O Começo do Fim

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Não podemos evitar que os pássaros da tristeza sobrevoem em nossas cabeças, mas podemos impedir que andem em nossos cabelos.

                                                                       Provérbio Chinês

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Acordei no meio da noite, ouvi gritos, meu pai e minha mãe discutiam mais uma vez, meu pai estava bêbado mais uma vez, e minha mãe gritava com ele.

Tinha medo de que mais uma vez eu fosse o centro das discussões e ele viesse me visitar, tinha muito medo dele me bater, como nas outras vezes.

E sempre que pedia a ajuda da minha mãe, ela virava as costas e muitas vezes era espancada, sem motivo ou razão.

E apesar de estudar e trabalhar, meus momentos menos tristes, se tornavam o meu refúgio longe de casa. Sempre fui uma menina tímida, mas cada vez me tornava mais introspectiva.

Cada vez me trancava dentro de mim, para que as pessoas não soubessem o que eu passava dentro de casa. Dentro do meu "lar doce lar".

Meu pai era um homem respeitado na cidade, ia para a igreja todos os domingos religiosamente, mas durante a semana se transformava em um demônio, principalmente quando bebia e me surrava até desmaiar.

Além de agressões físicas, também sofria agressões psicológicas. Hoje não seria diferente dos dias "normais"  vividos em minha casa.

- Onde está a vadia da sua filha! Se não fosse por ela, hoje estaria vivendo feliz, se não fosse por ela estaria formado, vivendo uma outra vida. Vadia, hoje você vai apanhar como nunca apanhou, para aprender que a vida não é fácil. Você sempre foi uma inútil, um estorvo em nossas vidas! -  Disse Roberto, o pai de Sandra, indo ao seu quarto.

Sandra se encolhia cada vez mais na cama, como se fosse adiantar alguma coisa se o pai dela pensasse que ela estava dormindo.

Este entrou em seu quarto, trotando, meio cambaleante, puxou-a pelos cabelos. Ela fez menção de gritar, mas imediatamente ele deu um tapa forte em seu rosto.

Fazendo-a abafar o choro.

- Já não disse que você nunca terá razão, você é uma maldita que veio para acabar com meus sonhos! - dizendo isso começou a espancá-la, deferindo chutes e pontapés pelo corpo franzino de Sandra que mais uma vez pediu ajuda à  sua mãe e mais uma vez a ajuda lhe foi negada.

Quando o pai se cansou, deitou na cadeira próximo ao quarto de Sandra e dormiu a sono solto, relaxado. Maria chorava, mas não tinha atitude nenhuma.

Vivia uma vida de sofrimento, mas não defendia a filha como se concordasse com todos os absurdos e castigos que o pai aplicava na garota.

A menina agora, jazia no chão, inerte.
Em seu pensamento, ela morria e virava anjo, parando de sofrer, pairando leve pelo ar, deixando para trás toda essa vida de sofrimentos.

A casa agora estava escura. Se arrastando e com dor conseguiu chegar à casa de Sara, sua única e melhor amiga, e sussurrar por socorro. Sara era a única que acreditava no sofrimento e terror diário em que vivia Sandra.

AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora