AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO)

Coincidências?

Na quinta-feira, exatamente às 07:20 da manhã estava eu assinando a papelada que me faria receber uma grana preta.

Marcia olhava pra mim e sorria!

Sorri de volta, uma das minhas principais características era a gentileza. Hoje, estava muito contente! Pois uma das principais metas para aquela cidade estava se realizando hoje: trabalhar, e com um salário maravilhoso, dava para eu me manter na cidade para sempre!

Faltava ainda passar no Enen, sabia que meu tempo para outras coisas seria extremamente puxado, mas não me importava.

Precisava conquistar meus sonhos e provar principalmente para mim mesma que eu era capaz e que meus pais não tinham razão sobre o meu futuro.

Após assinar tudo, recebi um contrato de confidencialidade, pois segundo Regina havia me explicado teria que trabalhar diretamente com um dos principais gestores da empresa e esse contrato servia para manter os assuntos da empresa em segurança.

Resumindo, o que acontecia na emoresa, morria na empresa. E quem descumpria esse contrato, poderia ser demitido e responderia por um processo milionário.

Longe de mim de falar alguma coisa desta empresa. Teria que pagar com minha vida ou talvez quem sabe vender minha alma pra pagar em prestação.

Após a papelada assinada, Marcia me levou para conhecer a empresa e me apresentou as outras secretárias e ao pessoal da TI.

Depois Marcia me levou ao banheiro, me entregou três sacolas com 03 uniformes da empresa.

Este, era composto por uma saia lápis cinza chumbo, um pouco mais curta do que as saias que eu comprei, mostrando mais da metade das minhas pernas, uma blusa de seda laranja com botões frontais que vinham ate acima dos meus seios, que não eram tão pequenos, o que mostrava um pouco mais do que queria e um blazer da mesma cor da saia. Os 03 pares de sapatos também foram fornecidos, Cármen Stefan, na cor nude e com saltos altissimos que faziam minha bunda ficar maior do que já era.

Estava me sentindo um peixe fora d'água.

Ao me olhar no espelho, Marcia achou que estava faltando alguma coisa muito importante no meu look.

- Senta aí no banco, vou mudar sua cara, você está em com uma maquiagem de defunta, no final você irá me agradecer!

Tirou um lenço umedecido e demaquilante e passou por todo o meu rosto, depois tirou sua necessaire da bolsa e despejou um monte de vidrinhos de bases, blush, sombras, lápis de olho, rímel e batons.

Com mãos ágeis separou o que iria precisar e guardou o restante.

Primeiro passou uma base em meu rosto, em seguida corretivo, e nessa ordem, passou lápis, sombra, rímel e por fim o batom.

Depois tirou os grampos que prendiam meu cabelo, deixando-os cair livremente pela cintura.

- Tcham-raaaammmm - disse ela me mostrando novamente ao espelho - E nasce uma nova mulher! Ficou linda!

Quando saí de casa, havia feito uma maquiagem, mas era simples para o ambiente de trabalho, base, sombra em tons terrosos, lápis de olho, rimel e um batom cor de boca,mas nada se comparava àquilo. Parecia uma mulher saída das capas de revistas. Realmente estava linda!

- Sandra, o senhor Phillipe dá muita ênfase às funcionárias que trabalham diretamente com ele: Maquiagem impecável e cabelo perfeito. Você pode até usar uma roupinha requequé, que não é o seu caso, já que a assistente dele usa roupa diferenciada das outras assistentes da empresa, de uma certa forma você será o cartão de visitas da entrada da empresa. Se estiver mal vestida, todos os nossos clientes vão achar que a empresa não valerá a pena, pelos seus funcionários. Entende?

- Entendo, mas esse cara é gay ou tarado? Nada contra ser gay, mas homem que é homem não vai perceber os kilos de reboco que colocamos na cara, não que também entenda muito de homens! - disse com ar de curiosidade.

Ela sorriu.

- Você é muito hilária Sandra. Ele é homem, com H maiúsculo, e que homem! Mas é muito sistemático e sempre que ele solicita alguém para a Regina, ele pede que ela enfatise bem sobre esse assunto.

Que cara estranho!

- O que houve com a outra assistente do sr. Phillipe?

- Não sei, mas ouvi um zum-zum-zum aqui na empresa que ela não aguentou trabalhar com ele. Mas não se preocupe, você tem algo chamado jogo de cintura, pra encarar a Regina de peito erguido e ainda fazê-la pedir desculpas, você vai tirá-lo de letra!

-Mas não foi eu que a fiz pedir desculpas...

Nessa hora já estávamos chegando ao local onde iria trabalhar. Havia uma sala enorme, acho que era duas vezes o tamanho do "ovinho", não entrei na sala, e Marcia também não fez menção de me mostrar, creio que no momento certo, iria conhecer o meu chefe e a sua sala poderosa.

O local em que eu ficaria é ao lado da porta, havia um balcão na altura da mesa de vidro grosso, uma cadeira extremamente confortável, um telefone com identificador de chamadas, um notebook de última geração da Apple, uma impressora e um bloco de notas.

Marcia me informou onde ficavam os materiais de escritório, minha agenda onde teriam que estar anotados todos os compromissos do sr. Phillipe e me entregou um celular empresarial. Deveria andar com ele sempre ligado, não importava a hora do dia.

Com certeza, ele iria querer fazer valer cada centavo pago do meu salário. Em troca deveria doar minha alma.

- Boa sorte minha querida, ao meio-dia vamos almoçar aqui perto, aqui está seu cartão alimentação e cartão de vale alimentação, se não estiver muito afobada, me dá um toque que combinamos. Boa sorte e que os anjos lhe protejam!

- Obrigada - num misto de medo, curiosidade e felicidade por chegar onde cheguei.

Sentei em minha mesa e a manhã transcorreu tranquilamente. Nenhum sinal do sr. Phillipe, então quando as pessoas ligavam e deixavam recados, simplesmente anotava para repassar quando ele chegasse.

Às 11:55, recebi uma ligação de um número desconhecido no celular empresarial, conhecia àquela viz de algum lugar só não sabia de onde.

- Construcity, bom dia!

- Sandra, aqui é o Phillipe, não saia agora preciso que você digite um texto para mim, estarei chegando a alguns minutos. Por favor, entre na minha sala, ligue meu notebook, digite a senha sa321ph, e abra na oasta de contratos.

- Certo Sr. Phillipe, estou aguardando o senhor!

- Ótimo! - desligou o telefone sem ao menos dar obrigado.

Entrei na sala, que tinha cheiro de couro, era totalmente masculina, tinha um sofá, uma mesa de reunião à direita, com várias cadeiras, e no lado esquerdo havia uma mesa muito organizada, lápis e canetas separados por cor, tudo milimetricamente em sincronia, nada fora do lugar,uma cadeira de couro preta muito mais confortável do que a minha, uma obra de Picasso no fundo e uma estante repleta de livros.

Não perdi tempo, dei uma alongada nos dedos, sentei na cadeira que fica de frente para mesa, abri o notebook, liguei-o e digitei a senha. Apareceram várias pastas, cliquei na pasta de contratos e aguardei.

Agora, me restava esperar...