Capítulo 63 - A Floresta

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- Nós temos de continuamos andando, vamos! - Thomas os alertou. - Eu não gosto de como o tempo tem se comportado aqui, a noite de hoje parece muito mais longa. - Luc o acompanhava, o ajudando a seguir pelo caminho íngreme.

- Nós nem chegamos no lago ainda, então não podemos estar tão próximos quanto deveríamos. - disse Scarlett.

- Eu tinha esquecido dessa porcaria de lago! - Luc suspirou pesadamente.

- Você acha que o Ben irá sobreviver? - perguntou Lisa a Alexis, o mais baixo que conseguiu para que os outros não a ouvissem.

- Eu acho que ele nunca mais irá sair daqui Lisa. - disse Alexis com pesar. - Nem se voltarmos para ajudá-lo.

- Acha que eles estão bem com isso? - Lisa olhou ligeiramente para os membros da Liga. - Eu quero dizer, eles ainda não parecem ter assimilado o que realmente aconteceu.

- Como se assimila uma coisa dessas? Parece irreal até para mim ainda.

- Eu espero que ele tenha sido o único, sabe, que elas conseguiram possuir. - suspirou Lisa prendendo os cabelos. - Não consigo suportar a ideia de algo assim acontecer com algum de nós.

- Eu também não...

***

De certa forma Thomas estava certo sobre o tempo, pois já deveria ser dia quando eles sentiram o cheiro forte que o lago dos mortos liberava, mas a noite ainda estava ali presente, densa.

- Vamos parar por um tempo. - disse Luc ao perceber que Thomas e Danna estavam esgotados fisicamente. - Acho que é a última chance de respirarmos um ar parcialmente limpo.

- Essa porcaria de lago fede como o inferno! - resmungou Liam jogando a mochila no chão e logo depois deitando-se com a cabeça sobre ela.

Scarlett fazia mais uma de suas fogueiras.

Petrus sentou-se encostado em uma árvore, com Maya entre suas pernas. A envolveu e juntos encararam a fogueira.

- Você não pensou nem por um segundo que veríamos ele? - Maya murmurou com os lábios muito próximos dos braços de Petrus.

- Letto? - ela assentiu. - Eu acho que eles sabem que a angústia de esperar por qualquer pedaço dele, é muito pior do que realmente vê-lo.

- Eu tenho bastante certeza de que eles perturbaram cada um aqui com memórias do passado, - disse Maya intrigada. - então porque conosco seria diferente?

- Eu acho que você deveria estar feliz por não conseguirmos vê-lo aqui, Maya. - Petrus suspirou e encostou a cabeça contra a árvore. - Nosso menino é uma alma de luz, pura, vibrante... Eu não gostaria de vê-lo em nenhuma alucinação que envolva esse lugar.

- Eu só imaginei que tudo aqui seria diferente... Achei que seria muito pior.

- Eu venho observando com atenção cada centímetro dessa floresta, eu não acho que o que nos espera aqui seja tão grande e vasto como costumava ser, mas eu tenho certeza que é algo negro em uma proporção assustadora.

- Você não teme que esse seja o nosso fim? - Petrus sentiu uma lágrima de Maya escorrer em sua mão. A puxou para si e a abraçou com mais força.

- Nós tivemos uma longa vida, cheia de altos e baixos, mas extremamente incrível, não acha? Se formos embora hoje, ou amanhã, estaremos juntos. E já faz muito tempo que espero encontrar o nosso menino outra vez. Estou em paz! - ele beijou a cabeça da esposa. - Não tenha medo meu amor, nós já tivemos o suficiente desse sentimento por toda uma eternidade.

- Eu só te peço para não desistir se houver a possibilidade de passarmos por isso.

- Fique em paz com esse sentimento Maya, eu vou aonde você for. - Petrus sorriu e a apertou mais uma vez.

O grupo permaneceu ali por uma hora. Os mais velhos chegavam aos seus limites físicos, precisando de poções e remédios para que o cansaço nãos os vencessem. Os Winlook os ajudaram, canalizando poder para eles.

A noite ainda era assustadora, uma presença ainda parecia estar os seguindo, e o clima não parecia que iria melhorar.

- Acho melhor irmos. - Noa disse a Luc. Ele a fitou com atenção, sabendo que ela estava muito próxima de romper-se. O estresse, a tristeza, a preocupação e o medo, estavam a consumindo muito mais do que a todos ali. Seu clã era o único que tinha perdido uma pessoa, eram os mais lentos e mais frágeis, e isso começava a pesar em sua consciência, pois ela os permitiu ir até ali.

- Vamos! - Luc se levantou e ajudou Alexis a fazer o mesmo. Os dois caminharam até Danna e Thomas e os ajudaram. - Espero que amanheça logo...

- Não conte com isso! - respondeu Thomas observando o céu. - Eles podem não saber que temos informações, mas sabem que estamos a cada segundo mais perto. Vão usar tudo o que puderem para nos atrasar...

- Eu tenho bastante certeza que, vocês irão querer saber o que ele anda escondendo! - Scarlett disse alto o suficiente para o grupo inteiro virar-se para ela. Callun estava preso por uma de suas mãos, tentando se esquivar, enquanto na outra mão, ela segurava a mochila aberta dele.

- Solta ele agora! - gritou Alexis.

- Sobre o que você está falando? - perguntou Luc se aproximando, ele desconfiava antes que Callun tivesse algum segredo em sua distração, e naquele momento, tinha certeza que havia algo acontecendo, muito além do alcance da sua percepção de lider. - Callun?

- Eu juro que eu só estou tentando fazer a coisa certa! - disse Callun em tom de desespero. - Eu juro Luc!

- Ele vem brincando com magia negra! - Scarlett jogou a mochila dele no chão, os itens que estavam nela se espalharam pelo chão da floresta. Luc e Alexis sem dúvida souberam imediatamente sobre o que Scarlett falava. O diário de John estava ali, ainda com ele, sendo carregado por todos aqueles meses.

Alexis ficou furiosa consigo mesma por não ter pedido por ele quando voltou a Milesville, mas a verdade é que sequer lembrava da existência do objeto. Esqueceu-se que havia pedido a Callun que o escondesse, muitos meses atrás.

- Me desculpa! - pediu Callun desesperado. Scarlett o soltou no chão.

- Você sempre soube que isso é um objeto de magia negra! - Luc gritou. - Por que fez isso Callun? Por que achou que isso te traria qualquer coisa boa? Nós confiamos em você todo esse tempo! Eu achei que você estava sobrecarregado com tudo, ou que simplesmente fosse desligado demais, mas na verdade você estava usando essa porcaria, não estava?

- Me desculpa Luc! - os olhos de Callun marejaram. - Eu só queria poder nos proteger melhor, eu pensei que... Me desculpa! - ele olhou para Thomas e Danna.

- Pra mim chega! - disse Tim levantando-se repentinamente do chão, e em um movimento tão veloz quanto, sacou uma arma de sua cintura e a apontou para Callun. 

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