Uma Manhã Perigosa

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O primeiro dia das provas foi uma loucura, mas acho que me dei bem.
Fui uma das últimas a sair e pelo que estudei sei que valerá a pena.

Voltei para casa sem nenhuma intercorrência, e Sara estava ansiosa quando me viu entrar pela porta.

- E ai como foram as provas, gostou? - disse, com ar de uma mãe ou irmã mais velha que ela fazia quando estava ansiosa.

Abrindo a bolsa e pegando o caderno de respostas disse:

- Vamos descobrir?

Ela sentou junto comigo e fomos conferindo as respostas, uma a uma e no final estava sorridente e lágrimas escorriam dos meus olhos.

- Acho que com esse resultado, e juntando com os de amanhã, tenho chances concretas. Vou ligar para o Edu e avisar, ele está esperando minha ligação.

- E o Edu é... - disse me olhando com ar de quem não fazia a mínima ideia de quem era ele.

- Ah, me esqueci de te contar, o Edu é o rapaz que conheci na empresa e que é super atencioso comigo além de ser bem fofo. No dia em que o Yohensen teve aquele incidente aqui em casa, antes de chegar estava conversando com o Edu e nem percebi a hora passar.

- Amiga você está arrebatando corações e nem precisou se cadastrar no Tinder como eu! Menina deixa eu me esfregar em você pra ver se tenho sorte com algum gato, porque até então só encontro e beijo os sapos... - ela sorria e esfregava seus braços nos meus.

- Você está vendo coisas onde não existem! O Yohensen é meu chefe e o Edu meu amigo. Não existe nada mais, além disso. Não coloque caraminholas em minha cabeça porque não quero pensar nisso agora, preciso me concentrar apenas com meus estudos e garantir o meu trabalho. Não posso me envolver com nenhum dos dois. Não agora.

- Tsc, tsc, tsc - Sara balançou a cabeça, não acreditando em nada do que eu disse.

- Não tem nada acontecendo. Bem, aliás, o Yohensen esteve aqui mais cedo com um papo meio esquisito de que queria que eu provasse que gostava dele. E eu realmente gosto, mas não sei o que isso vai mudar alguma coisa se não é recíproco da parte dele também. Do outro lado, tem o Eduardo que é um fofo, bonito e a gente tem um entrosamento super bacana... Ai Sara, não sei o que pensar sobre isso tudo.

- Minha amiga siga seu coração. - disse.

- Não sei o que pensar, tudo isso me deixa muito confusa, sinto que seguindo o meu coração, algo me diz, sei lá, talvez uma intuição boba, algo lá no fundo... Posso quebrar a cara. Sou louca pelo Yohensen, mas talvez seja porque ele me acolheu como nenhum outro homem fez, talvez seja apenas gratidão. Mas confesso que nunca sentir isso antes. O problema é que ele pode ter quem ele quiser, e isso não me passa confiança e você sabe que no quesito "confiança", eu tenho sérios problemas. E se ele for o primeiro a ganhar meu coração e for o último a destroçá-lo? Porque o meu pai a quem eu amei a vida toda, foi o primeiro. Se ele fizer algo desse tipo, me destruirá, porque eu o amo.

Dizendo isso, coloquei a mão na boca, abismada pelo que falei em voz alta. E no pensamento repeti vezes seguidas que o amava.

Encerrei essa conversa desejando boa noite a Sara, indo para meu quarto. Liguei para o Edu, mas não consegui falar com ele, então deixei uma mensagem. Mas ele não a visualizou.

Quando deitei na cama, tentei ao máximo parar de pensar no Yohensen queria muito empurrar esse amor para o fundo do meu subconsciente. Não era algo a se pensar quando teria um longo dia pela frente, amanhã.

Deitei e dormir o sono dos justos.

Na manhã seguinte, ainda não queria pensar em nada que me tirasse o foco dos meus estudos e das provas que viriam a seguir. Então acordei mais cedo, preparei um café bem forte, troquei de roupa e saí antes que pudesse encontrar as duas pessoas que mexiam com o meu coração e com o meu corpo. Um mais do que o outro. Mas o outro eu poderia ter mais chances e aparentemente gostava de mim.

Fui andando ao ponto de ônibus mais próximo mas não percebi um carro preto que estava estacionado próximo à minha casa. Não tinha tempo para isso.

Na bolsa o celular tocava sem parar. Mas também não havia percebido, pois este se encontrava no silencioso.

Estava tão absorta em pensamentos que andava como se não pertencesse a esse mundo. Esse foi o meu erro.

Ao chegar no ponto, também não percebi um homem muito forte e alto se aproximar e sentar ao meu lado. Eram 07 horas da manhã de um domingo tranquilo, onde não haviam pessoas nas ruas. Pensei em ficar em um lugar calmo e tranquilo revisando meus estudos e não precisar me bater com nenhuma pessoa que estava me tirando o foco, e quando digo pessoa me refiro ao Yohensen ou o Edu.

Ao notar que o homem me olhava de forma estranha e persistente, senti um calafrio percorrer meu corpo, e percebi que se ele fosse um bandido, eu não teria chance nenhuma contra ele.

Era como uma formiga lutar contra um elefante. Então, lentamente levantei, apanhando meus livros e arrodeei o ponto de ônibus, mas esse foi o meu erro. Pois ao dar as costas ao homem, mantive a guarda baixa dando espaço para que o mesmo me segurasse tapando a minha boca com um lenço que possuía um odor muito forte, não me dando a chance de gritar.

Tudo aconteceu muito rápido!

Ele me arrastou com um pouco de dificuldade, e me levava para um beco sem saída. Meu Deus, ele vai me estuprar ? Ele vai me matar! Eu não cheguei até aqui para ser morta assim, precisaria lutar!

Me debati, tentei acertar golpes com a mão que estava solta, mas em vão. Ele era o triplo do meu tamanho e muito forte. Tudo estava perdido. Lágrimas brotavam dos meus olhos e caíam pelo meu rosto.

- Calma Neném, esse corpo gostoso será muito bem apreciado e se ficar quietinha prometo não te machucar - disse o miserável que queria me estuprar enquanto alisava meu corpo e apalpava minha bunda.

Fechei os olhos, tentava fazer meu espírito sair do corpo como acontecia quando meu pai me espancava. Aliviar a dor de não presenciar mais uma agressão sofrida injustamente.

Estava quase desfalecendo quando ouvi um baque seco, e mais outro, então o homem que me segurava caiu estatelado no chão, me jogando contra o paralelepípedo. Acho que na queda, bati a cabeça.

Vi cenas em pequenos flashs à minha frente, minha cabeça latejada, minha bolsa estava aberta e meus pertences espalhados. Meu celular havia se quebrado na queda.

Em seguida, vi algumas pessoas vindo em minha direção me ajudando a levantar, estava fraca, quase não conseguia ficar em pé, na minha frente o homem que me atacou estava caído e alguém estava montado nele, socando-o com toda a voracidade. As pessoas tentavam tirá-lo de cima, mas era impossível. Mas...

O homem que batia se parecia com... Yohensen?

Mas... Como ele me encontrou?

Minha cabeça estava doendo, senti um líquido quente descendo entre meus olhos, mas, não sabia o que era e enquanto isso, o Yohensen espancava o homem tentando colher informações.

Um policial se aproximou dele, tentando mais uma vez retira-lo de cima do bandido. Devagar, seu rosto foi assumindo o semblante de sempre, então, ele se levantou, conversou alguma coisa com o guarda e veio correndo em minha direção.

Ao tocar em meu rosto, pude ver que o líquido que escorria era sangue. Uma moça que presenciou a cena, e que morava perto, trouxe um lenço molhado para que eu pudesse me limpar.

- O... Obrigada - disse ao mesmo tempo para ela e para o Yohensen que me olhava com um olhar preocupado. - minha voz saía rouca devido ao aperto em meu pescoço. Minha garganta queimava.

AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora