A Linhagem Winlook 3

Capítulo 76 - A Floresta

O Conselho se encolheu, prontos para um ataque vindo de qualquer direção, formando um círculo. Suas mão estavam apontadas para atacar o que é que estivesse os cercando na escuridão.

Uma voz fria e rouca soou ao seu redor, sem denunciar uma direção certa, dissipada, carregada pelo ar.

- "Existe um velho poço onde desejos se realizam. Se seu balde for grande o suficiente, no verão não terás sede. Um garotinho, uma garotinha com um balde na mão. Quem não quer buscar água de montão? O poço estava cheio, tão cheio que transbordou. Será, será então que a garota se assustou? O garoto com a água se esbaldou. Por ali, outro garotinho passou. E no final do dia, com água a vila se fartou. Algo na água se alastrou e a cada um levou. Na noite daquele dia, uma criança se afogou. E a bruxa veio e buscou a quem ao poço se entregou. Será que foi o garoto que a morte desejou? Será que foi a garota que o empurrou? Vamos contar e contar, quem por aqui passou. E a floresta vai levar aquele que tudo desejou"

Uma sombra surgiu na margem da caverna, caminhando em direção à eles.

- O que fazemos agora? - Amanda sussurrou.

- Nada! - disse Luc encarando o movimento da sombra se aproximar, tendo certeza que era Aidan que estava ali.

Luc não estava enganado quando a bruma luminosa que ainda pendia sobre suas cabeças, revelou Aidan, nas margens da luz, a contornando, os observando. Tudo nele o tornava disformico, diferente de todas as imagens que qualquer um ali pudesse ter de quem Aidan Winlook um dia fora. Não era o jovem loiro que salvou o Conselho na noite do massacre, não era o belo adulto das pinturas dos Winlook e tão pouco era o corpo jazendo com expressão pacífica no fundo da cripta de concreto.

Ele parou de frente a Alexis, agachou-se a observando.

- Alexis Winlook! - murmurou ele. - Você me acordou...

- Não fale com ele! - pediu Luc em um sussurro.

- Não, não Luc, vocês não precisam falar nada! - Aidan ficou de pé. - Eu só estou aqui para mostrar a verdade, para mostrar os verdadeiros instintos que habitam em cada um de vocês. A hipocrisia que a luz tenta reprimir, tenta justificar dizendo que possui uma pequena parte do mal em si. Esse mal está presente de fato, é o que nos torna iguais, nos separando apenas por uma questão de conveniência. Eu irei trazer esse lado a tona hoje, e vocês verão porque os queremos aqui conosco.

Aidan os encarou em silêncio. Por mais que o que ele dissera tivesse os assustado, nenhum deles nada disse.

- Ok, começaremos com você, - ele apontou para o grupo. - Alexis! - e com a mão esquerda emitiu um impulso que a separou do resto do grupo. Luc tentou atacá-lo, mas Aidan os envolveu em um campo de força que os conteve antes que qualquer um dos outros pudesse reagir. Alexis o encarou feroz, pronta para lutar se fosse preciso. - Nós não vamos brigar Alexis! - Aidan disse seriamente. - Abaixe suas mãos! Luc também não pode brigar, afinal, a força dos outros dependem dele, não é verdade?

- Ele é um bruxo de Alcônva, o poder não ira esgotar... - disse Alexis.

- E quem te garante isso? - Aidan a cortou. - Você arriscaria colocar o seu clã em perigo, Luc? - olhou para Luc. - Só existem vocês dois agora, aqui com eles. Você tem certeza que é como nós somos? Vamos lá Luc, coloque minha barreira abaixo, você pode facilmente fazer isso, se de fato for como eu e Alexis. - Luc não reagiu, apenas continuou o observando, se algo estivesse prestes a acontecer com Alexis, ele não se importaria em quebrar a barreira, independente do risco, mas algo dentro de si dizia que o pior estaria por vir quando Joane aparecesse, e não naquele momento. Era ela que mandava ali. - Com você aqui, Alexis, com o tipo de poder que carrega, nós teremos tudo...