Amor Incondicional

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- Eu sou o Paulo! Fui eu quem falou mais cedo com você ao telefone! - disse o mais contido. E este aqui é o Antônio.

- Olá maninha, espero que possamos nos dar muito bem... Eu sou o mais bonito, apesar de sermos iguais! - disse rindo. Me abraçou e falando baixo em meu ouvido disse. - Amei sua amiga! Já quero o contato.

Eu ri... Isso era tão surreal que eu pensei que a qualquer momento poderia acordar e ver que apenas não passava de mais um sonho, dos muitos em que sonhei em que tinha uma família e que era amada e querida por todos.

- Gente, me belisquem, pra eu saber se isso é sonho ou realidade, porque eu estou muito feliz, e quero que essa felicidade faça morada, a partir de hoje!

Juju veio também para perto de mim, e me analisava dos pés à cabeça, como se fizesse um raio X, e embora mesmo estando feliz me sentia um pouco desconfortável por não ter sido criada com eles desde sempre.

Mas, mesmo assim, com todo o desconforto e a sensação de que agora era pra valer, que eu tinha uma família, não queria perder um segundo sequer.. Queria demonstrar o amor contido por tantas vezes que o amor dos meus pais me foi negado.

É mesmo ainda um pouco sem graça, dei-lhe um abraço forte e caloroso, fazendo-a sorrir também enquanto me abraçava.

- Juju, maninho, queria conhecer meus pais, tem como, ou eles ainda estão debilitados e não podem receber visitas à esta hora?

De repente senti um abraço firme e forte. Meu pai estava ao nosso lado nos abraçando e beijando minha cabeça e podia sentir suas lágrimas molhando a lateral do meu ombro.

Ele era bonito, um coroa com cabelos grisalhos, aparentando ter uns 55 anos, branco caucasiano, olhos castanhos amendoados como dos meninos, alto e apesar de ter marcas de expressão, ainda tinha um ar jovial, de quem foi muito mais bonito quando era mais novo. Seu olhar era forte, seguro, porém ao me olhar pela primeira vez, seu olhar era tenro e cheio de amor contido.

Logo, senti mais abraços ao meu redor e todos sorríamos e choravámos ao mesmo tempo, mas o choro desta vez era apenas de alegria. Choro de reencontro, choro de algo perdido e encontrado...

Choro de algo que seria a partir daquele dia grandioso e jamais esquecido por nenhum de nós.

- Minha filhinha, minha primogênita, por quanto tempo nós lhe procuramos, mas nunca achamos que por algum momento você estaria morta! Isso estava fora de questão! Eu e a sua mãe, sentíamos no âmago das nossas almas que você estava viva! - disse ele, entre lágrimas - Nunca imaginamos que o Henrique seria capaz de tamanha maldade! Mas ele vai pagar por todos os danos que causou à nossa família.

- Olha meu pai, a partir de hoje, só em saber que tenho uma família que sempre me amou e que nunca desistiu de mim, por esses anos todos, eu sou cada vez mais grata à Deus e às pessoas que sempre me apoiaram e me amaram. Hoje, eu quero esquecer que eles existem. Não sei se algum dia, os irei perdoar, mas espero que eles paguem por todo o mal que me fizeram...

-...Ah, e à propósito, este é o meu namorado Yohensen e esta é Sara, as pessoas que compartilharam da minha dor e me ajudaram a sobreviver após ter saído das garras daqueles que se diziam meu pais.

Sara que estava um pouco mais afastada juntamente com o Yohensen se juntaram a nós e após as devidas apresentações, ainda sentia falta de conhecer minha mãe.

Papai apertou a mão de ambos, falando algo no ouvido do Yohensen, que não consegui identificar o que era. Mas, quando tudo passasse e todos fossem apresentados, iria me lembrar de perguntar sobre o que ele havia falado com ele.

E, enquanto eu os observava, senti que havia alguém atrás de mim. Um aroma adocicado, se instalou no ar e uma presença marcante fez-se presente, enchendo a sala de visitas de uma energia positiva que podia ser sentida à quilômetros. Quando alguém atrás de mim falou, eu tinha certeza de quem se tratava! E mais uma vez fui dominada pela alegria nunca sentida antes!

- Minha filhinha, que procurei por muitos e muitos anos, finalmente te encontrei! - disse uma voz doce e calorosa, atrás de mim.

Lentamente fui me virando, o coração a mil por hora, quase saindo pela boca. Yohensen, assim como a Sara e os meus irmãos e avó nos observavam com olhos cheios de lágrimas.

Ao me virar, vi uma mulher na faixa dos 50 anos, cabelos amarrados em um rabo de cavalo frouxo. Cabelo castanho claro como o meu. Olhos verdes e levemente esticados e nariz afilado ... Era muito bonita e me pareceu que eu olhava numa espécie de espelho da juventude, onde minha versão do presente olhava a minha versão do futuro.

É apesar de estar um pouco pálida, era perceptível como era bonita.

- Mamãe?! - apesar de debilitada e de segurar o aparador de soro ao lado do corpo, veio em minha direção a passos largos, como se também não pudesse mais esperar para ter sua filhinha há tanto tempo perdida em seus braços.

AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora