Capítulo 13 - Fortaleza

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Era madrugada quando Petrus acordou de um pesadelo. Observou Maya dormir ao seu lado com os cabelos loiros espalhados pelo travesseiro e um semblante de paz. A admirou por um momento. Alisou seu rosto e acalmou sua respiração.

Desceu da cama e vestiu um casaco, se espreguiçando saiu pelo corredor. Ia ver o pai. Era isso que fazia nas madrugadas dos últimos quatro dias desde que ele passara mal. Petrus sentiu uma latente preocupação que afetava seu sono. Odiava a forma como não controlava suas crises de ansiedade. Era sempre assim quando algo o afligia. Seu sono era tirado sem qualquer remorso por sua mente. As mãos suavam e aquela terrível sensação de taquicardia o atingia junto a falta de ar. Dessa vez também havia uma angústia, do tipo que só é sentida quando se sabe que se está para perder algo importante.

Abriu a porta do quarto do pai. O viu de relance na cama. A respiração estabilizada e um ronco saudável. Petrus se aproximou para confirmar a visão. Se sentou na poltrona próxima e observou os diários de Alice em uma mesa ao lado. Imaginou o pai os lendo e estremeceu.

Voltou a fitá-lo. Parecia tanto com o pai, havia se esquecido disso. Não havia como guardar memórias tão realistas que se comparassem a estar ali o fitando. Observando cada linha de expressão, cada detalhe. Aidan era um pouco mais velho que Isaac fisicamente. Beirava os quarenta e cinco anos. Petrus se lembrou do pai mais jovem e mais loiro. Lembrou-se de como ele era forte e cheio de luz. Lembrou-se de acompanhá-lo todas as manhãs nas proximidades do abrigo.

"- Pai, podemos voltar agora? - Petrus resmungou mais uma vez. O auge do verão trazia um calor excessivo.

Aidan limpou o suor da testa e estendeu o pote de água ao filho.

- Ainda não Petrus, mas beba um pouco mais de água. - parou de cortar lenha e se apoiou com o pé esquerdo na madeira que usava de base para os cortes. Tirou a blusa e enxugou o corpo com ela. - Pode tirar a blusa se quiser, está muito quente. - o menino copiou o pai e se escorou na sombra da árvore novamente enquanto bebia a água.

Estavam à alguns quilômetros de casa. Brianna aguentava bravamente sua terceira gestação, se desdobrando para educar Scarlett. Petrus ficava com Aidan a maior parte do tempo, enquanto Theon, Cleo e Maya davam trabalho suficiente a Julia. Isaac passava o dia junto a Brendon na cidade e isso deixava Aidan aliviado. Ver o irmão ter algum tipo de normalidade na vida, mesmo que talvez aquilo não durasse por muito tempo. Sobrava para ele o trabalho mais pesado. mas ele não se importava. Cortar a lenha que usavam nas noites, tentava fazer melhorias na casa. Estava construindo camas mais resistentes para as crianças. Petrus o ajudava, mesmo com cinco anos já tinha uma habilidade afiada para esculpir pequenos pedaços de madeira. Quando esculpia pequenos brinquedos, os levava para casa e os dava para Scarlett pintar.

- Podemos ir ao rio? - Petrus perguntou com esperança. Enxugou o suor da testa com as mãos.

- Depois que almoçarmos levo você e os outros, está bem? - Aidan pegava outro pedaço de lenha e com um machado se preparava para cortá-lo. Petrus concordou. Apesar de ser uma criança extremamente curiosa, era um filho muito compreensivo. Aceitava toda a situação de suas vidas muito melhor que todas as outras crianças.

- Podemos ir para casa agora? - perguntou Petrus mais uma vez, agora com um sorriso no rosto que ganharia o pai. Aidan suspirou e abandonou o machado.

- Podemos. Venha, me ajude com as lenhas. - Petrus sorriu vitorioso e recebeu um beijo na cabeça. - Quem sabe não paramos por uns minutos no rio? "

Petrus sorriu com a memória. Deixou o quarto do pai sentindo o ar voltar ao seu fluxo normal e a angústia sumir. Ele estava bem. 

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