Incertezas

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- Provar? - Não preciso te provar nada!

Estava fazendo um giro de quase noventa graus, quando ele segurou o meu braço. Encostou sua testa na minha, me fazendo olhar diretamente para ele.

Rostos colados, podia sentir sua respiração ofegante na minha boca, senti todos os pêlos do meu corpo se eriçarem, senti algo molhado em minhas partes baixas. Mas que diabos esse cara pretendia?

- Diga que não sente nada por mim! Olhando nos meus olhos! 

Não podia fazer isso, não podia nem olhar em seus olhos e não sentir vontade de beijar aquela boca sedutoramente linda.

Estava quase caindo em tentação quando ouvi meu nome ser chamado por alguém que atravessava a rua e vinha em minha direção.

Acordando do encantamento do Yohensen, abri os olhos e virei a cabeça  para a direção em que vinha a voz.

O Yohensen ao ver quem era me soltou imediatamente, franzindo a testa e fechando a cara. Eu estava sorrindo. Talvez por não precisar dizer aquela mentira deslavada e falhar miseravelmente.

E dar lugar e poder ao Yohensen fazer de mim o que quisesse. É, ele tinha esse poder, de me tirar do chão, de me deixar muito confusa e eu sabia que não tinha a menor chance com ele e no final, seria apenas eu, destroçada por aquela força da natureza em pessoa.

- Edu, que bom que você veio! - disse quase gritando, mesmo ele já estando perto de mim.

- Que bom que você me chamou! - ele sorria. Mas ao olhar para meu chefe, seu sorriso morreu, deixando-o com ar de preocupação e confusão. - Oi sr. Phillipe, o senhor por aqui? Aconteceu alguma coisa na empresa?

- Oi. - disse, seu semblante estava duro, seu ar era pesado e ele assumira a posição de macho alfa e cheio de poder de sempre, quando respondeu friamente para o Edu, tratando-o, como se ele fosse um nada. - Não sei se você sabe, mas a Sandra é minha assistente pessoal, e ela é paga para isso. Para atender a todas as minhas necessidades. Não entendi a sua surpresa!

Edu fechou os punhos e eu já estava vendo ali uma briga de cães raivosos. Interferi, arrastando o Edu para longe. Puxando-o pelo braço.

- Vamos Edu, você não ficou de me levar para fazer as provas, gostaria de ir mais cedo, caso haja trânsito. Yohensen depois a gente se fala ok? Tchau, - Edu veio sendo arrastado mas olhando feio também para o Yohensen que o encarava com cara de poucos amigos.

Enquanto estávamos andando em direção ao ponto de ônibus, vi o carro do Yohensen cantando pneus e sumindo em alta velocidade. Só então pude respirar aliviada.

- É muito esquisito como o seu chefe trata você! Acho que ele gosta de você... - disse ele olhando para frente como se isso não fosse nada demais.

Gargalhei um pouco histérica, surpreendendo até a mim mesma com minha atitude, me controlei, respirando pausadamente.

- Essa é a coisa mais absurda que alguém me disse! O Yohensen a fim de mim? - Continuei sorrindo,fazendo sons estranhos que imitavam um porco.  Sabia que era justamente o oposto. Eu estava caidinha por ele, e não o contrário. Estava rindo, mas estava preocupada e com medo do Edu descobrir o meu segredo, quase óbvio.

- Ei não ria! Por qual motivo um chefe vem à  casa da assistente em pleno sábado pela manhã sem motivo algum? O que ele queria com você, era algo relacionado ao trabalho?

O ônibus chegou, nós entramos e procuramos duas cadeiras no fundo do veículo.

Eu o olhei nos olhos e não sabia o que responder. O meu chefe foi ao meu encontro pra me provocar, pra saber o que eu sinto por ele, mas não disse porque estava ali.

- Será que é tão absurdo assim? - me assustei quando ele me tirou dos meus pensamentos.

- Oi?! O que você estava dizendo? - disse com cara de paisagem, mas também não sabia o motivo do Yohensen ter ido lá me ver.

- Nada, deixa para lá. Só tome cuidado com ele ok? Caras como o Yohensen podem ter o que quiser mas quando enjoam, não contam conversa, troca de mulher como se trocasse de roupas.

Enrubesci.

- Não fique constrangida. Me desculpe pelo que disse mais me preocupo com você ok? Só me prometa que será cautelosa.

- Eu prometo. - mas sabia que talvez a  promessa não fosse garantia de nada. Pois se o Yohensen quisesse e tivesse uma oportunidade sozinho comigo, eu não teria a mesma sorte de hoje e poderia sucumbir aquela oitava maravilha do mundo sem nem pestanejar.

- Vamos? - ele já estava de pé e pegava a minha mão. - Chegamos. Se você quiser eu te espero aqui e na volta podemos comer alguma coisa.

- Ah Edu, obrigada, você é muito gentil, mas não estrague seu sábado por minha causa. Pode ir, depois eu te ligo pra te contar como foram as provas.

- Tem certeza?

- Tenho. -  quando estava virando as costas ele abruptamente veio atrás de mim e girando o rosto me beijou, mas pelo reflexo, virei o rosto antes e o beijo pegou em minha bochecha. Corei novamente. Ele sorrio e deu tchau com as mãos.

- Boa sorte com as provas!

Ao entrar na instituição em que ia fazer as provas, pensei ter visto um carro familiar. Mas afastei o pensamento e comecei a dar uma lida nos rascunhos que estava segurando.

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No outro lado da rua, estava o carro do Yohensen. Parado. Vidros fumês, escondiam um cara cheio de ódio por não conseguir o que queria.

Olhava Sandra com olhos sombrios, segurava no volante com muita força. Apertava o maxilar como se fosse quebrá-lo dentro da boca.

De repente, seu telefone tocou, tirando-o do mar de pensamentos ruins que afloravam em sua mente.

Ligação para Yohensen:

-Alô, meu querido, para onde você foi? Estou muito preocupada! -  Disse Sthephany.

Revirando os olhos e com a voz mais fria e monótona possível disse:

- Estava entediado, estou dando uma volta, daqui a pouco estou em casa.

- Ai amorzinho, se eu soubesse que estava assim, teria feito algo para lhe tirar da monotonia.

Ele foi tomado por algo parecido com asco, algo que o fazia desejar que aquela mulher burra e fútil fosse para os quintos dos infernos! Em seu pensamento, a única mulher que o agradava de todas as formas era Sandra. Mas ele agora só  conseguia imaginá-la nua em sua cama, com seios fartos e pernas abertas... . -  Não me espere em casa!

- Está bem meu amor. Quando quiser me liga! Estou morrendo de saudades! Te amo! Beijinhos...

Ele havia desligado o telefone, deixando-a no vácuo. Não queria aquela mulher. E já havia deixado claro de todas as formas, será que ela não havia captado a mensagem?

Mas uma vez, imaginou Sandra, com aquela face de pureza, disposta a dar o que ele queria. Primeiro seu coração, depois aquele corpo quente, gostoso  e puro. Ela o deixava louco. E não conseguia tirar aquela mulher da cabeça.

O ar de menina indefesa que ela possuía o fazia querer protegê-la de qualquer predador que cruzasse o seu caminho.

E o Eduardo, aquele canalha também pensava dessa forma. Está querendo o que é meu por direito. Mas isso não irá acontecer. Antes farei da vida dele um inferno.

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Olá meus queridos e queridas, espero que estejam gostando do livro e fico muito feliz por isso. Se puderem votar eu ficarei mais agradecida e feliz ainda.
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AMOR PARA RECOMEÇAR (COMPLETO) Onde histórias criam vida. Descubra agora