C.29 - Lucy II.VIII

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Acordo com uma dor de cabeça terrível.
Levanto, caminho até o banheiro e uso o vaso sanitário, escovo os dentes, prendo o meu cabelo deixando um rabo de cavalo.
Retorno para o meu quarto, pego o controle remoto e ligo a minha enorme televisão lilás no formato de um castelo na parte de cima.
Começo a passar os canais sentindo desinteresse por tudo que passa na tela até ver a minha mãe Laura.
Linda como sempre, mas abatida.
Ela está em um programa de entrevista. Aumento o som para ouvir atentamente cada palavra dela.

Entrevista ao vivo.

- Estamos aqui com a senhora Laura de Souza Torres e seu marido Adolfo Torres. - A apresentadora fala sentada em um sofá ao lado da minha mãe, que está de mãos dadas do meu tio Adolfo. Atrás deles tem uma imagem do corcovado com o Cristo, com vista para a cidade do Rio de Janeiro. - Bom dia senhor e senhora Torres!

Meu coração dispara, perco meu chão, meu ar, todo meu corpo paralisa.

- Bom dia! - Os dois respondem ao mesmo tempo.

Lágrimas brotam percorrendo meu rosto como um rio em direção ao mar.

- Por favor Senhora Laura, nos conta sua história. - A apresentadora pede olhando para minha mãe.

- Há dez meses minha filha que hoje completa treze anos, foi para escola e nunca mais foi vista. - Mamãe fala com lágrimas rolando em seu rosto. - Procuramos em todos os lugares, desde a casa de parentes e amigos quanto ao necrotério. Espalhamos cartazes com fotos, divulgamos nas redes sociais e nada. Ela desapareceu sem deixar nenhuma pista.

Coitada da minha mãe, como ela deve ter sofrido durante todo esse tempo sem saber se eu estou viva ou morta.
Nem imaginava que ela ainda estaria procurando por mim.

- Põem a foto da adolescente Luciana no canto da tela pra mim por favor! - diz a apresentadora. - Senhor Adolfo, ela chegou a ir para a escola naquele dia?

Sinto uma alegria muito forte em meu coração ao perceber que a minha mãe está na mesma cidade que eu e que se ela me encontrar, todo esse pesadelo irá acabar.

- Não! Ninguém viu o que aconteceu...

Meu Deus! Ninguém viu aquele canalha do Célio me raptando?

- ... o velho Chico de 52 anos, que passeava com o seu cachorro, viu Luciana indo em direção do colégio... - disse tio Adolfo.

Isso... isso mesmo, eu me lembro dele, eu tive a sessão de está sendo seguida, olhei em volta e vi ele.
Depois atravessei a rua e virei na esquina do bar do Tonho que naquela hora estava fechado e ali fui sequestrada por aquele maldito.

- Ai que ódio! - digo.

- ...foi tudo o que ele viu naquela manhã. - disse tio Adolfo.

Choro ao perceber que eles não tem nenhuma pista minha. E eu aqui tão perto deles.

- Senhora Laura como você se sente em relação ao desaparecimento de sua filha de apenas treze de idade e o delegado de Luziânia- Goiás até agora não ter nenhuma informação sobre ela?

- É horrível... - diz minha mãe chorando, passando um lenço no rosto. - ... estou dormindo a base de remédio, vivo apavorada pensando no que pode ter acontecida com o meu bebê... - ela enxuga o nariz. - ... se está comendo, sorrindo, brincado, estudando ou... - silêncio - ...morta.

Ela se desespera e se ajoelha no chão.

- Por favor... por favor... alguém me ajude pelo amor de Deus. A minha filha é só uma menina inocente, pura, incapaz de se defender. - implora mamãe olhando para a câmera com muitas lágrimas escorrendo em seu rosto. - Eu estou desesperada, preciso ver a minha filha, abraçá-la, beijá-la... dizer o quanto a amo e o quanto ela é importante para mim.

A Prostituta e o AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora