- Onde você estava? Por que não atendeu as minhas ligações? Eu sou seu chefe! - disse entre dentes. E eu só não entendi o que ele queria dizer, pois o fato dele ser meu chefe não lhe dava permissão para ter toda essa preocupação comigo.
Sua voz era baixa, quase inaudível. Precisei chegar um pouco mais perto para ouvir, não acreditando no que ouvia. Ele podia ser meu chefe mas não era meu dono.
- Meu chefe? Muito legal da sua parte vir em minha casa saber como eu estou! Agora que já sabe, se não houver nada relacionado ao trabalho, pode ir. - Se ele estava zangado, me deu mais força para estar possessa.
- Você não me respondeu. Onde você estava? - Agora, estava falando um pouco mais alto, mas ainda trincava o maxilar quando não estava falando e mesmo zangado, continuava lindo. Afastando o pensamento de desejo que eu tinha por ele, continuei.
- Não sabia que adquiri um novo pai. Já me basta um, que é agressivo, possessivo e covarde, que graças a Deus, pude me libertar. Não preciso de outro! E pelo que eu saiba não preciso dar satisfação de minha vida, para onde vou ou com quem saio. Nossa relação é estritamente profissional, como deixou bem claro hoje e assim será. Mesmo porquê com quem você sai ou transa ou leva para passear no trabalho, não é problema meu e...
Não pude terminar de falar pois ele deu um passo largo e veio em minha direção em questões de milionésimos de segundos e quando dei por mim estava presa em seu abraço.
E se em um segundo atrás ele parecia tão ameaçador e perigoso, agora estava amendrontado e seu olhar parecia perdido. Seu corpo estava quente.
Me via nele quando era criança e quando o menor dos meus problemas era ser uma pessoa que tinha pais que não podia contar.
Mas no caso dele, realmente não tinha nem pai e nem mãe, apenas o Dominique, que passava a maior parte do tempo viajando. Não pude deixar se sentir pena dele.
Mas o que o afligia tanto para deixá-lo tão perdido? Levei-o para o sofá, olhei nos olhos dele e sentir seu hálito quente. Cheirava a álcool.
Seu rosto estava muito próximo do meu, podia sentir sua respiração, mas mesmo estando próximo, podia sentir o abismo entre nós.
- Andou bebendo Yohensen? - perguntei calma e passando a mão em sua cabeça e pescoço tentando acalmá-lo. O que estava funcionando.
De repente me olhou nos olhos e em um momento em que pensei que seria beijada por aquela boca maravilhosa mais uma vez, e ele também havia feito menção de me beijar e depois nada...
Ele dormiu em meus braços. Oh my God! Bem que o Senhor poderia me ajudar e colocar um homem descomplicado em minha vida né? Pensei com meus botões.
Tirei os seus sapatos, e o acomodei no sofá. Peguei alguns travesseiros e uma coberta, pois a essa hora da noite fazia um pouco de frio em São Paulo. O cobri e fui fazer um café para mim. Nessas horas de estresse o café era um bom companheiro.
Não sei o que meu chefe pensa ou o que ele sente, penso que preciso me afastar dele, talvez ele seja minha perdição. Embora, meu corpo anseie por ele, essa proximidade em que nos encontramos, me deixa confusa.
Como ele mesmo disse, ele não namora, então o que ele iria querer comigo? Uma noite e nada mais? Não poderia me dar esse luxo. Nunca tive um relacionamento com homem nenhum e quando me aparece algum que realmente valha a pena. Na verdade não vale nem uma nota de três reais, que é tão falsa como cair neve na Bahia.
Foi com esse pensamento que embalei meu sono, após tomar um bom banho quente e me dirigir para cama, completamente relaxada.
Pena que o relaxamento durou menos de duas horas de sono...
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AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO)
RomanceSandra, viveu sua infância e parte da adolescência em um lar abusivo, onde lhe faltava amor e carinho, sendo abusada pelos pais física e emocionalmente. Seus pais a odiavam por motivos que ela desconhecia. Mas para sobreviver a negligência deles...