Provas De Amor

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- Temos que levá-la ao hospital! - disse já me segurando pela cintura.

- Não. Preciso terminar as provas! Não posso perder!

- Mas você está sangrando e além do mais as provas só acontecerão à tarde. Me deixe cuidar de você! Não seja teimosa... - ele praticamente suplicava.

Abaixei os olhos em sinal de concordância. Ao ter meu consentimento, ele passou o braço pela minha cintura novamente e me guiou até o carro preto, me colocando com todo o cuidado no banco de trás.

Em seguida, foi até o policial, conversou algo com o mesmo e lhe passou um cartão.

Pelo que eu podia ver, o policial pedia informações, tomava nota de tudo.

Uns quinze minutos depois, ele veio até mim, estava com os olhos fechados tentando relaxar e apagar o terror e desespero que vivi alguns minutos antes, quando senti um toque suave no ferimento que sangrava no meio da minha testa.

Ele limpava-o delicadamente. Abrindo os olhos lentamente o encarei e em seus olhos via algo parecido com ternura. Seria possível?

Segurando em sua mão a levei até a boca, beijando seus dedos. Minha voz saía muito baixa, minha garganta doía mas precisava agradecer e de quebra tirar a prova dos nove em relação à ele. Talvez eu estivesse enganada e o que eu sentia por ele fosse recíproco.

- Obrigada! Mas como soube que eu estava aqui. - perguntei ainda encarando-o.

Senti um misto de culpa, dúvida e medo passando em sua face, seus olhos eram transparentes para mim, conseguia lê-los perfeitamente. E isso o deixava inquieto.

- Estava passando por sua rua, ia estacionar o carro aqui perto para correr, quando vi você indo em direção ao ponto de ônibus e percebi que aquele homem a seguia. Liguei muitas vezes para que você atendesse o telefone e voltasse para casa. Mas você não atendeu, então resolvi agir e ver o que ele estava tramando. Por sorte cheguei à tempo. Sabe Deus o que ele pretendia. - disse com ar preocupado. Vou te levar para minha casa, lá você toma um banho e já combinei com o médico para ir até lá. Depois te levo ao local da prova.

Quis contestar e dizer que não precisava, mas estava muito cansada e que mal haveria nisso?

Após limpar o sangue de meu rosto com um lenço, ele passou por mim no carro trespassando o cinto de segurança em volta do meu corpo.

Por todo o caminho até sua casa sentia seus olhos sobre mim, me analisando, me estudando. De repente o silêncio foi quebrado.

- Por que estava tão cedo na rua se a prova só irá acontecer à tarde? - disse tirando os olhos da rodovia e me encarando.

Não quis responder, então, ele continuou:

-Não sabe como São Paulo se transforma em uma cidade perigosa quando não existem pessoas nas ruas? Não lê jornal? Não assiste aos noticiários?

Abaixei a cabeça e continuei em silêncio. Ele parecia um pai superprotetor dando sermão em uma filha irresponsável.

- Se eu não tivesse aparecido, estaria agora aparecendo no noticiário, nas páginas policiais. - ele apertava o volante, trincava o maxilar e eu sabia que ele estava furioso. - Se fosse minha namorada te daria uma surra! - Seus olhos brilharam quando o olhei assustada.

O imaginei como meu namorado, ele me beijando com beijos cálidos e apaixonantes, mas em seguida o via me espancando justamente como meu pai fazia. E abruptamente gritei...

- Pare o carro!

- O que? - Ele parecia confuso.

- Então esse é seu interesse? Me fazer de seu saco de pancadas? De me bater? É isso que você quer?

Ele estava espantado pelas acusações que eu fazia contra ele. Então, jogou o carro para o acostamento e já prevendo meus próximos passos, trancou as portas do carro.

- O que está fazendo? Me deixe sair! Pensei que você sentia algo por mim mas não sabia que a sua intenção não tinha nobreza alguma! - disse entre lágrimas.

- Não Sandra... O que? Você está achando que eu iria machucá-la? É isso? - disse destravando as portas do carro. Em seu olhar passou tristeza.

Destravei o cinto de segurança enquanto ele me olhava chocado. Abri a porta e saí batendo os pés na direção oposta ao que o carro dele nos levava.

De repente senti meus pés saindo do chão, ele me pegou no colo me jogando em seus ombros fortes e pude sentir seus membros superiores pouco tensionados devido ao meu peso pena.

Dali tinha uma visão privilegiada de sua bunda... Seu cheiro, ah, que cheiro delicioso, penetrava minhas narinas, deixando-me inebriada, como se aquele cheiro me hipnotizasse e me deixasse à mercê daquele cara que eu chamava de chefe e queria que fosse um algo mais.

Quando chegou próximo ao seu carro, me colocou no chão e olhando nos meus olhos, me prendendo com seu olhar duro, e ao mesmo tempo sedutor, colocando os braços no carro me prendendo para que eu não fugisse, ficou alguns minutos apenas me encarando.

Aquele olhar me desconcerta de todas as formas, seja fazendo meu coração bater tão forte e descompassado ao ponto dele sentir meu toque cardíaco sacudindo minha camiseta, seja em minhas pernas amolecendo ou ainda em minhas partes baixas que pulsam na mesma velocidade do meu coração.

Estou ficando cada vez mais corada. Sinto minhas bochechas ganhando tons cada vez mais vermelhos, sinto o rosto queimar. Estou inquieta, como uma gazela pressentindo o cheiro do caçador.

Fecho meus olhos para que ele não saiba o quanto estou nervosa e o quanto ele mexe comigo. De repente, sinto sua boca encostar na minha, lábios quentes e macios se enroscam nos meus.

Por um momento sinto meu coração parar de bater, então, sinto sua língua pedindo permissão para adentrar minha boca. Arfo. Essa é a permissão.

Ele me invade com beijos exploratórios, sugando meus lábios, enroscando sua língua na minha, nossos corpos estão colados, mais do que nas outras vezes. Consigo sentir cada gominho do seu abdômen, cada músculo do seu corpo tensionando ao receber meu corpo junto ao seu. Sinto algo endurecer entre suas pernas. Mas estou tão absorta no beijo que deixo para lá.

Sorvo cada movimento que ele faz com a boca, cada passada de língua que me dá, e nunca pude imaginar que o beijo pudesse preparar alguém para outras coisas mais além do que eu sonharia.

- Entre no carro! - Sua voz era incisiva, seu tom, controlador.

Minhas pernas se pareciam com gelatina. Estavam moles e eu malmente conseguia andar. Então, ele me guiou colocando a mão em minhas costas.

Depois que entrei e coloquei o cinto de segurança, ele se sentou e dirigiu o mais rápido que podia.

Ao chegarmos em sua casa, a rua estava silenciosa e não havia ninguém andando ou vizinho algum por perto. Ele sempre me guiando com suas mãos quentes, me ditando o caminho.

Olhando para mim com olhos incisivos, me beijou novamente, acendendo novamente a chama do meu corpo. Me deixando elétrica, e enquanto uma das suas mãos seguravam meu rosto, a outra passeava pelo meu pescoço e nuca, fazendo todo o meu corpo se arrepiar.

Muitas sensações jamais vividas por mim.

Suas mãos passando pelo meu corpo, minha cintura, descendo e subindo pelas minhas costas e quadris.

Não sei se ele percebeu, mas se fosse pra acontecer alguma coisa com ele, hoje seria o dia. E apesar de meu corpo pegar fogo, me sentia em casa, nos braços dele. E pra mim, não tinha problema em me abrir pra ele completamente de corpo e alma.

Então abruptamente ele parou e apenas ficou me olhando. Meu olhar era de súplica, minha memória corporal sentindo falta do seu corpo que se afastou do meu.

- Quando disse que se você fosse minha namorada e que merecia uma surra estava dizendo que quero cuidar de você e não lhe espancar como você sugeriu.

- Mas... - tentei titubear algum argumento mas nada saiu de minha boca.

- Será que não percebeu ainda que sou louco por você? Desde a primeira vez que você apareceu naquele bendito elevador?

Meu queixo havia descido todos os andares do prédio, de tão caído que estava.

AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora