Primeiro Dia De Trabalho

4.8K 354 12
                                    

Estávamos almoçando e o papo estava bem agradável, Phillipe me falava da empresa que o seu pai junto com o seu tio ergueram com muito suor e quando seus pais morreram foi deixada para ele manter o legado, seu tio estava cansado e o deixou tomando conta da empresa toda.

- O senhor nunca pensou em fazer algo diferente, tipo, ser astronauta ou médico, ou bombeiro? - perguntei, admirando-o pelo entusiasmo com que falava do seu legado.

- Não. Na verdade nunca pensei nisso. Como vi meus pais sempre se empenhando em fazê-la prosperar, quando eles morreram, o que me restou deles, foi tocar pra frente o que era o sonho deles. - Ah e se não parar de me chamar de senhor, terei que ser um chefe mal e lhe dar uma advertência!

Sorri.

- Você tem um sorriso lindo Sandra! Deveria sorrir mais vezes, lhe cai muito bem!

Ruborizei com o elogio.

- Ah que é isso, não precisa ficar sem graça. Aposto que os homens devem cair aos seus pés.

Nesta hora não ri, gargalhei!

- Só se for cair mesmo, passar por mim, tropeçar e dá com a cara no chão! - disse ainda rindo.

- Você faz pouco caso de si própria, mas deveria se ver de verdade!

Já se passavam das 16 horas e ainda estávamos no restaurante perto da empresa.

- Precisamos voltar, é meu primeiro dia e preciso saber o que o senhor, digo, você, precisará me passar de contratos para analisar, agenda com seus compromissos e o que for importante. Sou muito boa nisso sabia?

- Quem decide a hora de irmos sou eu. Sou seu chefe! - disse em tom de brincadeira.

- Já estou até imaginando as conversas de corredor: em meu primeiro dia, fui almoçar com meu chefe e não voltei para a empresa. Já devo ser odiada por cair nessa vaga de paraquedas, imagine quantas pessoas gostariam de estar em meu lugar? Falando nisso, você teve algo a ver com a Regina ter ido em minha casa se desculpar, pedindo perdão de joelhos e me oferecer o dobro do salário? - perguntei olhando em seus olhos, tão direta como uma bala de canhão.

- Respondendo à sua primeira pergunta, creio eu, que ninguém, ainda mais que a Estefânia, minha última assistente espalhou para a empresa toda que sou um psicopata, louco por poder e controle, se esqueceu? Já a Regina, bem, tive até a parte de a obrigar a pedir desculpas e te contratar, mas a parte do desespero e ir a sua casa, foi atitude dela. Ela se ajoelhou? Sério! Adoraria ver essa parte!

- Não seja cínico! - disse sem pensar, dando curto circuito em meu filtro das palavras. Droga! Não era pra ter dito isso, me repreendia pela ousadia com meu patrão. - E o que você usou para fazê-la mudar de ideia?

- Só soube usar a persuasão a meu favor - disse rindo, mas não me dando mais nenhuma explicação.

- E porque achou que eu seria uma boa assistente para você? Garanto que não foi por causa dos meus lindos olhos azuis!

- Ei seus olhos são verdes e não azuis! - Senti em você uma pessoa honesta e de uma força sem igual, além do mais, meu tio me indicou você! Não sei o que você conversou com ele, mas caiu nas graças do Coroa! Ainda por cima é gata, divertida e de ter muita gana! Estava aqui pensando que talvez você poderia me ajudar...

Quem é o seu tio, por um acaso ele não se chama Dominique, se chama? Ele me estendeu a mao, quando ninguém mais quis estender, seu tio é um bom homem! Prometi para ele que seria uma funcionária exemplar e que em breve daria orgulho para ele. Ei depois me passe o contato dele! Prexiso agradece-lo pela ótima ação, carinho e atenção que ele teve comigo. Hoje em dia isso é raro! Do que você precisa?

- Tenho algumas festas entediantes de negócios mas minhas acompanhantes sempre são tão entediantes quanto as festas. E com você consigo conversar sobre qualquer coisa, além de me fazer rir com muito mais frequência. - quando ele viu minha cara de espanto, acrescentou: - claro, sem nenhuma outra intenção, lógico!

Nao sabia o que dizer, então continuei calada.

- Como minha assitente pessoal de qualquer forma, teria que estar lá, conhecer nossos clientes, interagir com as pessoas, como você é nova nessa função, indo a esses tipos de festas saber ondes as principais cobras dormem, mas se me fizer companhia, ainda me ajuda a afastar as mulheres que tentam se aproximar de mim e não me deixam fazer o meu trabalho. O que acha?

- Não sei. Não sei como me portar em um evento desses, nem roupa eu tenho! Iria parecer um peixe fora d'água.

- A partir de agora terá que se acostumar. A propósito, falando em se acostumar, terá que se mudar para um lugar mais seguro. Regina me contou que onde você vive é um lugar muito perigoso! E com a função de Assistente Pessoal do presidente da empresa, você terá que está sempre por perto. Talvez eu precise que fique por mais tempo na empresa ou que chegue muito mais cedo do que o habitual. Não quero que aconteça algo perigoso com você. - Disse ele com cara de preocupação. Talvez o que falavam dele pelos corredores seja realmente verdade.

- Humm, isso terá que ser conversado com a minha melhor amiga, pois moramos juntas. Acho que ela não irá se opor, mas teremos que proxurar alguma coisa que caiba em nosso orçamento, quando chegamos aqui, o "Ovinho" foi o que conseguimos. Era isso ou morar na rua. - disse pensativa.

- Não, espera, vocês colocaram nome no apartamento? Disse ele às gargalhadas, - "Ovinho", não, você não pode estar falando sério!

Sério que ele estava rindo na minha cara da minha mísera situação? Fiquei olhando para ele que se divertia às minhas custas sem nem um pingo de pudor.

Esperei ele sorri até as lágrimas caírem de seu rosto. Quando o riso cessou, eu estava muito séria e com nenhuma vontade de conversar.

- O que foi que eu disse? Você não gostou? - enquanto me fazia essas perguntas, minha cara se fechava um pouco mais.

- Olha se você sempre viveu em berço de ouro, ótimo pra você! Agora ficar se desfazendo do que eu consegui com o suor de meu trabalho, não achei legal! Vamos voltar. Preciso organizar sua agenda para amanhã - disse me levantando da mesa. - Afinal pude perceber que sua antiga assistente já não fazia a obrigação dela há muito tempo!

- Me desculpe Sandra não foi minha intenção.

- Nunca é. - Resmuguei baixo.

Quando estavamos atravessando a rua para entramos no Prédio, eu na frente sisuda e ele atrás, esqueci de olhar para os lados e não vi um mototaxista que vinha em minha direção em alta velocidade, se não fosse por Yohensen, estaria morta agora.

Ele me puxou para perto de si, com tanta força que caímos no canteiro, sendo segurados por um arbusto, e obviamente caí por cima dele.

Me levantei rapidamente, tentando me recompor, estava ofegante e minha respiração eatava entrecortada tanto pelo susto quanto pela proximidade que meu corpo estava do dele.

Minhas bochechas estavam pegando fogo, ele se levantou e me encarou com olhos escuros, não era o tom de verde habitual. Estavam sombrios.

- O-obrigada! - agradeci - então ele segurou a minha mão e atravessamos a rua. Ele estava quase correndo e eu não conseguia acompanhar seus passos - Ei vai mais devagar!

Ao chegarmos no passeio do prédio, ele estava possesso.

AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora