Capítulo 42- Oslo

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Luc estava de pé, esperando enquanto os outros se sentavam por seu quarto. Quando notou que eles o olhavam esperando, ele sentiu mais uma vez a responsabilidade do que estava fazendo. Todas vez que eles o olhavam daquela forma, ele sentia medo, mas dessa vez era um tipo diferente de medo. Antes o medo que sentia era de não ser suficiente, de não poder cuidar deles ou ensinar nem mesmo uma projeção. Naquele momento, o medo se resumia ao horror de pensar que poderia perder um deles nos próximos dias. Aquela poderia ser a última vez que os veria juntos.

A feição de Luc perdeu confiança, ele apenas os encarava sem saber o que dizer. As palavras que havia pensado antes, se desfizeram.

- Eu não posso fazer isso... - ele murmurou.

- Luc! - Thomas, sentado ao pé da cama o chamou. - Você pode, vamos! - o incentivou carinhosamente em um murmúrio. Luc assentiu também, e depois olhou para Alexis que também o incentivava com um sorriso.

Luc sentiu seu corpo esquentar de uma forma nova. Ele nunca antes teve alguém o apoiando daquela forma, alguém que estivesse ali por ele para qualquer coisa, que torcesse e acreditasse nele.

- Eu tenho tentado dar o meu melhor por vocês, e sinceramente acho que se eu dissesse agora que está tudo bem, eu estaria contando uma tremenda mentira. Não é novidade para ninguém que estou apavorado e ainda completamente contra o que vamos fazer essa noite, mas eu preciso dizer mais uma vez, que lutaremos juntos até o fim... - Luc travou mais uma vez ao pensar no que poderia representar aquela última palavra. - Se alguém quiser ficar...

- Nós vamos! - protestou Shang.

- Todos juntos! - completou Liam com certeza em sua voz.

- Então vamos lá e vamos terminar o que esses desgraçados começaram! - disse Luc tentando demonstrar confiança. Lisa sorriu dizendo "é isso aí". - Arrumem suas bolsas e descansem. Às cinco horas iremos jantar e nos reuniremos logo em seguida para partir. - Luc parou por mais um minuto. - Eu desejo, de verdade que tudo dê certo, e me sinto feliz por estar indo com vocês ao meu lado, tão bravamente. Sinto orgulho de quem são! Sinto orgulho de poder significar algo para cada um de vocês. Vocês são minha família, e eu não farei nada menos que tudo para que todos nós voltemos pra casa em segurança. Thomas? - Luc o convidou a falar, Thomas ficou de pé.

- Tudo o que posso dizer hoje é que confio em nosso potencial para dar um fim digno à essa história. Os Escuros nos venceram uma vez por covardia, pelo inesperado. Hoje nós somos o inesperado! Sem qualquer covardia, indo de iguais para iguais. E eu acredito que podemos contra eles, porque o mal desconhece a luz. O mal não conhece a natureza, o amor, ou a família. O mal não conhece a união, o perdão e a amizade. O mal conhece o pecado, o medo e a ganância. O mal é imparcial, e o bem é mutável. Estejam certos que Isaac estava correto ao dizer que existe uma parcela de mal em cada um de vocês, mas saibam que tão certo quanto esse fato, é a certeza de que não existe nenhuma parcela de bem na escuridão. O ser humano é vulnerável, falho. O mal existe em todos, mas a luz sempre fala mais alto quando estamos com ela. Confiar na luz, faz o mal em nós se tornar uma parcela insignificante, e quando eu digo luz, eu digo a vida, o amor e a esperança. A luz nada mais é que isso! E eu sei que todos aqui são soldados da luz, são guiados por ela. - Thomas sorriu e os olhou, um a um. - Ela estará conosco!

- Posso dizer algo? - perguntou Alexis antes de se levantar do chão. - Um dia eu acordei e minha vida começou a desmoronar sem qualquer aviso prévio. Eu tinha tudo, tudo mesmo, e em semanas e meses, essas partes foram sendo tiradas de mim sem que eu quisesse. Sem que eu sequer entendesse porque... Até que eu entendi! Existe um caminho para cada um aqui, sim, existe mesmo! Não vai ser nem um pouco parecido com o que você espera, nem tão fácil quando você desejaria, então a única coisa que podemos ter é esperança. Quando eu aprendi a ter esperança, tudo se tornou suportável. O hoje é suportável! O amanhã com certeza será... Principalmente, eu sei que a esperança em dias melhores tem um forte poder, muito maior do que a luz que sai de nossas mãos. Um grande amigo me ensinou isso, e ele estava profundamente certo. Eu desejo que carreguem consigo na escuridão, a esperança e a luz. Eu sei, eu sei com muita certeza dentro de mim que teremos paz em muito pouco tempo.

Alexis sorriu e pouco a pouco os outros foram se levantando. Eles se abraçaram e conversaram por alguns minutos antes de irem para seus quartos.

Luc se aproximou da varanda enquanto Alexis fechava a porta do quarto. Olhou para as pessoas andando rapidamente pela calçada, até que a sente abraçá-lo.

- Vai ligar para o Anthony? - Ele perguntou, e Alexis assentiu. - E seus pais?

- Não aguento mais me despedir deles... Eu só vou ligar para o Tom porque eu realmente preciso dar a ele uma satisfação. - Alexis suspirou também olhando as pessoas na rua.

- Faz isso agora então. - sugeriu Luc.

- É... - ela se endireitou e puxou o celular do bolso.

- Alô? Lexi?

- Oi Tom... - ela sorriu ao ouvir a voz do irmão, apesar de odiar a urgência nela. - Está chegando a hora... Não vou poder te ligar de lá.

- E como vou saber se está tudo bem?

- Você tem que ser paciente! Vamos tentar avisá-los, mas precisa esperar.

- Quanto tempo?

- No mínimo três dias

- Mas esse não é o tempo de chegar até eles?

- Exato, mas não sabemos como vai ser lá... Quer dizer... Quanto tempo vamos demorar.

- Espero que tenham um plano Alexis! - disse ele sério.

- Nós temos!

- Você jurou voltar pra casa...

- Eu vou voltar Tom! - houve silêncio por um tempo. - Como estão as coisas na casa?

- Está tudo bem. Nossa única preocupação é com vocês... Pavel e Nicolai ensinaram algumas coisas ao Pitsburg.

- Isso é bom!

- Volta logo pra casa, ok? Eu te amo! Diz ao Luc que eu também amo ele. - Anthony disse com simplicidade.

- Vou dizer! Nós também te amamos. Vou desligar...Até logo!

- Até!

- Nós te amamos? - perguntou Luc enquanto Alexis guardava o celular e voltava a abraçá-lo.

- Eu e você.

- Nem vem com essa responsabilidade pra cima de mim... - Luc brincou, rindo

largamente. Alexis riu também.

- Não vai ligar para o James?

- Não vou ligar pra ninguém! Não quero tornar isso pior do que já é. - Luc a olhou. - Tem mesmo esperança?

- Não tenho outra opção! Precisamos mesmo começar a acreditar nas coisas...

- Thomas diz que existe poder em acreditar... Eu só quero me livrar desses filhos da puta, Alexis. Estou esperando por uma chance desde a primeira vez em que Thomas me contou sobre aquela noite.

- Melhor nos livrarmos deles antes que eles se livrem de nós...

  - Vamos voltar com a sua positividade, ok? - eles riram juntos.   

A Linhagem Winlook 3Onde histórias criam vida. Descubra agora