22. Manada de Cães (Parte I)

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Dario foi liberado do hospital após dois meses de internação. Ao regressar à universidade, foi graças aos esforços de Ronan que ele pôde acompanhar as aulas teóricas sem perder-se nas explicações, pois regularmente o amigo vinha ao hospital lhe entregar o material passado em aula, além de explicar com didática as partes mais complicadas.

Para seu alívio, sua manipulação avançada fez com que tantas ausências nas aulas práticas não comprometessem seu desempenho. Apesar das primeiras provas perdidas, a coordenação permitiu que os professores aplicassem um teste equivalente e, graças a Ronan, Dario tirou notas mais que satisfatórias.

Na segunda-feira, dia 8 de abril, a turma de calouros da sala A-101 havia terminado a leitura do Estatuto da Manipulação: dentro da universidade e seus arredores. Felix Fitz, muito esperançoso, torcia para que a turma tirasse algum proveito daquelas aulas, ainda mais após tantos incidentes envolvendo as Artes Arcanas.

Com a segunda-feira livre, o professor decidiu adiantar alguns assuntos. Para hoje, Felix os introduziria no estudo das runas, que por sinal, seria uma matéria importante do próximo semestre, mas como era um tema um tanto complexo, uma aula introdutória poderia lhes ser de grande valia. Ainda mais quando lembrava quem iria lecionar a disciplina futuramente. Felix ajeitou suas vestes sem graça antes de dizer:

— Antes do inicio da aula introdutória sobre runas, eu gostaria de lançar um desafio para vocês: alguém saberia me dizer o porquê das runas serem tão peculiares no mundo da manipulação arcana?

Todos puseram a cabeça para funcionar. Aquela era uma pergunta um tanto básica da disciplina, mas ninguém tivera o interesse de pesquisar sobre o assunto até o presente momento.

Ronan virou-se para Dário.

— Você sabe? — perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

— Cara! Eu até tenho um palpite, mas prefiro nem falar.

— Porque não? — estarreceu incrédulo por ele perder aquela "oportunidade de ouro".

— Pra levar um esporro do morto-vivo? — Era assim que a turma passou a chamar o professor Felix. — Nem ferrando, prefiro ficar na minha.

Dario virou-se para a direita e encarou sua querida colega.

— Pelo menos a loirinha também não parece saber — disse sorrindo em satisfação.

Ocupando a bancada com um lugar vago, Nathalia e Karen ignoravam a pergunta lançada pelo professor para discutirem um assunto que julgavam muito mais importante.

— Ainda não sei por que a Anna não vem sentar com a gente. Ela insiste em ficar com suas novas amigas.

— Karen, eu sei, isso também me incomoda, mas não podemos forçar ela a agir como antes. Não depois de tudo que eu fiz. Pelo menos ela ainda conversa com a gente.

— Ela nem veio hoje, o que será que aconteceu?

Quando ia responder a pergunta da amiga, alguém levantou o braço para responder a irrelevante pergunta feita pelo apelidado professor morto vivo.

— A peculiaridade das runas é que canalizamos nela nossa própria energia e o padrão nela escrita faz a sincronização ou conversão automaticamente — Dario respondeu, persuadido a se manifestar pela insistência do amigo.

— Esse é o conceito das runas em si. A pergunta é: qual é a peculiaridade delas? Mesmo assim, obrigado por tentar.

— Mas que droga Ronan! — Dario esbravejou furioso, chamando a atenção da turma toda para si sem perceber. — Eu te falei que não queria responder a pergunta do morto-vivo. — Essa última parte saiu um pouco mais alto do que pretendia.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora