A entrevista

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Estava ansiosa, meu estômago doía de nervoso, mas eu chegaria lá e daria o meu melhor.

06:00 am

Tomei um banho, escovei os dentes, fiz uma maquiagem simples mas bonita, modelei os cabelos num coque simples mas moderno e arrumado, vesti a saia lápis azul, camisa social de organza perolada e blazer.

Me olhando no espelho, até parecia gente!

07:00 am

Me despedi da Sara, que me abraçou, me dando um beijo no rosto e dizendob

- Boa sorte, minha amiga! Acredite em Deus, tenha fé e confiança nos seus atos! Tudo dará certo!

Então me virei e segui o meu caminho, à tão sonhada entrevista.

Entrei no ônibus, e até então, tudo corria bem, até dois caras mal encarados entrarem no ônibus e declarar assalto, pedindo todos os nossos pertences. Mas dentro do ônibus havia um policial à paisana, que chamou apoio policial.

Eu no fundo do ônibus não me importava muito em ser assaltada, pois só tinha um velho celular caindo aos pedaços e uma pasta cheia de currículos, só me importava em chegar ao meu local o mais rápido possível.

A polícia foi até mais rápido do que eu imaginava, fazendo com que os bandidos descessem um ponto antes sem levar muita coisa.

Ufa, meu dia estava salvo.

07:45 am

Quando cheguei ao local, um predio de mais de 30 andares, imponente e muito bonito chamou a minha atenção. Um arranha-céu todo envidraçado, com uma porta giratória daquelas que vemos em filmes de comédias românticas.

Me senti até importante passando pela  porta, respirei fundo, mantive a postura e cheguei à recepção, onde além de um rapaz muito alto e forte permanecia em seu posto de segurança e uma moça muito bonita atendia ao telefone.

- Bom dia, tenho una entrevista com a senhora Regina Valeski. Ela pediu que eu me identificasse aqui na recepção. - disse no tom mais educado possível. -  Me chamo Sandra Martins.

-Um momento Srta., comunicarei a sua chegada. -  disse ela me dando um sorriso simpático.

- Obrigada... - olhando em seu crachá estava escrito o nome de Jessica. -  Obrigada Jessica! Tenha um excelente dia!

Uma mulher entrou apressada e um pouco estressada ao chamar meu nome, como se aquela não fosse a sua função.

- Srta. Sandra, favor me acompanhar, a senhora Regina não pode perder tempo, pois temos zilhões de coisas para fazer hoje!

- Bom dia, como é seu nome?!- Perguntei, já  que ela não se apresentou.

- Me chame de Marcia, um conselho de amiga, Sra. Regina não está nos melhores dias dela, está uma fera com o marido, então só responda o que ela perguntar.

- Ok, Marcia... Mas porque achou que eu iria falar algo a mais?

- Porque tem cara de que conversa pelos cotovelos, e aqui é mais agilidade do que conversa e para a função que irá concorrer, é  muito mais ação mesmo. Pois com o senhor Phillipe, terá que ter jogo de cintura! O homem não é fácil! - disse fazendo careta.

Mas como eu estava precisando, e pra mim não era uma opção perder essa oportunidade, encarava até onça brava com palito de dente!

- Pode aguardar sentada, que quando sair a sua concorrente, você será a próxima!

De repente, a minha concorrente saiu com cara de choro, totalmente descontrolada, olhei do rosto dela para o da Marcia, que encolheu os ombros.

Meu dia seria longo.

- Próxima!

Peguei minha pasta, empinei a bunda, coloquei a barriga pra dentro e escolhi a minha cara mais apropriada: a cara de paisagem e entrei.

- Bom dia Sra. Regina, desde já agradeço pela oportunidade - dusse polidamente.

- Bom dia pra quem?! Espero que tenha essa positividade quando terminarmos essa entrevista -  disse sarcasticamente.

-... - ouvi, captei a vossa mensagem, mas engoli a resposta mal educada daquela mulher mal amada, na minha briga interna, meu consciente me mandava fingir a demência mas minha língua coçava a níveis catastróficos.

- Recebi seu currículo de um dos nossos sócios mais queridos, então preciso saber se você poderá ocupar o cargo, aqui diz que você já trabalhou em uma livraria e em um Café, porque acha que tem capacidade de gerir essa vaga de assistente pessoal? Já lidou com alguém difícil antes?

- Sim. Tive experiências pessoais e profissionais também que exigiram que eu desse o melhor de mim! -  ela só não precisava saber que as experiências da minha vida me obrigaram a fugir.

A entrevista transcorreu cheia de veneno, e eu me mantive firme. Não podia vacilar em nenhum momento. Na última pergunta, não pude evitar uma resposta a altura que talvez custasse essa vaga.

- Vejo aqui na sua ficha que você saiu de sua cidade sem deixar vestígios ou telefone de contato com nenhum de seus ex patrões, tem algo a esconder, talvez um roubo, por exemplo?

Olhei-a friamente, mas com o olhar  mortífero, de alguém que se pudesse esganava a outra com uma borracha de dinheiro.

- Creio que essa pergunta seja pessoal e não poderei responder, mas quer saber? Vou sanar sua curiosidade. Fugir porque talvez se eu permanecesse lá na minha cidade, meu pai bêbado acabasse me matando! Satifeita com a resposta? Acho que deveria ter enviado um investigador mais eficiente! Porque pelo que vocês pregam aqui precisa-se de mais ação do que palavras! - Peguei a pasta, virei as costas para ela e saí, deixando-a emudecida e branca com a minha resposta.

AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora