Capítulo 41 - Oslo

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Os primeiros raios de sol chegavam timidamente naquela manhã em Oslo, e naquele mesmo momento, os Legítimos, a Liga e o Conselho estavam reunidos na sala Salem mais uma vez.

- Sem lanternas, celulares, fósforos, objetos cortantes ou qualquer outro tipo de arma. - dizia Noa. - Nada disso será útil. Só quero que levem com vocês: comida, água e cobertores. Se agasalhem o suficiente para não congelar. Todo o resto podemos contornar com nossos poderes.

- Temos horas até a noite cair, sugiro que descansem ainda mais e que permaneçam unidos. - propôs Isaac. - Iremos para no limite do território deles para que vocês recarreguem as energias com a natureza.

- Vamos, quero falar com vocês! Vamos até o meu quarto. - Luc chamou seu grupo, ficando de pé.

- Scarlett? - Isaac murmurou atrás da filha. - Alaric! Podem ficar por um momento?

Scarlett fechou os olhos com impaciência, como se lutasse contra si mesma para não explodir ali. Alaric permaneceu de pé hesitante. Olhou para Maya que já alcançava a porta, e recebeu um olhar de encorajamento da tia.

Os dois permaneceram em silêncio na sala, enquanto Maya e Petrus saiam junto aos outros.

- Eu conversei com Maya e com Petrus na madrugada. - começou Isaac ainda atrás de Scarlett. - Eu tenho a última chance de consertar todo o mal que fiz a vocês, meus filhos. Em três dias não existirei mais, chegará ao fim minha vida amaldiçoada e a única coisa que peço, que preciso, é do perdão de vocês.

Isaac olhou para Alaric, que desviou o olhar para o chão. Scarlett permaneceu sentada, imóvel.

- Você alguma vez sentiu remorso por tudo o que fez? - perguntou Scarlett. Isaac deu a volta a mesa, ficando de frente a ela.

- Minha vida se resume a um remorso sem fim Scarlett! Você mais que ninguém sabe disso. - Isaac a olhou nos olhos, ela sustentou a conexão, sem mostrar qualquer abalo.

- Por que, eu, sei? Por que sempre quis me fazer acreditar que éramos iguais? Por que sempre me disse que eu era exatamente como você? Você criou uma máscara para que eu a usasse Isaac, e eu a usei porque pensei que fosse minha verdadeira face, minha própria pele. - Scarlett tinha raiva em seu olhar e em sua voz. - Brincou de bonecos com todos nós! Fez conosco o que fez com seus irmãos... Não era forte o suficiente para encarar a realidade, então criou uma que pudesse suportar, mas nós somos diferentes de você! Nós podíamos lidar com o mundo. Podíamos sair daquela maldita jaula e fazer o que estamos fazendo agora, muito antes! Você é covarde...

- Eu nunca quis os perder minha filha! - disse Isaac se aproximando dela. Os olhos cheios de lágrimas. - Sou um velho covarde, que ama os filhos mais do que a própria vida...

- AMA? - Scarlett berrou ficando de pé. - VOCÊ CHAMA SUA LOUCURA DE AMOR? VOCÊ SEQUER AMOU UM DE NÓS DE VERDADE ALGUMA VEZ NESSA MALDITA VIDA?

- Eu os amo Scarlett, todos vocês! - Isaac gritou em um pedido de compreensão. - Sempre amei e sempre irei amar!

- VOCÊ NOS FEZ DE BONECOS! - ela berrou repetindo. - Tem ideia do quão perturbador isso é? Criou uma casa, criou suas leis, criou identidades para nós, criou um mundo lá fora que não existia.

- Não existia?

- Se o medo que sempre sentiu, que sempre nos prendeu naquela casa, existe de verdade, porque estamos aqui? Ou melhor, porque você está aqui? Porque não fugiu? - ela o encarou firme. - Eu tenho certeza que está mentindo! E não me importo se todos os outros morrerem, eu só estou indo até eles, para salvar a minha metade, e principalmente, para vê-lo morto de uma vez por todas. Eu não tenho estômago para suportar você! Não tenho a compreensão de Petrus, o remorso de Maya, o amor de Lucas ou a bondade de Alaric! Eu fui criada para ser cética! Fui criada para ser uma guerreira, uma fortaleza. Você viu a força e o poder em mim, e com isso você mesmo me tornou diferente. Aos poucos Isaac, você tomou a minha personalidade de acordo com suas necessidades.

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