Capítulo 54 - Alcônva XVII

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O centro da cidade há pouco ficara para trás, agora Thomas caminhava um bairro nobre e bem localizado onde os Smith moravam. Estava nervoso quando se aproximou da casa confortável de segundo andar. Ele abriu o portão sentindo o ranger do aço embrulhar seu estômago, torcendo para que Danna aparecesse correndo na varanda para recebê-lo, mas seu desejo de longe foi atendido. Joshua abriu a porta da casa com um sorriso largo à sua espera.

O sábado na casa dos Smith desarmara Thomas por completo. Descobrira que o Sr. Smith era um comerciante que muito viajava, mas de total e completa afeição pela família ao estar em casa, e que Sra. Smith era amorosa e preocupada, e se dedicava a cuidar do filho, da casa e de Danna com verdadeira satisfação em seu rosto. Não era difícil imaginar o motivo do largo sorriso de Joshua naquela vida, sendo paparicado pela mãe, envolto de conforto enquanto andava em seu nobre chão de madeira escura. Os Smith faziam bem a Danna, eram amados por toda a vizinhança e a cada dia que passava, mais queridos pelas pessoas do conselho. Thomas se rendeu inevitavelmente, aceitando o farto prato da variada comida da Sra. Smith, a conversa sobre terras distantes e tropicais do Sr. Smith e a atenção amiga de Joshua, que a todo tempo deixava claro que o queria ali.

Não demorou muito para os sábados se multiplicarem. A ausência do Sr. Smith por causa de suas viagens, tornava a presença de Thomas ainda mais requisitada pela família. No início ele ainda tentava esconder que estava se afeiçoando à eles, deixou-se por muito tempo enganar de que ia até lá por Danna, mas sabia que estava indo por ele mesmo. A realidade na casa de seu primo, Jonas, mudara depois que o conselho começou a funcionar de fato, os líderes permaneciam por muito mais tempo do que jamais puderam desejar. Thomas e Arthur se tornaram os homens de sua casa por causa da ausência do primo. Ajudavam no plantio e na colheita, mas a caça se tornou também sua responsabilidade. Arthur auxiliava ainda, as famílias de seu clã na Floresta Baixa, antiga função que Jonas cumpria com simplicidade e prazer. O tempo foi tomado de suas vidas pela responsabilidade que tinham agora, e para Thomas aos seus dezessete anos, a vida se acinzentou ainda mais, menos aos sábados, quando os Smiths eram sua distração e seu refúgio.

- Você é forte demais para ter dezessete anos - disse a Sra. Smith enquanto tirava os pratos da mesa.

- Ele trabalha mais do que deveria! - disse Danna observando as mãos calejadas de Thomas, com uma insatisfação em seu rosto.

- Você sabe que é preciso, Danna. - Thomas respondeu sem graça, fechando as mãos e as colocando no colo.

- Eu imagino que esteja difícil agora sem o Jonas em casa. - Sra. Smith sorriu enquanto disse em um tom compreensivo: - Quantos filhos ele tem?

- Quatro, Sra.

- Quatro! - Sra. Smith se surpreendeu e começou a lavar os pratos. Danna levantou-se para ajudá-la. - E a mãe deles? Nunca a vi no conselho.

- Aimee não é bruxa, Sra., e constantemente está doente. Tem dores por todo o corpo, mas não sabemos de fato o que ela tem, nem o que fazer para que melhore.

- Pobre Jonas! - Sra. Smith suspirou e secou as mãos em seu avental. - Você é um rapaz muito bom Thomas, muito nobre sua atitude de ajudá-los.

- Eles são minha família, é apenas o meu dever, e bom, Arthur me ajuda em tudo que faço, inclusive ele tem sido de muita ajuda para toda nossa vila, agora que Jonas fica sempre aqui na cidade.

- Ele os criou muito bem! São meninos muito bons vocês. - Sra. Smith sorriu para ele. - Danna, quando acabar de lavar os pratos pode ir brincar. Você tome conta dela, ouviu? - ela observou Joshua assentir. - Não fiquem até tarde pelas ruas.

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