A Verdadeira História (parte 1)

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Minha cabeça doía miseravelmente, mas o tiro passou de raspão. Quando Magnólia atirou, tentei desviar, e graças a Deus, a bala tirou um fino da minha cabeça deixando um pequeno corte acima da orelha.

Quando ela atirou, o delegado estava atrás dela, e também atirou no seu ombro direito, fazendo com que a arma caísse no chão e ela se encolhesse em posição fetal.

Diversas viaturas chegaram ao local, o Yohensen já estava me segurando e pedindo uma ambulância para vir me socorrer.

Henrique já estava dentro da viatura da polícia e gritava dizendo que iria se vingar nem que fosse a última coisa que ele fizesse no mundo.

Algumas emissoras de TV já se encontravam no local e já anunciavam a história cabulosa que tinha se transformado minha vida mais uma vez.

Se eu contasse, ninguém acreditaria! Até parece que eu sou um imã de tragédias! Credo!

Após ser medicada, fomos para casa e em minha cabeça tinha muitas dúvidas, muitas perguntas e o mais importante de tudo, eu tinha uma família de verdade? Estaria meu pai vivo? Precisaria saber qual seu nome, onde morava, se minha verdadeira mãe teria me esquecido, se eu teria irmãos... Minha vida poderia ter sido muito diferentemente se esses crápulas não a tivessem mudado completamente.

Não sei se conseguiria arrancar mais informações daqueles que fizeram da minha vida um inferno, mas se fosse possível iria até o fim do mundo para conhecer meus pais.

Tudo que sempre quis foi ter uma família de verdade, casa cheia, irmãos, pai e mãe, aquela confusão que a gente sempre vê nos filmes, aquela união de quando um de nós sofre algo no colégio, os outros vão pra defender, ou a briga por comida na hora das refeições,talvez ainda houvesse tempo para isso.

Ainda nos braços do Yohensen lhe pedi:

- Meu amor, preciso descobrir quem são meus pais! Essa foi uma revelação chocante. Durante toda a minha vida pensei pertencer a um ambiente que não me encaixava e agora tudo faz sentido! Não quero perder nem um minuto sequer! Preciso saber dos meus verdadeiros pais. Você me ajuda?

- Claro minha princesa! Se você pode ter um mínimo de esperança farei o possível e o impossível para lhe ver feliz! - disse ele com um ar compreensível e já me colocando sentada em uma cadeira plástica, se levantou e ligando para um investigador particular, foi passando as informações que tínhamos sobre a época em que o Henrique perdeu a casa no incêndio juntamente com a própria filha.

Se fosse verdade o que eles falaram, não seria difícil saber quem é o empresário responsável pela obra de alguns anos atrás.

Com o melhor veículo de comunicação dos dias atuais, poderemos obter muitas informações em minutos!

Fomos para casa, Sara já esperava por nós lá e quando soube através dos canais de televisão, que informavam a farsa dos "falsos pais de Taubaté", ela também não acreditou que eu poderia ter uma família.

Devido à repercussão que o caso havia gerado, no fim da noite, recebi uma ligação de um número desconhecido.

À princípio não quis atender, pensando que poderia ser algum jornalista mal intencionado, querendo exclusividade sobre o caso, mas algo em mim clamava para que eu atendesse.

Então quando atendi, uma grata surpresa me pegou em cheio:

Ligação unknown:

- A-alô - disse eu, ainda incerta se queria atender ou não.
- Sandra não é isso? - uma voz grave e rouca perguntava do outro lado da linha.
- Sim, é ela que fala! Com quem estou falando?
- Vi seu caso na notícia da TV e não acreditei que pudesse ser verdade! Pode parecer mentira, mas eu sou seu irmão mais novo...me chamo Paulo e aqui em casa sempre crescemos vendo e ouvindo o sofrimento da nossa mãe por saber que a filha dela havia sido sequestrada e não sabermos que fim você havia levado.

- M... Meu irmão? Eu tenho um irmão??? Meu Deus!!! - não sabia se chorava se ria ou se apenas faria milhões de perguntas! Ao meu lado, Sara e Yohensen me olhavam com um pouco de descrença.

"coloque ele no viva-voz, precisamos saber se ele não é mais um cretino querendo fazer parte da história para ganhar fama" - Yohensen falava ao meu ouvido.

- Paulo, estarei te colocando no viva-voz, meu namorado tem algumas perguntas para te fazer, mais por questões de segurança. Pode ser?

- Claro! - ele disse sem pestanejar, o que me levava crer que a história poderia ser verídica mesmo. Ou talvez esse fosse somente um desejo íntimo meu!
- Paulo tudo bom? Quem fala é o Philippe Yohensen, sou namorado de Sandra e só estou me metendo porque já passamos por muitas poucas e boas. Me fale pouco mais da história de vocês, digo da sua família. O que aconteceu com seu pai e a sua mãe para que o Henrique tivesse essa atitude? Teria como nos passar os nomes de seus pais para podermos averiguar essa história?

- Então, Sr. Yohensen, meu pai trabalhava na época com a Construtora que ele tinha junto com o Banco e que fazia casas populares. O Henrique, trabalhou muitos anos para o meu pai e meu pai conseguiu beneficiá-lo com uma dessas casas populares, que na época era muito difícil de conseguir. Entretanto, após conseguir a casa, ele descobriu que o banco juntamente com meu pai estava faturando milhões com essas casas, pois era algo nunca pensado pelo governo e que gerava muito lucro: Pagar casa própria com o valor do aluguel. Logo, não bastava meu pai ter dado a casa, ele começou a importunar meu pai para que meu pai desse dinheiro pra ele, mais do que ele merecia com o trabalho, meu pai achou que ele estava de brincadeira e se negou a dar o dinheiro que ele queria. Logo, ele estava ameaçando meu pai de falcatruas e furto de dinheiro público. No fatídico dia em que a casa dele havia pegado fogo, ele alegou estar trabalhando, a esposa realmente estava no serviço e era uma mocinha que estava como a babá e que tomava conta da criança. Mas nesse dia ele não havia ido trabalhar e devia muito dinheiro aos bicheiros de jogo do bicho. Os colegas de trabalho dele, diziam que por diversas vezes, esses caras ligaram pra o trabalho e o ameaçavam e ele sempre respondia com promessas que não poderia cumprir. Ninguém soube do paradeiro dele, até o momento em que o incêndio começou. Tudo indicava na época que o incêndio foi criminoso. Foi uma história muito pesada, porque infelizmente, o que era pra ser apenas um susto, tomou proporções gigantescas, onde além dele perder a casa ainda perdeu sua única filhinha...

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Continua...

AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora