6. O Manipulador do Vento (Parte I)

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A algazarra era geral na sala A-101.

Alunos sentavam sobre as bancadas com seus pés sobre as cadeiras enquanto conversavam em pequenos grupos, suas vozes não economizavam volume, as piadas e risadas eram entoadas para que os presentes pudessem ouvir a cacofonia da desordem.

Acompanhando o caos auditivo, o caos visual também estava presente, pois a ausência de um uniforme padrão fez a sala mergulhar em todas as cores imagináveis. Entretanto, Ronan vestia uma camiseta marrom de lã abotoada, simples o bastante para não chamar atenção desnecessária, mas quando ele correu os olhos para as garotas da sala, parecia testemunhar um arco-íris ébrio dançando no clima chuvoso e ensolarado do meio dia.

Em sua maioria elas vieram de vestido para o segundo dia letivo, exceto a chamativa Leonhart, que vestia uma camisa branca de manga longa por baixo de um colete amarelado, contrastando com o vestido verde jade da amiga, cujo cabelo castanho ia até os ombros. O trio se completava com outra beldade, assim como a anterior ela ostentava um vestido, mas o seu era azul-marinho, destacando o negro em seu olhar e o preto piche do longo cabelo sedoso, tão bem cuidado quanto da Leonhart. 

A confiança exalada por aqueles três olhares afiados oprimiram o pobre Ronan, que se limitou a espiá-las de canto de olho ao conversar com o novo amigo.

— Você deveria parar de babar um pouco, vai pegar mal — Dario zombou ao sentar na própria bancada, como Ronan fizera minutos atrás.

— Não estou babando, mas apreciando. — Sentiu o rosto esquentar.

— Qual é a aula de hoje?

— Tá brincando, né?

— Não, é sério mesmo, eu juro que não sei — Dario respondeu de olhos bem abertos.

Metade das vozes que conversavam, foram silenciadas.

Três batidas ressoaram através da madeira da porta, chamando a atenção dos presentes para quem adentrasse por ela.

— Bom dia pessoal... são vocês que terão História Geral neste período? — perguntou uma mulher nos seus 30 anos.

— Sim, somos nós mesmos — respondeu a garota do vestido verde jade, bem humorada e com um belo sorriso nos lábios.

— Excelente. — Ela entusiasmou-se e entrou na sala carregando uma pequena pilha de livros no colo.

O silêncio perdurou até a recém-chegada terminar de organizar a bagunça deixada por Felix Fitz na mesa reservada aos professores. Ela sentou-se na cadeira, apoiou os cotovelos na superfície agora limpa e percorreu com seus olhos verdes cada rosto que a encarava.

— Prazer em conhecê-los. Meu nome é Catarina Grivaldo, tenho 31 anos, recentemente fui aceita na Ordem dos Magos como Sábia. Minha paixão é História, e ela será nosso objeto de estudos durante o semestre. Além das aulas eu agora me ocupo com as pesquisas para minha futura obra: A Enciclopédia da História de Antares, uma compilação dos maiores eventos históricos catalogados em diversos volumes. — Uma piscadela despretensiosa. — Espero que cada um de vocês comprem todos os volumes assim que eu publicá-los.

Vinda de uma das bancadas da coluna esquerda, um comentário chamou atenção.

— Ela é muito linda para ser tudo isso — sussurrou alto demais a garota do vestido azul marinho, sentada ao lado direito da Leonhart.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora