AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO)

A transformação da lagarta

Dominique estava possesso em saber que o sobrinho estava fazendo farra a semana toda e tinha cancelado todas as reuniões com as grandes empresas que o tio o havia orientado a procurar para fazer aquisições e fusões.

No caso do Yoshico foi pior ainda, pois  além de ser muito ocupado me dando o maior sufoco para conseguir um pouco do seu tempo foi perdido por vadiagem do Yohensen.

Ao ligar para ele novamente a pedido do Dominique que pegou o telefone da minha mão, ouviu os xingamentos dados à nossa empresa e a promessa de procurar a nossa concorrente.

Não preciso dizer que o Dominique estava uma fera e com toda razão!

Já havia me dirigido para minha mesa e arrumava os contratos das reuniões canceladas quando o vi passar como uma flecha e do elevador me pedir que o acompanhasse.

Percebi que o que vinha a seguir daria merda de toda e qualquer forma e eu não desejaria estar presente nem aqui e nem na China, mas como era secretária executiva e pessoal do meu chefinho, tinha que manter o controle da situação.

Com a cabeça ele pediu que eu entrasse no carro e continuou ao telefone por todo o caminho até a casa do Yohensen. Não tinha ideia com quem ele falava, mas pelo tom de voz, boa coisa não era. Então,  muda fui e muda fiquei.

Ao chegarmos nos dirigimos para o elevador principal em silêncio. Ao chegar na cobertura do meu chefinho babaca, antes de adentrar o recinto o Dominique me chamou e sussurrando me falou:

- Sei que você é uma pessoa ética,  mas caso veja alguma coisa que a choque, peço que mantenha discrição e mantenha tudo que está prestes a ver no maior sigilo... e obrigada por me dar essa força!

Engraçado,  muito engraçado... como se fosse opção minha estar querendo dar essa força pra ele. Não estou reclamando de nada não,  mas bem que poderia ter um patrão menos complicado,  que não fosse tão gato, tesudo e me deixasse de quatro por ele ou que ele não se dissesse apaixonado por mim... facilitaria muito a minha vida. Estaríamos trabalhando felizes e na mais tranquila paz e eu poderia agora estar no sossego do meu lar,  assistindo a um filme com a minha melhor amiga.

Mas longe disso, já se passavam das 19 horas e ao entrarmos no apartamento chique e antes arrumado, parecia uma zona de guerra da Casa da Playboy, haviam garrafas quebradas pela casa, roupas íntimas femininas (não era uma ou duas, mas dezenas, como se alguém estivesse feito a sala de provador de loja de calcinhas!) espalhadas pela casa, tinha uma loira nua desmaiada no sofá,  cheia de chupões pelo corpo, e quando chegamos ao quarto do Yohensen, haviam três mulheres dormindo ao seu lado, todas despidas  e ele estava ao centro... nu, roncando como um porco!

Ao ver aquilo virei o rosto. Aquilo já ia além do meu trabalho!

Cretino, maldito! Eu me desgraçando toda, recebendo todas as rebombadas de clientes insatisfeitos e ele participando de uma orgia! Estava puta da vida, mas esse não era o real motivo da minha chateação.

No fundo, no fundo, tinha esperanças que o Yohensen pudesse ser o homem da minha vida, pudesse ser o cara com que sempre sonhei, que esperasse por mim. Mas, no primeiro não que disse para ele, foi em busca do prazer que me neguei a lhe dar. Se ele realmente gostasse de mim de verdade, tentaria mais uma vez. Seria um pouco mais persistente,  mas só me provou o que eu estava careca de saber o tempo todo: definitivamente, ele não era homem para mim!

Mesmo com o aviso do Dominique,  estava chocada com o que via ali. Vendo meu rosto pálido e olhando para o sobrinho naquele estado, completamente embriagado, despido me pediu que eu saísse do quarto e que eu estava liberada. E a conversa seria entre família.

Se a conversa era em família, porque diabos ele me levou àquela situação degradante? Talvez , fosse exatamente o que o Dominique quisesse que acontecesse e eu, se caso possuísse algum encantamento por aquele sapo em forma de príncipe,  perdesse o tesão na hora.

Tática infalível! Funcionou tão bem, que em meus pensamentos pensava em mil e uma maneiras de matá-lo por  duvidar da minha capacidade mental de cair em suas garras!

Não sei o que se passou depois disso, dei as costas e uma única lágrima  insistia em cair, respirei fundo e liguei para Edu. Quando vim para São Paulo,  quis ser outra pessoa, não a vítima,  mas alguém dona do próprio nariz. Se esse cara dizia que me amava imagine se me odiasse.

Prometi a mim mesma que jamais, em tempo algum, sofreria por ninguém, nem meus pais, aqueles filhos das putas, negligentes, e se eu podia superar isso, superar o Yohensen é fichinha.

A partir de hoje serei outra pessoa!
A começar pelas pessoas que quero ao meu redor, e o Yohensen com certeza não está na lista.

Ao contrário daquele cafajeste mentiroso, o Edu era atencioso e sempre solícito para comigo. Peguei o smartphone e disquei o seu número. Como não era de se esperar fui atendida após o primeiro toque!

Conversa com o Edu:

- Alô,  oi Edu tudo bem, não tenho te visto ultimamente, por onde anda e como tem passado?

- Oi Sandrinha realmente não tenho te visto mesmo e estou com saudade das nossas conversas, meu turno foi mudado pra noite ... isso transformou minha vida numa loucura total, pois estou sofrendo com o sono durante as aulas. Mas e você está bem? - quando ele disse que haviam mudado o horário do turno só consegui pensar na única pessoa que atrapalharia minha vida e minhas companhias apenas por diversão. Maldito, filho da mãe e infeliz!

- Então, eu estou bem... eh - estava nervosa e gaguejei ao tentar chamá-lo pra sair, afinal essa seria a minha primeira vez. Mas o não eu já tinha, estava torcendo muito para que ele dissesse sim, porque hoje eu estava a fim de extravasar sem pensar no amanhã. Respirei fundo e fui direto ao ponto. - Estava pensando, que horas acaba seu turno? Está a fim de me levar pra sair? Pensei em algo bem dançante e com muita música e se tiver bebida, não me importarei nenhum pingo!

- Opa, quem é  você  e o que fez com a minha amiga Sandra? Aonde você a trancafiou? - disse ele sorrindo. - Claro! Sairei às 23 horas, passarei em sua casa meia noite, combinado?

- Combinado. Fico te aguardando. Beijos!

- (Risos) essa definitivamente não é você,  mas estou muito curioso pra  descobrir quem é! Beijos gata!

🌺🌺🌺🌺🌺🌺🌺🌺🌺🌺🌺🌺🌺

Fiz uma dancinha ridícula dentro do elevador. Conversar com o Edu me dava outro astral, consegui até esboçar um sorriso, porque se alguém em alguma câmera do elevador estivesse olhando para tela, com certeza pensaria que  uma garota tão nova como eu deveria ser louca.

Mas quem se importa com isso?

Fui pra casa , tomei um banho demorado e não encontrei a Sara, mas encontrei um recado seu na porta da geladeira, que dizia que ela estaria em um encontro!  Hum, a vida de Sarah anda bem animada.

Estava parada na frente do meu guarda-roupas escolhendo o que vestir para uma balada,  não fazia a menor idéia. Mas terei que confiar em meu taco se quiser ser outra pessoa. Então, escolhi o vestido azul bic que comprei por insistência de Sara que disse que se fosse homem me pegaria com certeza. Comprei na verdade por  impulso, mas tinha total convicção de que nunca iria usar algo tão ousado... até hoje a noite.

Este, era curto, tinha um decote atrás  que deixavam as costas nuas até um pouco acima da bunda e na frente possuía um decote em V, que deixavam meus seios bonitos, bem definidos e maiores. Nos pés, uma sandália de tiras finas e salto alto. Fiz uma maquiagem pra noite e cabelos soltos.

Uau! Estava me sentindo realmente gostosa! A noite é minha e o boi não lambe!