas já haviam sido avisadas por Beccy para não me deixar sair.

Aleluia! Consegui. — comemoro baixinho com um sorriso, tapando os meus lábios para não emitir som.

Por fim procuro me desviar de formas estratégicas de dez seguranças de roupa social preta, blusa branca e gravata vinho.

Urff!  — Falo baixinho comigo mesma. — Cheguei do lado de fora, apavorada... mas consegui, pensei que seria pega, mas graças à Deus deu tudo certo.
Estou até soando de tanto nervosismo.

Está amanhecendo.

Bom dia! — Cumprimenta uma senhora passeando com seu cachorrinho chihuahua.

Nossa! Como é bom ver gente denovo.
Pessoas que tem seus planos, seus projetos... uma vida normal

Bom dia! — Respondo com um lindo sorriso.

Eu sempre fui fascinada pela praia, por isso a primeira coisa que faço é caminha em direção a ela.
Atraversso a avenida na faixa de pedrestres após o sinal fechar, passo pelo calçadão, onde um homem corre de bermuda bege, camiseta azul bebê e um boné branco, chego na areia e sinto uma paz interior tão gostosa.
Respiro fundo de olhos fechados.

Agora já está claro e o sol está nascendo.

Corro, rodo, pulo e sento na areia rindo.

Pala! — Uma menina de uns três anos fala com um menino da mesma idade.

Ela está sentada brincando na areia com um balde e uma pá de brinquedo.

Marcos.... pare de bater na sua prima. — Fala uma mulher morena de olhos castanho-escuros passando bronzeado no seu corpo.

Levanto e caminho mais um pouco.

Olha o picolé...picolé! — Grita um vendedor ambulante de chinelo, bermuda florida, sem camisa e boné amarelo. — Coco... baunilha... leite condensa... chocolate... milho verde... morango, kiwi e graviola!

Não sei como sobrevivi por  quase um ano trancada sofrendo sem contato com o mundo.

Continuo caminhando em direção a água, sentindo o vento balançando os meus cabelos.

Nossa... que gostosa! — Fala um dos três rapazes que passa fixando os olhos em mim. — Menina, sê te pego... te meteria gostoso!

Definitivamente odeio os homens.

Enfim chego nas águas e molho os meus pés. Que delícia!
As ondas me puxa como um ímã e eu me deixo levar.

Já estou mergulhando e curtindo as ondas feito uma sereia feliz... muito feliz e vou mais para dentro do mar.

Deixa vai? — Diz o rapaz magro, negro de cabelo liso escuro, dentro do mar, abraçado a uma jovem branca, loira de olhos azuis.

Não! Ruy, aqui não. — A jovem responde afastando ele.

Eu queria aqui, é tão gostoso. — Ele a puxa denovo.

Deixa pra de noite. Eu prometo que faço do jeito que você gosta.

Meu pau chegou a ficar duro.

Ele começa a beijar ela e fazer movimentos leve na água.

Safada! Aposto que estava doida para me dar e ficou de charme. Deviam ir para um motel. — Falei baixinho.

Fui mais para o fundo e me veio um pensamento.

"... a única forma de eu me livrar de Beccy é morrendo..."

Então comecei a nadar para longe... bem longe... cada vez mais fundo.

Começo a afundar pensando em minha familia.
Não sinto medo, mas um alívio por dar um fim nesse destino cruel que me espera.

Surgi a imagem desfocada da minha mãe Laura, me repreendendo.

Saía já dessa praía Luciana de Souza Albuquerque! É uma ordem!

Elevo a mão para acariciar o rosto lindo da minha mãe Laura, mas a imagem se desfaz.

Como amo minha mãe, minha amiga, meu exemplo de vida, ela é o meu tesouro mais precioso.

Obedece a sua mãe Luciana! — A imagem do meu tio Adolfo fala de braço cruzados.

Sorrio enguanto a imagem do meu tio vai desaparecendo.

O seu quarto agora é meu sua bruxa! — Aparece a imagem do meu irmão Pablo pulando e sorrindo na minha cama.

Daria qualquer coisa para ter a minha família devolta.

O quê?... Não!... Minha bonequinha... Não!... eu tenho tanto orgulho de você, eu a amo demais, por que está indo embora? — A imagem do meu pai Adriano desesperado com as mãos na cabeça.

Papai o senhor é o meu super herói...

Lu! — Ouço a voz da minha irmãsinha Camila.

Lu! — Escuto novamente.

Procuro nas águas mais só vejo poucos ráios solares.

Eu tô ati Lu!

Começa a aparecer a imagem do rostinho rosado dela.
Como ela é linda!
Ela abre os pequenos bracinho pedindo colo.

Ti amu!

Abro a boca para responder que também a amo, mas acabo engolindo muita água.
Ela abaixa os braços e começa a chorar passando as mãosinhas no rosto que agora está vermelho.

Ocê... ocê... vai mola no céu?

Sinto meu coração doer.

Lu... vô sentir taudades.

Me vem uma vontade imensa de chorar, mas agora é tarde demais para voltar atrás. Eu não tenho escolha.
Fecho os olhos e sinto um braço passar em volta de mim.
Será um delírio ou um anjo me levando para o céu?

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Beijos e até o 22° capítulo que terá a continuação de Exterminador!

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A Prostituta e o AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora