Entramos no prédio ele deu boa tarde ao segurança e a Jessica, estava sério, irritado e não falava uma palavra comigo.
Sorri para os dois e apertei o passo para conseguir acompanhá-lo. Que já estava no elevador. Esse cara deveria ser bipolar.
Quando entrei no elevador, respirei fundo e baixei a cabeça em sinal de rendição. Ele continuou sério.
Quando paramos em nosso andar, ele apressou o passo e com o andar duro passou direto para sua sala.
Como não sabia o que havia acontecido, sentei em minha mesa e comecei a organizar as planilhas e pastas que estavam no arquivo que ficavam atrás de mim.
Haviam muitas coisas para serem colocadas em ordem, documentos, planilhas, contratos, estava tudo muito desorganizado e fora de ordem.
Em seguida abri o notebook e com a senha informada pela TI, acessei pela primeira vez o meu email, e parece que as noticias de que Phillipe Yohensen estava com uma assistente pessoal nova corria rápido.
Meu email já tinha cerca de 50 mensagens entre agendamentos de reuniões e e organização em geral. Haviam alguns convites para eventos sociais que tanto o Yohensen como eu teriam que comparecer e que eu não fazia a mínima ideia de como poderia ser sua acompanhante, sendo que ele poderia escolher qualquer mulher no mundo para acompanhá-lo.
Ouvi um bipe no telefone e uma voz soou nele:
- Srta. Sandra, pode vir aqui um instante? - não havia mais nenhum sinal de intimidade. Então o tratei da mesma forma.
- Claro, Sr. Yohensen. - disse no mesmo tom respeitoso.
Ao entrar, observei que ele estava sentado de costas, e olhava para as luzes da cidade, não olhou para mim em nenhum momento.
- Pois não Senhor? O que o Senhor deseja?
- Agende a reunião com a empresa Masterbrech para amanhã às 08:00 e certifique-se que tenhamos um coffee-break às 10 horas. À tarde teremos uma reunião com a Café Português e precisaremos do helicóptero pronto. Iremos à matriz em Jundiaí, separe os contratos e analise se há algum erro. É só isso. Depois, está dispensada.
- Sim senhor, seu desejo é uma ordem!- Disse. Mas não querendo dizer. Meu filtro era uma desgraça e ainda iria me colocar em apuros!
Meu chefe bipolar não deu mais nenhuma palavra, o que me fez dar meia volta e sair.
Quando terminei e já estava tudo certo para o dia de amanhã. Peguei minha agenda com todos os afazeres da semana para trabalhar em casa. Havia muita coisa a ser adiantada e como teria que ser unha e carne com o Yohensen, só trabalhando em casa também.
Ele não havia saído ainda. Mas achei melhor nao cutucar a onça com vara curta. Então, apertei o botão do elevador. E o esperei chegar. Já se passavam das 21 horas da noite, estava morrendo de fome, e precisava ligar para a Sara, que já deveria estar preocupada com a minha ausência.
Assim que o elevador chegou, respirei fundo e pedindo a Deus que aquele troço não parasse de funcionar comigo dentro, desci.
Na recepção havia apenas o segurança do turno da noite. Então o desejei boa noite e segui em direção ao ponto de ônibus. A cidade à noite não era muito legal, a rua estava mais deserta e os ônibus não passavam com tanta frequência.
Então já eram quase 22:00 horas quando vi um carro bonito parando no ponto. E realmente me assustei, espero que a noite isso aqui não seja um ponto de prostituição.
Então um Phillipe com ar de preocupado desceu do carro, ainda de cara fechada e cara amarrada.
- O que você ainda está fazendo aqui a uma hora dessas?!
- Como? - acho que fiquei surda momentaneamente ou então ele havia enlouquecido. Então repeti de novo? Como Senhor?
- Já lhe disse para me chamar de Phillipe e não de senhor! - falou entre dentes - Porque ainda está aqui uma hora dessas?
- Se o senhor não percebeu, o único transporte público a que eu disponho é o público e até o momento não passou nenhum para o meu bairro, então estou aguardando algum que passe.
- Nesse horário não passa mais ônibus por aqui. Vou te levar na sua casa.
- Não se preocupe, como disse, meu bairro é muito perigoso! Eu não tenho nada que eles possam levar, mas você é muito rico, não ficaria bem se algo acontecesse com você!
- E sua vida não é importante? Mas cedo, se colocou em risco ao atravessar a avenida movimentada. Já perdi meus pais, não posso perder mais ninguém que eu gosto! Você não entende?
-... - ele gosta de mim? Como ele pode gostar de mim? Não sou ninguém, não sou bonita, não tenho nada!
Podia sentir as engrenagens em meu cérebro dando curto circuito.
- Por favor Sandra entre no carro. São Paulo não é seguro a essa hora da noite - implorava ele.
Ainda sem acreditar, estava entrando no carro dele relutantemente. Então, passei o endereço e seguimos viagem. De repente ouvi meu celular tocar.
Ele não falou nada durante o trajeto mas o sentia me olhando a todo instante.
- Alô! Oi Sara, estou a caminho - do outro lado da linha ouvi sons de algo parecido com bombas de São João , daquelas usadas em cidades do interior para comemorar as festas juninas. - Que sons são esses, estão soltando fogos de artifício aí?
Ela estava desesperada e gritava ao telefone.
Ele parou o carro, tomou o telefone da minha mão e colocou no viva-voz. Nossa ele não era nem um pingo controlador!
- Amiga, não venha para casa, está tendo uma guerra entre facções aqui, e o Ovinho esta no meio, aiiiii, estou debaixo da cama. Dá um jeito, dorme na casa de alguma colega. Mas não venha para casa.
- Sara você está bem? - não consegui ouvi-la. Estava morta de preocupação, por ela estar no fogo cruzado.
Então Phillipe pegou o telefone e falou:
- Sara aqui quem fala é o Phillipe Yohensen, estava levando a Sandra para casa, mas não se preocupe, ela ficará em segurança em minha casa. Se cuida, amanhã iremos aí cedo e vocês terão que se mudar imediatamente!
- Oh Ok! Cuide bem dela ok?
Tomei o telefone da mão dele antes que ela me fizesse passar mais constrangimento do que já havia passado em uma vida toda.
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AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO)
RomanceSandra, viveu sua infância e parte da adolescência em um lar abusivo, onde lhe faltava amor e carinho, sendo abusada pelos pais física e emocionalmente. Seus pais a odiavam por motivos que ela desconhecia. Mas para sobreviver a negligência deles...