Capítulo 33 - Fortaleza

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A casa de Harry Foster transbordava de pessoas aquela noite. Era sempre assim quando janeiro chegava. Luc achava que poderia comemorar por todo o mês seu aniversário, afinal seus pais não davam a mínima de sequer ficar na cidade.

O rap alto fazia a casa ecoar e abafava os gritos das pessoas na sala. Só ele não estava lá naquele instante, porque ele gostava de fazer isso. Sentia que precisava parar o mundo da sua forma as vezes. Em festas isso sempre acontecia, principalmente quando ele ainda não havia perdido a consciência pela bebida. Estava na sacada do quarto de seus pais, sentindo o vento gelado contra seu rosto enquanto segurava uma garrafa gelada de vodka. Olhava para a noite em seu lapso no tempo.

Naquele instante sabia que não estava sozinho. Podia sentir o cheiro dela.

- Rebecca com certeza a ensinou a não xeretar. - ele disse em voz alta.

Alexis saltou na porta se perguntando como ele a havia visto ali. A verdade é que se preocupou quando o viu subir as escadas. Luc não estava indo para nenhum lugar melhor desde que as férias da escola começaram, e isso a irritava na mesma medida que a preocupava. Não gostava de vê-lo cada vez mais perdido, mas não sabia o que fazer.

Alexis não respondeu, segurou a maçaneta e se preparou para fechar a porta.

- Não! - Luc gritou. - Desculpa! Vem cá Lexi.

- Por que você não desce? É sua festa. - ela entrou no quarto receosa.

- Antes que você pergunte: está tudo bem! - Luc levou a garrafa a boca e deu um gole generoso.

- Você estava dançando e se divertindo lá embaixo...

- Eu ainda estou me divertindo. - ele falou como se acreditasse naquilo, com um sorriso torto nos lábios. Alexis se apoiou ao lado dele na sacada.

- Se estivesse no seu quarto eu saberia que sim. - houve um silêncio entre eles. - As vezes eu odeio os seus pais. - Alexis murmurou timidamente. - As coisas que eles faze...

- Você gosta de mim? - ele a interrompeu e se virou para ela.

Alexis sentiu um incômodo em seu estômago, como se houvesse algo que Luc pudesse ver, algo que ela não podia permitir mostrar. Odiava aquela sensação, mas sentia ela constantemente. Ela gostaria de se importar menos com ele. Menos ainda do que permitia transparecer para qualquer pessoa. E algo nos olhos de Luc sempre transparecia uma vitória sobre seus sentimentos. Como se cada "não" se tornasse um "sim " para ele.

Nessa noite a pergunta tinha um tom diferente. Luc estava sendo sincero, estava pensando sobre aquilo.

- É claro! - ela respondeu querendo ser impessoal. Se sentia quebrando regras já estando ali. Aquilo era realmente adequado? Ela sentia que não. Algo não tornava aquela uma simples conversa, e não era somente porque sabia que Luc sentia algo por ela.

- Se você puder dar uma daquelas respostas profundas sabe... - ele riu esticando o braço. - Tipo, profundas mesmo... Agora é a hora! Não me vem com essa merda de resposta mecânica.

- Pode pelo menos não ser rude comigo?

- "Pode pelo menos não ser rude comigo" - Luc a imitou e riu. Sabia que se a irritasse a levaria mais perto de dizer a verdade. - Sério Alexis, corta o papo furado.

- Eu acho você irritante, e as vezes detestável! - ela disse irritada. - Mas eu sei que faz essas coisas e que age desse seu jeito porque é o que tem pra se defender. E se quer saber Luc, tá cheio de gente querendo o seu bem aqui. O Steve...

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